dezembro 21, 2011

AS BOLANDAS DO PERU

O peru que correu a cidade metido dentro de um cesto

Há bem perto de três meses que o senhor Firmino mantinha, na capoeira do seu quintal, um bonito peru, alimentado a preceito com sopinhas de pão, migas de couves e milho do melhor.
Uns dias antes do Natal, o Senhor Firmino agarrou o peru pelas asas, a calcular-lhe o peso, e disse para a mulher:
- Está em boa conta.
A mulher do Senhor Firmino fez que sim com a cabeça, limpou as mãos ao avental e foi à cozinha. Ao ver estes preparos, o peru sentiu-se muito levezinho e pensou: "Agora é que é... Ela vem com a faca e ..." Afinal, em vez da faca, a mulher do Senhor Firmino trouxe da cozinha uma fita vermelha que atou às pernas do peru, em jeito de laçarote.
- O nosso compadre Augusto vai gostar - disse o Senhor Firmino.
A mulher do Senhor Firmino fez que sim com a cabeça e meteu o peru dentro dum cesto.

****
- Ó mana, venha ver o presente que o compadre Firmino me mandou. Bonito peru!
A mana do Senhor Augusto veio da cozinha com uma faca na mão...
"Ai! Ai! Ai! Desta é que eu não escapo", pensou o peru, muito encolhido dentro do cesto.
- Espere lá mana! - exclamou o Senhor Augusto. - Este peru tão bonito estava mesmo a calhar para o Doutor Hipólito. Ele tem sido tão atencioso, tão simpático...
- Que acha, mana?
A mana do Senhor Augusto achou bem.
****
- Senhor doutor, para onde quer que leve o peru? - perguntou a empregada do Doutor Hipólito em pessoa.
- Leve-o para a cozinha...
"É desta. Desta vez é que é...", pensou o peru todo a tremer e a encher-se de suores frios.
Mas o Doutor Hipólito mudou de ideias:
- Nós já temos um peru para a ceia, um outro peru para o dia de Natal, ainda outro para o dia de Ano Novo. Este peru está a mais. Pensando bem, talvez seja mais sensato oferecê-lo ao senhor Inspetor.
****
- Mais um peru! - disse, muito arreliado, o senhor inspetor. - Se os vou matar a todos, fico enjoado de peru para toda a vida.
O peru, dentro do cesto, com as patas atadas pelo laçarote vermelho, nem se mexia de tão atrapalhado que estava.
- Como é que me hei-de livrar deste peru? - dizia o senhor Inspetor. - Já sei. Mandem-no ao senhor Capitão, com os meus cumprimentos.

****
Pobre peru. Em cada nova casa em que entrava era um desmaio. Sacudido de um lado para o outro, em bolandas de aqui para ali, o infeliz conheceu quase todas as casas dos senhores importantes daquela cidadezinha de província.

"Agora é que é!", não era.
"Desta não escapo!", escapava.
"Ai que eu morro!", não morria.

Da casa do senhor Capitão, passou à do senhor Major. O senhor Major ofereceu-o ao senhor Tenente-Coronel. O senhor Tenente-Coronel ofereceu-o ao senhor Brigadeiro. O senhor Brigadeiro não o ofereceu ao senhor General, porque lhe tinham dito que o senhor General só podia comer pescada cozida. Em compensação, ofereceu-o ao senhor Arcebispo, com os respeitosos cumprimentos e desejos de boas festas.
Se o peru desse acordo de si, talvez pensasse que, por aquele andar, ainda viria a conhecer o Papa. Mas o pobre peru, mirrado e doente com tantas emoções, já nem tinha forças para pensar o que quer que fosse.
Na capoeira do jardim do senhor Arcebispo, havia vinte e três perus, onze gansos, quinze patos e outros bicos de menor importância.
- Vou dar um bodo aos pobres. No dia de Natal não quero uma única ave na minha capoeira - ordenou o piedoso Arcebispo.
E nem houve tempo para desatar as pernas ao desgraçado peru. Cumprindo as ordens do senhor Arcebispo, os criados começaram imediatamente a fazer a distribuição das galinhas, galos, patos, gansos e perus pelos pobres mais necessitados da diocese. O peru do laçarote coube ao Jacinto, o Jacinto carpinteiro.
Juntou-se a família toda para ver o peru.
- Como o senhor Arcebispo é bondoso - dizia a mulher do Jacinto.
- Que bonito peru - dizia o sogro do Jacinto.
- Um laçalote encanado! - dizia o filho mais novo do Jacinto, um trapalhão a falar.
"Desta não me salvo!", pensava, todo chupadinho de medo, o peru.
- É pena que já tenha deitado o bacalhau de molho para a ceia - monologava o Jacinto. - Talvez não fosse mal feito mandar o peru de presente ao meu patrão...Ele ficava satisfeito e como eu lhe devo uns certos favores...

****
- Olha bem para este peru que o pequeno do Jacinto me trouxe. Não parece mesmo o nosso peru? - perguntou o Senhor Firmino à mulher.
A mulher do Senhor Firmino fez que sim com a cabeça.
- Ainda vem com o laçarote e tudo! Que voltas teria ele dado até voltar cá para casa?
O Senhor Firmino nunca se espantara tanto.
- E como ele está magro, coitado! Até parece que mirrou pelo caminho!
Com tantos sustos, o peru ficara só em penas, pele e ossos. Nem uma febrazinha de carne que prestasse.
- Volta para a capoeira - decidiu o Senhor Firmino. - Ele que engorde, porque no próximo Natal vamos dá-lo...
- Ao compadre Augusto, nunca mais! - interrompeu a mulher.
- Claro que não. Vamos dá-lo... ao Doutor Hipólito. Aposto contigo em como e endemoninhado do peru vem cá parar outra vez. Tinha a sua graça!

**** 
Pois claro que tinha a sua graça. Eu é que não estou para contar outra vez a mesma história. E o peru  goze muitos anos regalados de boa vida!...
                                                                                        António Torrado, in Dezembro à porta


Este peru teve sorte.
Mas há quem não tenha.

E amanhã prometemos uma receita deliciosa de peru para a sua Ceia de Natal.

NÃO PERCA!

dezembro 20, 2011

PEQUENOS LEITORES NA BIBLIOTECA


Uma das atividades desenvolvidas pela Biblioteca Municipal designa-se CONTAMOS ... CONTIGO [Hora do Conto] e tem como objetivos gerais a promoção e incentivo à leitura, a divulgação de livros, autores e ilustradores e a aproximação da Biblioteca Municipal ao público mais pequeno, potenciais futuros leitores, identificando-os com o espaço e familiarizando-os com a sua organização e modo de funcionamento.


Daí esta atividade ter sempre duas componentes básicas: uma visita guiada pelos diferentes espaços funcionais, acompanhada de uma breve explicação sobre a sua organização e funcionamento, e uma sessão de leitura em grupo com posterior contato individual com os livros. Esta atividade é programada e realizada pelos Técnicos especializados da Biblioteca Municipal, adaptada aos níveis etários dos destinatários, que são as crianças do ensino pré-escolar e do 1º ciclo do ensino básico. 


Assim, no âmbito desta atividade temos recebido ao longo mês de dezembro a visita de várias escolas, num total de mais de 200 crianças, na sua maior parte oriundas de instituições de ensino pré-escolar do concelho. Para algumas desta crianças já é prescindível a visita guiada, dado que já estão perfeitamente identificadas com o espaço, por ser frequente a sua deslocação à Biblioteca Municipal, acompanhadas pelas professoras ou familiares.  



E porque é NATAL, a nossa Margarida vestiu-se a rigor e, tal como ela está a indicar na foto ao lado, procedeu à leitura do livro escolhido para o mês de dezembro     

Um beijo para o Pai Natal, com texto de Elisabeth Coudol, ilustrado por Nancy Pierret e editado pela Nova Gaia. Veja o resumo na página LEITORES+NOVOS.



Para todos as crianças, professoras e educadoras,
votos de FELIZ NATAL.

Desejos de BOAS FESTAS da nossa Margarida Natal.




                                                   

dezembro 19, 2011

JÁ FEZ A SUA ÁRVORE DE NATAL?



Sou um pinheiro vulgar

"Sou um pinheiro vulgar. Ora estava eu dormindo em pé, muito regalado  da vida, lá na minha terra, quando me foram acordar.
Olharam para mim e exclamaram:
- Este é bom! É mesmo bom!
Fiquei vaidosíssimo. Estavam a dizer que eu era bom.
Que era bom, já eu o sabia de cor e salteado, mas que o afirmassem assim tão alto e bom som era coisa de causar admiração.
Vai daí, começaram a bater-me com um machado pequeno e teimoso que se fartava! Cada golpe que ele me dava, arrancava-me um pedacinho de força. 
Ilustração de Norman Rockwell

"Não há-de ser nada" - pensei eu, tentando agarrar-me mais e mais à terra que sentia fugir-me debaixo das raízes. Quando percebi que flutuava no ar, soube que não ia viver por mais tempo naquele sítio. E não me enganava.
Trouxeram-me para aqui e enfeitaram-me com mil e um presentes: bolas brilhantes, fitas de cores, levíssimos bonecos que baloiçam nas minhas agulhas verdes de pinheiro vulgar.
Iluminaram-me e todos olham para mim com um estranho ar de festa, de alegria.
Onde vim parar? Por que me admiram assim tanto?
Onde está o mistério?
Serei eu, afinal de contas, não um pinheiro vulgar, mas um pinheiro diferente dos meus irmãos e amigos que ficaram lá longe, dormindo em pé, sossegadinhos no pinhal onde eu nasci?"

         Maria Alberta Menéres, in O livro de Natal

 
Quem não tem uma árvore de natal nada vulgar é...

O elefante que decorou a sua amiga girafa e assim pode passear com ela para todo o lado.

Mas...

O Simon tem uma árvore de natal igual à que temos em nossas casas, mas...
Também tem um gato!...


Tenha um Feliz Natal

dezembro 16, 2011

MONTRA de LIVROS

Aproxima-se mais um fim de semana, que para alguns significa o início de um curto período de férias. Como tal, hoje não vamos deixar apenas uma sugestão de leitura, mas sim várias sugestões, algumas delas disponíveis para empréstimo na Biblioteca Municipal.

Deixamo-vos uma apresentação que nos foi gentilmente enviada, através de e-mail, por um dos nossos seguidores diários, a quem endereçamos os nossos sinceros agradecimentos.

Esta apresentação contém referências a livros, a autores, imagens e frases marcantes, esperando que sejam fonte de inspiração para boas leituras. 


Não deixe de ver a apresentação até ao final.

Ora veja:


Tenha um bom fim de semana e umas boas férias, se for o caso,
com boas leituras. E, não se esqueça, venha à 

BIBLIOTECA MUNICIPAL

dezembro 15, 2011

O BOLO QUE ERA REI... E O GATO...

O bolo-rei

" O bolo-rei tomava-se muito a sério. Não havia discussão: ele era o rei dos bolos.
Como tal, quando lhe caiu uma passa da coroa, ordenou ao bolo inglês:
- Traz-me essas passas de volta.
O bolo-inglês fez-se desentendido e respondeu:
- Sorry! I don't understand...
O que queria dizer, na língua dele, que pedia desculpa, mas não tinha entendido.
Então, o bolo-rei virou-se para um bolo de natas e deu a mesma ordem. Queria, outra vez, a passa a ornamentar-lhe a coroa.
O bolo de natas tinha uma fala atrapalhada, por causa do excesso de natas.
- Flá, plefe, pflu, pfló...
Não se percebia nada.
O bolo-rei, muito irritado, ordenou ao bolo de amêndoa, que lhe respondeu:
- Também a mim me caiu uma amêndoa torrada e não me queixo.
O bolo-rei, cada vez mais exasperado, deu a mesma ordem a um pudim de gelatina, mas o pudim de gelatina era muito frágil, muito nervoso e só tremeu, tremeu, incapaz de dizer ou fazer o que quer que fosse.
 - São uns rebeldes estes meus súbditos - concluiu, numa grande exaltação, o bolo-rei.
- Condeno-os a que sejam todos cortados às fatias.
E assim aconteceu. Mas nem o bolo-rei escapou".

                                 António Torrado in Dezembro à porta, Edições Asa

E Natal sem doces não é Natal.
E para que o bolo-rei não falte na sua Ceia de Natal,
deixamos-lhe aqui uma receita, tirada de um dos
 inúmeros livros de receitas  de que dispomos para empréstimo domiciliário.

A receita do bolo-rei

E os ingredientes são:
  • 730 g. de fermento para pão
  • 12 colheres de sopa de leite
  • 750 g. de farinha de trigo
  • 200 g. de manteiga
  • 200 g. de açúcar branco
  • 1 cálice de vinho do Porto
  • 40 g. de passas
  • 40 g. de nozes
  • 30 g. de pinhões
  • 200 g. de frutos cristalizados
  • manteiga para untar os tabuleiros
  • cubos de açúcar
  • 2 gemas
  • frutos cristalizados e metades de noz para decorar
  • geleia de maçã para pincelar

 E para que o bolo-rei fique tal e qual, a preparação é assim:

Misture o fermento, o leite e um pouco de farinha. Deixe levedar durante duas horas. Deite a farinha num alguidar e junte o preparado de fermento, a manteiga amolecida, o açúcar e o vinho do Porto. Amasse. Junte os frutos secos e os cristalizados em pedacinhos. Amasse. Tenda uma bola e deixe levedar em local abrigado, coberta por um pano branco. Aguarde 12 horas. Divida a massa e molde dois bolos. Coloque em tabuleiros untados e, no meio ponha uma lata forrada com papel de alumínio para evitar que a bola feche. Pincele com as gemas batidas e enfeite com cubos de açúcar, frutos cristalizados e metades de noz. Deixe levedar durante mais 2 horas. Coza em forno pré-aquecido. Ao retirar do forno, pincele com geleia de maçã.

Ficou ótimo não ficou?
Agora mãos na massa...
É só pôr a mesa, convidar a família e deliciar-se com o bolo-rei.
Mas atenção ao gato!...
Onde é que ele anda...
Alguém o viu por aqui?




Tenha um doce Natal

dezembro 14, 2011

PRÉMIO SAKHAROV 2011

O Prémio tem o nome do cientista soviético Andrei Sakharov, exilado na União Soviética pela oposição ao programa nuclear e às políticas repressivas da URSS. Fundou a Organização Memorial, que continuou a defender os direitos humanos e a promoção da democracia após a sua morte, em 1989.

Todos os anos, o Parlamento Europeu atribui o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento a indivíduos ou organizações que se destacaram na defesa dos direitos humanos e da democracia. Este ano, os vencedores são cinco representantes da Primavera árabe "pela sua luta pela liberdade, pela democracia e pelo fim dos regimes autoritários".
A cerimónia da entrega do prémio, no valor de €50.000, está agendada para hoje, dia 14 de dezembro, durante a sessão plenária de Estrasburgo.



Os vencedores Prémio Sakharov 2011 são:
  • o tunisino Mohammed Bouaziziprémio póstumo - que ao imolar-se desencadeou a revolta popular que levou à queda de Ben Ali.
  • a militante egípcia Asmaa Mahfouz que com o apelo lançado no You Tube, inspirou as concentrações na praça Tahrir que levaram à queda de Hosni Mubarak.
  • o dissidente líbio Ahmed al-Zubair Ahmed al-Senussi, de 77 anos, esteve preso 31 anos por se opor ao regime de Muammar Kadhafi.
  • a advogada síria Razan Zeitouneh,  uma das coordenadoras da revolta na Síria, está proibida de deixar o país.
  • o cartunista sírio Ali Farzat, cartunista de crítica política, que em agosto, as autoridades sírias partiram-lhe as duas mãos.

Este ano a  cerimónia de entrega do Prémio Sakharov contará com a presença de dois bloggers portugueses que venceram um concurso lançado pelo Gabinete de Informação do Parlamento Europeu em Portugal,  cujo desafio era fazer um comentário a um dos 30 textos biográficos dos laureados com este galardão desde 1988.
Os textos dos vencedores, Rafael Gonçalves e Jonathan da Costa versavam, respetivamente, a ativista de Myanmar Aung San Suu Kyi - Prémio Sakharov 1990 - e o movimento Mães da Praça de Maio - Prémio Sakharov 1992.

"Os grandes espíritos sempre tiveram que lutar conta a oposição feroz de mentes medíocres"
                                                                                             Albert Einstein


"Minha esposa e eu vivemos isolados durante sete anos. Não podíamos sequer falar com os outros. Uma única vez um amigo veio procurar-nos e tivemos a permissão de conversar com ele na rua. Foi um milagre poder falar com ele abertamente. Era um colega da universidade. Nós estávamos completamente isolados das pessoas".



Andrei Sakharov, físico russo, inventor da bomba de hidrogénio, nasceu em Moscovo a 21 de maio de 1921. Preocupado com as consequências dos seus trabalhos para o futuro da humanidade, procurou despertar a consciência do perigo da corrida ao armamento nuclear. Obtém um êxito parcial com a assinatura, em 1963,  do Tratado contra Ensaios Nucleares
Indignado com a invasão soviética do Afeganistão, apelou ao boicote dos Jogos Olímpicos de Moscovo, sendo condenado por Brezhnev, em 1980, a um exílio forçado em Gorki, onde permaneceu, com a sua mulher Helena Bonner, até finais de 1986, data em que foi autorizado a regressar a Moscovo.
Considerado na URSS como um dissidente com ideias subversivas, cria, nos anos setenta, um Comité para a defesa dos direitos do homem e para a defesa das vítimas políticas. Os seus esforços são premiados com o Prémio Nobel da Paz em 1975, mas não foi autorizado a viajar até Oslo para o receber.

Morreu a 14 de dezembro de 1989 e em sua memória a União Europeia instituiu o Prémio Sakharov para destacar pessoas que lutam defesa dos direitos humanos e liberdade de expressão.


"Que nada nos limite. Que nada nos defina. Que nada nos sujeite.
Que a liberdade seja a nossa própria substância."
                                                       Simone de Beauvoir

dezembro 13, 2011

EXPOSIÇÃO "OLHANDO O OUTRO..."

Todos somos diferentes e temos os mesmos direiros.

No âmbito do concurso "Olhando o outro...", inserido nas comemorações do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, está patente ao público,  até ao próximo dia 16 de dezembro, no átrio de entrada da Biblioteca Municipal, uma exposição dos trabalhos realizados pelos alunos do Agrupamento de Escolas Professor Alberto Nery Capucho.


O concurso Olhando o outro…" foi uma iniciativa do grupo da Educação Especial daquele Agrupamento, que  visou não só reforçar junto da comunidade escolar e dos seus agentes a consciência e importância dos benefícios que a todos nós pode trazer a Inclusão das Crianças e Jovens com Necessidades Educativas Especiais numa perspectiva de Educação para a Cidadania, mas também premiar os trabalhos que melhor representaram a mensagem subjacente à comemoração daquele dia  e que envolveu todos os estabelecimentos de educação do Agrupamento, na promoção da  sensibilização para a igualdade de oportunidades e salientar a ideia que a diferença é a normalidade.
Este concurso teve como principais objetivos:
  • incentivar a participação de toda a comunidade escolar na construção de uma escola inclusiva
  • promover uma maior tomada de consciência para os assuntos referentes à deficiência
  • promover a consciêncialização e mudanças de atitude sobre a deficiência
  • encorajar e sensibilizar os alunos para o valor da importância da inclusão.

Venha Olhar o Outro...

dezembro 12, 2011

NÃO FAÇA DA SUA VIDA UM RASCUNHO, POIS TALVEZ NÃO DÊ TEMPO DE PASSÁ-LA A LIMPO

O bonito me encanta, mas o sincero...Ah! Esse me fascina.
                                                                    Clarice Lispector

"Nasci na Ucrânia, terra de meus pais. Nasci numa aldeia chamada Tchechelnik, que não figura no mapa de tão pequena e insignificante. Quando minha mãe estava grávida de mim, meus pais já estavam se encaminhando para os Estados Unidos ou Brasil, ainda não haviam decidido: pararam em Tchechelnik para eu nascer, e prosseguiram viagem. Cheguei ao Brasil com apenas dois meses de idade".
Clarice Lispector passou a infância no Recife e em 1937 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se formou em Direito.
Estreou-se na literatura ainda muito jovem com o romance "Perto do coração selvagem" (1943), muito bem recebido pela critica, tendo recebido o Prémio Graça Aranha.

"E se me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar"

Clarice Lispector começou a colaborar com a imprensa em 1942 e, ao longo da sua vida, nunca se desvinculou totalmente do jornalismo. Trabalhou na Agência Nacional e nos jornais "A noite" e "Diário da noite". Foi colunista do "Correio da Manhã" e fez inumeras entrevistas para a revista "Manchete".
Em 1944, recém-casada com um diplomata, viajou para Nápoles, onde serviu num hospital durante os últimos meses da Segunda Guerra Mundial. Depois de uma longa estadia na Suíça e nos Estados Unidos, voltou a morar no Rio de Janeiro.


Das vantagens de ser bobo, Clarice Lispector por Aracy Balabanian

Faleceu no dia 9 de dezembro de 1977, um dia antes do seu 57º aniversário. Foi enterrada no Cemitário Israelita do Caju, no Rio de Janeiro, a 11 de dezembro. Até à manhã do seu falecimento, mesmo sob o efeito de sedativos, Clarice ditou frases para a sua amiga Olga Borelli.

Sobre Clarice, escreve a crítica francesa Hélène Cixous: "Se Kafka fosse mulher. Se Rilke fosse uma brasileira judia nascida na Ucrânia. Se Rimbaud tivesse sido mãe, se tivesse chegado aos cinquenta. (...) É nessa ambiência que Clarice Lispector escreve. Lá onde respiram as obras mais exigentes, ela avança. Lá, mais à frente, onde o filósofo perde fôlego, ela continua, mais longe ainda, mais longe do que todo o saber".

Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso.
Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.

Entre as suas obras mais importantes destacamos a coletânea de contos "A Legião Estrangeira" de 1964, "Laços de Família" de 1972 e os romances "A Paixão Segundo G.H." de 1964 e a "Hora da Estrela " de 1977.

Érico Veríssimo, escritor e amigo de Clarice, sobre o livro de contos "Laços de Família"( que a Biblioteca dispõe para empréstimo domiciliário) afirma: "Não te escrevi sobre o teu livro de contos por puro encabulamento de te dizer o que penso dele. Aqui vai: é a mais importante coleção de histórias publicadas neste país  na era pós-machadista".


Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.

Clarice Lispector tem um dia de homenagem por todo o Brasil. "Hora de Clarice" pretende fazer de todos os dias 10 de dezembro (data do seu aniversário), um dia de homenagem à escritora e à sua obra.

Consulte o nosso catálogo em:  http://services.cm-mgrande.pt/pacweb e leve Clarice para casa

Tenha Uma Boa Semana

dezembro 09, 2011

Trago no olhar visões extraordinárias, De coisas que abracei de olhos fechados...

  
Florbela Espanca por Carlos Botelho, 2008
Ser Poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do reino de Áquem e de Além Dor!

É ter mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

                    Florbela Espanca


A 8 de dezembro de 1894, nasceu em Vila Viçosa Florbela Espanca.  Filha de Antónia da Conceição Lobo, empregada de João Maria Espanca, que não a reconheceu como filha. Porém, com a morte de Antónia em 1908, João e a sua mulher Maria Espanca criaram Florbela. O pai só reconheceria a paternidade muitos anos após a morte de Florbela.
Em 1903 Florbela Espanca escreveu o primeiro poema "A Vida e a Morte". Casou-se no dia do seu aniversário em 1913, com Alberto Moutinho. Concluiu um curso de Letras em 1917, inscrevendo-se de seguida no curso de Direito, sendo a primeira mulher a frequentar este curso na Universidade de Lisboa. Em 1919, ano em que publicou o "Livro de Mágoas", sofreu um aborto espontâneo. É também nessa época que Florbela começa a apresentar sintomas mais sérios de desequilíbrio mental.  Em 1921 separou-se, passando a encarar o preconceito social decorrente desse facto. No ano seguinte casou-se pela segunda vez, com António Guimarães. "O Livro de Soror Saudade" foi publicado em 1923. Em 1925 casou-se pela terceira vez, com Mário Lage.

A morte do irmão num acidente de avião abala-a gravemente e inspira-a para a escrita de "As Máscaras do Destino". Tentou o suicídio por duas vezes em outubro e novembro de 1930, nas vésperas da publicação do livro "Charneca em Flor", por muitos considerada a sua obra-prima. Após o diagnóstico de um edema pulmonar, suicida-se no dia do seu aniversário, a 8 de dezembro de 1930, com 36 anos de idade. "Charneca em Flor" viria a ser publicado em janeiro de 1931.
Precursora do movimento feminista em Portugal, Florbela teve uma vida tumultuada, inquieta, transformando os seus sofrimentos íntimos em poesia, carregada de erotismo e feminilidade.



"A vida é sempre a mesma para todos: rede de ilusões e desenganos.
O quadro é único, a moldura é que é diferente"


 A Biblioteca Municipal sugere-lhe para leitura de fim de semana, o livro de contos "O dominó preto" de Florbela Espanca.

"(...) A sua vida é feita de insatisfações e revolta, a revolta que a levará à morte, a trágica negação do seu desejo. A sua vida é feita das contradições da vida de uma mulher que se sabe (e se quer) diferente. De uma mulher disposta ao sacrifício que toda a obra, literária ou outra, impõe. (...) Mas é assim ser poeta: ser mendigo e ser rei. arriscar, viver da contigência".
                                                                     Y. K .Centeno, 1982


Sei lá quem sou?! Sei lá! cumprindo os fados,
Num mundo de maldades e pecados,
Sou mais um mau, sou mais um pecador...

Tenha um Bom Fim de Semana

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