dezembro 14, 2011

PRÉMIO SAKHAROV 2011

O Prémio tem o nome do cientista soviético Andrei Sakharov, exilado na União Soviética pela oposição ao programa nuclear e às políticas repressivas da URSS. Fundou a Organização Memorial, que continuou a defender os direitos humanos e a promoção da democracia após a sua morte, em 1989.

Todos os anos, o Parlamento Europeu atribui o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento a indivíduos ou organizações que se destacaram na defesa dos direitos humanos e da democracia. Este ano, os vencedores são cinco representantes da Primavera árabe "pela sua luta pela liberdade, pela democracia e pelo fim dos regimes autoritários".
A cerimónia da entrega do prémio, no valor de €50.000, está agendada para hoje, dia 14 de dezembro, durante a sessão plenária de Estrasburgo.



Os vencedores Prémio Sakharov 2011 são:
  • o tunisino Mohammed Bouaziziprémio póstumo - que ao imolar-se desencadeou a revolta popular que levou à queda de Ben Ali.
  • a militante egípcia Asmaa Mahfouz que com o apelo lançado no You Tube, inspirou as concentrações na praça Tahrir que levaram à queda de Hosni Mubarak.
  • o dissidente líbio Ahmed al-Zubair Ahmed al-Senussi, de 77 anos, esteve preso 31 anos por se opor ao regime de Muammar Kadhafi.
  • a advogada síria Razan Zeitouneh,  uma das coordenadoras da revolta na Síria, está proibida de deixar o país.
  • o cartunista sírio Ali Farzat, cartunista de crítica política, que em agosto, as autoridades sírias partiram-lhe as duas mãos.

Este ano a  cerimónia de entrega do Prémio Sakharov contará com a presença de dois bloggers portugueses que venceram um concurso lançado pelo Gabinete de Informação do Parlamento Europeu em Portugal,  cujo desafio era fazer um comentário a um dos 30 textos biográficos dos laureados com este galardão desde 1988.
Os textos dos vencedores, Rafael Gonçalves e Jonathan da Costa versavam, respetivamente, a ativista de Myanmar Aung San Suu Kyi - Prémio Sakharov 1990 - e o movimento Mães da Praça de Maio - Prémio Sakharov 1992.

"Os grandes espíritos sempre tiveram que lutar conta a oposição feroz de mentes medíocres"
                                                                                             Albert Einstein


"Minha esposa e eu vivemos isolados durante sete anos. Não podíamos sequer falar com os outros. Uma única vez um amigo veio procurar-nos e tivemos a permissão de conversar com ele na rua. Foi um milagre poder falar com ele abertamente. Era um colega da universidade. Nós estávamos completamente isolados das pessoas".



Andrei Sakharov, físico russo, inventor da bomba de hidrogénio, nasceu em Moscovo a 21 de maio de 1921. Preocupado com as consequências dos seus trabalhos para o futuro da humanidade, procurou despertar a consciência do perigo da corrida ao armamento nuclear. Obtém um êxito parcial com a assinatura, em 1963,  do Tratado contra Ensaios Nucleares
Indignado com a invasão soviética do Afeganistão, apelou ao boicote dos Jogos Olímpicos de Moscovo, sendo condenado por Brezhnev, em 1980, a um exílio forçado em Gorki, onde permaneceu, com a sua mulher Helena Bonner, até finais de 1986, data em que foi autorizado a regressar a Moscovo.
Considerado na URSS como um dissidente com ideias subversivas, cria, nos anos setenta, um Comité para a defesa dos direitos do homem e para a defesa das vítimas políticas. Os seus esforços são premiados com o Prémio Nobel da Paz em 1975, mas não foi autorizado a viajar até Oslo para o receber.

Morreu a 14 de dezembro de 1989 e em sua memória a União Europeia instituiu o Prémio Sakharov para destacar pessoas que lutam defesa dos direitos humanos e liberdade de expressão.


"Que nada nos limite. Que nada nos defina. Que nada nos sujeite.
Que a liberdade seja a nossa própria substância."
                                                       Simone de Beauvoir

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