janeiro 03, 2023

EXPOSIÇÃO

Tens noventa anos. És velha, dolorida. Dizes-me que foste a mais bela rapariga do teu tempo — e eu acredito. Não sabes ler. Tens as mãos grossas e deformadas, os pés encortiçados. Carregaste à cabeça toneladas de res­tolho e lenha, albufeiras de água. Viste nascer o sol todos os dias. De todo o pão que amassaste se faria um ban­quete universal. Criaste pessoas e gado, meteste os bácoros na tua própria cama quando o frio ameaçava gelá-los. Contaste-me histórias de aparições e lobisomens, velhas questões de família, um crime de morte. Trave da tua casa, lume da tua lareira — sete vezes engravidaste, sete vezes deste à luz.(...)

Não sabes nada do mundo. Não entendes de política, nem de economia, nem de literatura, nem de filosofia, nem de religião. Herdaste umas centenas de palavras práticas, um vocabulário elementar. Com isto viveste e vais vivendo. És sensível às catástrofes e também aos casos de rua, aos casamentos de princesas e ao roubo dos coelhos da vizinha. Tens grandes ódios por motivos de que já perdeste lembrança, grandes dedicações que assen­tam em coisa nenhuma. Vives. (...)

José Saramago, 
excertos da crónica "Carta para Josefa, minha avó",
in, Deste Mundo e do Outro: Crónicas 


Até ao dia 31 de Janeiro irão estar expostos, no átrio da entrada da Biblioteca Municipal, um conjunto de trabalhos realizados pelos alunos dos 2.º e 3.º CEB dos Agrupamentos de Escolas da Marinha Grande, inspirados na crónica "Carta para Josefa, minha avó", extraída do livro "Deste Mundo e do Outro: Crónicas", da autoria de José Saramago. A iniciativa insere-se no âmbito das comemorações do Centenário do Nascimento de José Saramago, que se assinalou ao longo do ano 2022, e resultou do trabalho de parceria entre a Biblioteca Municipal e as Bibliotecas Escolares, através dos seus Professores Bibliotecários. 

Partindo da carta escrita por Saramago, dedicada à sua avó Josefa, e dado que os conteúdos programáticos da disciplina de Português contemplam a abordagem de várias tipologias textuais, sendo a "carta" uma delas, os alunos foram desafiados a escrever eles próprios uma carta, dedicada aos avós ou a alguém que seja muito especial para eles. Este desafio resultou em dezenas de cartas, na sua maioria dedicadas aos avós, onde os alunos puderam expressar sentimentos de afeto, carinho, admiração e ternura.






Até 31 de Janeiro, 
passe pela Biblioteca Municipal e partilhe destas emoções, 
quem sabe se não vai encontrar uma carta que foi escrita a pensar em si.




dezembro 29, 2022

FELIZ 2023

 






Temos de Ser Mais Humanos


Abram os olhos. Somos umas bestas. 
No mau sentido. Somos primitivos. Somos primários.
Por nossa causa corre um oceano de sangue todos os dias. 
Não é auscultando todos os nossos instintos ou encorajando a nossa natureza biológica a manifestar-se que conseguiremos afastar-nos da crueza da nossa condição. É lendo Platão. E construindo pontes suspensas. É tendo insónias. É desenvolvendo paranoias, conceitos filosóficos, poemas, desequilíbrios neuroquímicos insanáveis, frisos de portas, birras de amor, grafismos, sistemas políticos, receitas de bacalhau, pormenores.

É engraçado como cada época se foi considerando "de charneira" ao longo da história.
A pretensão de se ser definitivo, a arrogância de ser "o último", a vaidade de se ser futuro é, há milénios, a mesmíssima cantiga.

Temos de ser mais humanos. Reconhecer que somos as bestas que somos e arrependermo-nos disso. Temos de nos reduzir à nossa miserável insensibilidade, à pobreza dos nossos meios de entendimento e explicação, à brutalidade imperdoável dos nossos atos. O nosso pé foge-nos para o chinelo porque ainda não se acostumou a prender-se aos troncos das árvores, quanto mais habituar-se a usar sapato.

A única atitude verdadeiramente civilizada é a fraqueza, a curiosidade, o desespero, a experiência, o amor desinteressado, a ansiedade artística, a sensação de vazio, a fé em Deus, o sentimento de impotência, o sentirmo-nos pequeninos, a confissão da ignorância, o susto da solidão, a esperança nos outros, o respeito pelo tempo e a bênção que é uma pessoa sentir-se perdida e poder andar às aranhas, à procura daquela ideia, daquela casa, daquela pessoa que já sabe de antemão que nunca há-de encontrar.

O progresso é uma parvoíce.
Pelo menos enquanto continuarmos a ser os animais que somos.
                                                                                                                   
                                                                                                                   Miguel Esteves Cardoso, 
                                                                                                                   In Explicações de Português









FELIZ 2023

dezembro 22, 2022

FELIZ NATAL

 


"Sei que o Natal não tem o mesmo significado para toda a gente. Mas é para quase todos nós uma festa de família. E isso é quanto basta para que, de algum modo, possamos sentir-nos unidos uns aos outros nesta data.
Por mim, recordo a ansiedade pelos presentes quando criança, o amor imenso dos meus avós pelos netos, a ternura dos meus pais e dos meus irmãos e a alegria dos meus filhos. Tudo isto vivido, às vezes, com alguma dificuldade para satisfazer os horários dos almoços e jantares da família de origem com os daqueles que, por escolhas pessoais, se haviam tornado também nossas. Lembro ainda os amigos e as amigas que por estarem sozinhos sempre agregámos aos nossos festejos. (...)




No último Natal estive rodeada dos meus, envolvida de carinhos do filho, da cunhada, do neto mais velho, do mano mais novo, dos sobrinhos e dos filhos destes.
A nossa família é assim. Gosta de afeto, de se anichar no colo mais próximo, de dar beijos e abraços, de rir e da bagunça das crianças.
Matei saudades de cada um, estive agarrada ao meu neto, que, apesar dos seus vinte anos, gosta das ternuras da avó, e senti, uma vez mais, que sem os meus jamais seria quem sou."

                                                                                               Helena Sacadura Cabral
                                                                                               In, Erros Meus, Má Fortuna, Amor Sempre?






FELIZ NATAL






dezembro 20, 2022

TOLERÂNCIAS DE PONTO

 Na sequência das tolerâncias de ponto concedidas pelo Sr. Presidente da Câmara Municipal, 
informamos que iremos estar encerrados nos 
dias 23, 26 e 30 de dezembro.





dezembro 14, 2022

ÁRABE SIGNIFICA TER A MERCEARIA ABERTA À NOITE E AO DOMINGO

 Duas gerações diferentes
Duas religiões distintas
Uma amizade única
Omar Sharif e Pierre Boulanger

"O senhor Ibrahim sempre fora velho. Os habitantes da Rua Bleue e da Rua do Faubourg-Poissonnière sempre tinham visto o senhor Ibrahim na sua mercearia, desde as oito da manhã até noite cerrada, curvado entre a caixa e os produtos de limpeza, uma perna cá fora e outra debaixo das caixas de fósforos, um casaco cinzento por cima de uma camisa branca, dentes cor de marfim escondidos sob um bigode farto, olhos cor de pistácio, verdes e castanhos, mais claros do que a sua pele morena, marcada pela sabedoria que a vida lhe trouxera.


Omar Sharif, Cesar 2004 melhor ator

Era opinião generalizada que o senhor Ibrahim era sábio. Provavelmente por ser, há cerca de quarenta anos, o único árabe numa rua de judeus. Sem dúvida também porque sorria muito e falava pouco. (...)
- Eu não sou árabe, Momo, eu sou do Crescente Dourado. (...)
- Eu não sou árabe, Momo, sou muçulmano.
- Então porque dizem que o senhor é o árabe da rua se nem sequer é árabe?
- Árabe, Momo, quer dizer mercearia "aberta das oito da manhã à meia-noite, mesmo ao domingo." 




Momo é um rapazinho que se aborrece na escola e em casa, junto do seu pai, um advogado infeliz. Porém, na Rua Bleue onde mora, há mulheres pouco recomendáveis que o tratam muito bem e, acima de tudo, há o senhor Ibrahim, o merceeiro árabe do bairro, que parece conhecer os segredos da felicidade e dos verdadeiros sorrisos, dos quais Momo depressa aprende a tirar partido.
Depois de o seu pai se atirar para debaixo de um comboio, Momo é acolhido pelo senhor Ibrahim. Juntos, vão encerrar a loja, comprar um automóvel e partir para o país natal do velho homem, o país dos dervixes rodopiantes, sábios da contemplação, do Alcorão, das suas flores e da poesia do mundo.


Um livro para ler e reler, uma lição de sabedoria, 
de tolerância, de fatalismo e de bondade.



Éric-Emmanuel Schmitt nasceu a 28 de março de 1960 em Sainte-Foy-lès-Lyon, França.
É um dos mais populares escritores e dramaturgos franceses. As suas obras foram traduzidas e encenadas em mais de 40 países. É considerado um dos 10 autores de língua francesa mais lidos.
Entre os seus prémios contam-se o prestigiado Prémio Goncourt de Romance e ainda o Grande Prémio de Teatro da Academia Francesa.
Em 1999, quando escreveu a peça "O Senhor Ibraim e as Flores do Alcorão", que mais tarde adaptou em formato de novela e que hoje divulgamos, vivia na rue Bleue, onde a parte principal da ação se desenrola. Era um bairro judeu, onde um árabe mantinha a sua loja aberta das 8 da manhã à meia-noite.

O Senhor Ibrahim e as flores do Alcorão foi adaptado ao cinema em 2003, realizado por François Dupeyron, com argumento do próprio autor e do realizador, tendo nos papeis principais Omar Sharif, que venceu em 2004 o Cesar de melhor ator no papel do Senhor Ibrahim, Pierre Boulager e Isabelle Adjani.
Em Portugal, a encenação desta peça por Miguel Seabra em 2012 valeu ao Teatro Meridional o Prémio do Público no Festival Internacional de Teatro de Almada.
Em 2022, para celebrar os 25 anos de existência daquela companhia de teatro, esteve novamente em cena de 6 a 23 de junho.

"Um hino à vida"
                                                 Le Pariscope



dezembro 09, 2022

SE SABE ESCREVER POEMAS, TAMBÉM SABE ESCREVER RECEITAS




"- Um livro de culinária!
Franzo a testa, confusa. O homem é ao mesmo tempo indelicado e obscuro. Quem é que ele pensa que sou? Posso ter trinta e seis anos e ser solteira, o meu vestido pode estar manchado de suor, mas não sou uma serviçal doméstica de avental. (...)
- Mas eu não ... não sei cozinhar - digo sem convicção, e dirijo-me à porta como uma sonâmbula. (...)
- Se sabe escrever poemas, também sabe escrever receitas. (...)
- Bonito e elegante, Miss Acton. Traga-me um livro de culinária tão bonito e elegante como os seus poemas."


O romance inspirado na história real de Eliza Acton,
 que inventou o conceito do livro de culinária moderno, 
é a nossa sugestão de leitura para o seu fim de semana.





Especiarias exóticas, vegetais aromáticos e frutos exuberantes... 
Em 1835, Londres está a transbordar de novos ingredientes que ninguém sabe usar. Tudo isso passa ao lado de Eliza, uma jovem de boas famílias que tenciona dedicar a vida a escrever poesia e a partilhá-la com o mundo. Um sonho grandioso que termina abruptamente quando o seu editor lhe sugere uma mudança de rumo. Se Eliza quer ser publicada, que escreva então algo aceitável para uma menina da sua posição. Como um livro de cozinha.


Para a aspirante a poetisa, que nunca sequer cozeu um ovo, qualquer ligação a um fogão é uma afronta... até ao dia em que a situação familiar a obriga a repensar tudo e a pôr, literalmente, as mãos na massa. Depressa vai descobrir não apenas um talento, mas uma verdadeira paixão. Com a ajuda da sua jovem assistente Ann Kirby, entre papel e tachos, lágrimas e gargalhadas, segredos e confissões, Eliza vai descobrir as maravilhas da gastronomia e o poder da amizade.
Mas quando Ann descobre um segredo do passado dela, tudo o que conquistaram se transforma numa ameaça.

Annabel Abbs nasceu no Reino Unido a 20 de outubro de 1964, é licenciada em Literatura Inglesa. Os seus contos e textos jornalísticos estão publicados no The Guardian, no The Telegraph, na Tatler e na Elle Magazine.
O seu livro, que hoje sugerimos para leitura de fim de semana, foi considerado pelo New York Times Books uma das melhores obras de ficção histórica de 2021, e está a ser traduzido para dezasseis idiomas.

"E começa a falar-me sobre combinações de pós de caril, os benefícios das especiarias frescas, os tamarindos que começou agora a importar ainda na casca. Estou tão absorta que me esqueço completamente da cozinha - e das minhas gafes tão pouco femininas. Ele descreve o sabor fumado dos cominhos, o amargor negro das sementes de fenacho, a opulência doce da polpa de coco fresco, a explosão feroz de raiz de gengibre."




"Tal como um poema, uma receita deve ser clara, precisa e ordenada"
                                                                                                                    Eliza Acton





novembro 30, 2022

COMO APRENDI EU A BAILAR O FADO?

 
"- Não são uma ligas que vão afligir a senhora condessa, criatura! Quero a Maria Severa aqui ao Campo Grande antes das aves-marias, ouviste? Virem Lisboa do avesso, façam o que for preciso, que das 250 mil almas que por aqui apodrecem nesta Corte, alguma há-de ser ela. Ponham-ma aqui sem demoras. Há contas que tenho a ajustar com a pequena. (...)
Raça de mulher! Dou-lhe cómodo, roupa lavada e trago-a bem nutrida para que me aconchegue as noites, me encha os salões e me envaideça com aquela voz rouca e baça, safa que é ser ingrata!"


O Fado, 1910, de José Malhoa, retrata o fadista Amâncio e Adelaide da Facada


Maria Severa Onofriana nasceu a 26 de julho de 1820 na rua da Madragoa, atual rua Vicente Borga, nº 33, na freguesia da Estrela, onde a sua mãe tinha uma taberna. Com apenas 26 anos morreu de tuberculose, a 30 de novembro de 1846, num miserável bordel na rua do Capelão, na Mouraria, tendo sido sepultada no Cemitério do Alto de São João, numa vala comum. Consta que as suas últimas palavras foram "Morro, sem nunca ter vivido". 




Na Mouraria, na rua do Capelão, encontra-se atualmente o "Largo da Severa".
A sua casa está assinalada com uma placa onde se pode ler "Nesta casa viveu Maria Severa Onofriana / Considerada na época a expressão sublime do fado / Faleceu em 30-11-1846 com 26 anos de idade / Lisboa 3-6-1898". A placa foi descerrada por Amália Rodrigues.


No dia em que passam 176 anos da sua morte,
 divulgamos o  livro que conta a história do romance proibido
 entre D. Francisco de Paula, o conde de Vimioso e Maria Severa.



Lisboa, meados do século XIX.
Nas ruelas de uma cidade suja e vibrante, cruzam-se dois mundos quando a noite cai. Na Mouraria dos marujos, dos rufiões, das mulheres de má vida, as tabernas enchem-se para acolher os filhos enjeitados da cidade. Vão à procura de consolo, um regaço pago, tinto e fadistagem, rixas e navalhadas. Vão eles e vão outros, nobres, embuçados, em busca do fruto proibido. Longe do São Carlos, onde a música é outra, e as damas e as joias legítimas, longe dos seus palácios nas Laranjeiras ou no Campo Grande, mergulham no mundo sórdido e apaixonante onde se canta e bate o fado.
E ninguém o canta e bate melhor do que Severa, filha de cigano, filha de meretriz. Do pai herda o tom de pele, o sangue quente; da mãe, a triste profissão e as artes de prender os homens. E são muitos os que a visitam, mas só um lhe deixa marca. D. Francisco de Paula, o conde de Vimioso.




Maria João Lopo de Carvalho nasceu em Lisboa a 15 de maio de 1962.
Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade Nova de Lisboa. Foi professora de Português e de Inglês, criou a primeira escola de Inglês em regime extracurricular para os mais novos e trabalhou como copywriter em publicidade.
A partir de 2000 dedicou-se à escrita de romances e de livros infantis, depois de ter colaborado como cronista na revista Pais & Filhos em 1994 e na Xis, editada com o jornal Público em 2000.
O Fado da Severa é o seu quarto romance histórico.  

O Fado de Paula Rego, 1995

" O fado soava como coisa estranha aos ouvidos de quem, pela primeira vez, o escutava, lembrando uma modinha, a fofa e o fandango, num alvoroço vadio que ia direito ao coração, que agitava e surpreendia. Eram muitos os que o estranhavam, outros sabiam-no de cor - ao fado e à Severa".


A 27 de novembro de 2011, o Fado foi declarado pela UNESCO Património Cultural Imaterial da Humanidade. Foi a primeira expressão artística a ser declarada Património Imaterial da Humanidade em Portugal. 




novembro 23, 2022

HÁ MUITO QUE TODOS ME CHAMAM NEGRO


"Nasci rafeiro, cruzamento de mastim espanhol e cão-de-fila brasileiro. Quando era cachorro, tive um daqueles nomes ternos e ridículos que põem aos cãezinhos recém-nascidos, mas já passou muito tempo desde então. Já me esqueci. Há muito que todos me chamam Negro.
O Agilulfo - um podengo magro, filósofo e culto que sabe destas coisas - garante que nasci para o combate; que sou um guerreiro antigo com uma estirpe gladiadora tão velha como a história dos humanos".




Neste romance negro assombroso, divertido e ao mesmo tempo esmagador, Arturo Pérez-Reverte narra, com a mestria de sempre, as aventuras de um cão num mundo bem diferente do dos humanos. Um mundo que se rege pelas mais elevadas regras - lealdade, inteligência e companheirismo - onde não há lugar para o politicamente correto ou para as convenções sociais. Um mundo em que por vezes há clemência para os inocentes e justiça para os culpados.
Pleno de tensão dramática, Cãos Maus Não Dançam brinda-nos com uma metáfora sobre a vida e os seus valores (ou a falta deles).


"Escrevi este romance para que o ser humano pudesse ver os cães por dentro. 
Não com o olhar compassivo de um ser superior, que olha para o cão de cima, 
mas com a vontade de que o humano se sentisse cão. 
Que sentisse o que um cão poderia sentir." 



Arturo Pérez-Reverte nasceu a 24 de novembro de 1951, em Cartagena, Espanha.
Licenciado em jornalismo pela Universidade Complutense de Madrid, foi repórter de guerra durante vinte e um anos, durante os quais cobriu conflitos armados no Chipre, Eritreia, Malvinas, El Salvador, Moçambique, Golfo, Bósnia, Croácia, Líbano, Líbia, Sudão, entre outros.
Os seus romances estão traduzidos em trinta idiomas e tem mais de vinte milhões de leitores em todo o mundo. Muitos deles já foram adaptados ao cinema e à televisão. 
Em 2017, foi premiado com o Prix Littéraire Jacques Audiberti.
Atualmente divide a sua vida entre a literatura, o mar e a navegação. É membro da Real Academia Espanhola.


Para além do livro que hoje divulgamos, o Leitor 
encontra na Biblioteca Municipal os seguintes títulos do autor:
  • Território Comache
  • Uma história de Espanha
  • A pele do tambor
  • A rainha do Sul
  • A tábua de Flandres
  • Um dia de cólera


Iuri, apareceu no Parque de Merendas da Portela


"O cão tem virtudes que gostaria de ver nos seres humanos"
                                                                                                       Arturo Pérez-Reverte







novembro 17, 2022

PRÉMIO LITERÁRIO JOSÉ SARAMAGO 2022

 

"Quero dizer que este prémio vai ser, para sempre, 
uma pedra sobre a qual irei fundar uma parte de mim.
Há falta de palavras, vou deixar apenas uma, 
para que a ampliem: obrigado."


O Prémio Literário José Saramago foi instituído em 1998 para celebrar a atribuição do Prémio Nobel de Literatura a José Saramago e foi pensado como instrumento para a defesa da língua através do estímulo ao surgimento de jovens escritores da lusofonia.
Em 2019, na sua última edição, foi o mesmo atribuído a Afonso Reis Cabral, pelo romance Pão de Açúcar, que pode ser requisitado para empréstimos domiciliário na Biblioteca Municipal. A edição de 2021 foi adiada para este ano devido à pandemia de Covid-19.

Nesta edição os jurados foram:
  • Gonçalo M. Tavares - Prémio Literário José Saramago 2005
  • Valter Hugo Mãe - Prémio Literário José Saramago 2007
  • João Tordo - Prémio Literário José Saramago 2009
  • Bruno Vieira Amaral - Prémio José saramago 2015
  • Pilar del Rio - Presidente da Fundação José Saramago
  • Guilhermina Gomes - Representante da Fundação Círculo de Leitores
  • Nélida Piñon - Membro Honorário



Ao início da tarde do dia 14 de novembro, no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém em Lisboa, foi anunciado o nome do vencedor de 2022: o escritor brasileiro Rafael Gallo, com o romance inédito Dor Fantasma.

"Este romance tem uma história difícil. Demorei seis anos a escrevê-lo. Passou por editores que não o quiseram e por outros que não gostaram. Eu lutei e fiz várias alterações. Foi um processo pessoal, fiz muitas alterações na minha vida e isso reflete-se. É muito especial e estou ansioso por tê-lo publicado."

O romance vai ser publicado em Portugal pelo Grupo Porto Editora, no Brasil pela Globo Livros e será distribuído por todos os países da lusofonia.


Rafael Gallo nasceu em 1981 em São Paulo. Estreou-se na escrita em 2012 com o livro de contos Réveillon e outros dias, que venceu o Prémio SESC de Literatura e foi finalista do Prémio Jabuti. Em 2016 conquistou o Prémio São Paulo de Literatura com o romance de estreia Rebentar.
É o quarto escritor brasileiro a ganhar o Prémio José Saramago:
  • Adriana Lisboa em 2003
  • Andréa del Fuego em 2011
  • Julián Fuks em 2017


Passe por cá e aproveite para visitar a exposição alusiva à vida e obra de José Saramago, patente ao público na sala de leitura no 1.º piso.



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