agosto 16, 2012

NÃO DEVEMOS RESISTIR ÀS TENTAÇÕES: ELAS PODEM NÃO VOLTAR


Esta é a verdade: a vida começa quando a gente compreende que ela não dura muito
                                                                                                                Millôr Fernandes 


Millôr Fernandes, escritor, dramaturgo, cartonista e humorista que marcou a cultura brasileira,  nasceu a 16 de agosto de 1923 no Méier, subúrbio do Rio de Janeiro.
Nasceu Milton Viola Fernandes, mas graças a uma má caligrafia, ficou registado Millôr, facto que só veio a saber já adolescente.
Vendeu o seu primeiro desenho para o Jornal do Rio de Janeiro aos dez anos de idade. 
Em 1938 começou a trabalhar como repaginador e contínuo no semanário O Cruzeiro. Nesse mesmo ano, sob o pseudónimo de "Notlim", ganhou um concurso de contos na revista A Cigarra. 


Em 1956 dividiu o primeiro lugar na Exposição Internacional do Museu da Caricatura de Buenos Aires com o desenhador norte-americano Saul Steinberg. No ano seguinte teve direito a uma exposição individual das suas obras no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.


Passou a assinar Millôr os seus textos publicados na revista O Cruzeiro, em 1962. Mas deixou a revista no ano seguinte, por causa de uma polémica causada com a publicação de A Verdadeira História do Paraíso, considerada ofensiva pela Igreja Católica.
Colaborou, a partir de 1964, com o jornal português Diário Popular e obteve o segundo Prémio do Salão Canadiano de Humor.
Em 1968 começou a trabalhar na revista Veja. 
Nos anos seguintes escreveu peças de teatro, textos de humor e poesia, além de volar a expor no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, mas dizia que não tinha obra. Isso " É coisa de pedreiro".
Traduziu, do inglês e do francês, várias obras, principalmente peças de teatro, entre elas os clássicos de Sófocles, Shakespeare, Moliére, Brecht e Tennessee Williams.
Millôr leu o Memorial de Convento, de José Saramago e fez referência na sua coluna do Jornal do Brasil, onde a sua opinião conta. Saramago, escritor quase anónimo, tornou-se um sucesso imediato dos leitores brasileiros.



Deixou uma marca de humor inteligente e ácido, que produziu frases como:
  • Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim.
  • A justiça pode se cega: mas que olfato!
  • Os nossos amigos podem não saber muitas coisas, mas sabem sempre o que fariam no nosso lugar.
  • O cara só é verdadeiramente ateu quando está bem de saúde.
  • Errar é humano. Ser apanhado em flagrante é burrice.
  • O dinheiro não só fala, como faz muita gente calar a boca
Foi um dos criadores do "O Pif-Paf". Só durou oito edições, mas o jornal foi considerado um dos iniciadores da imprensa alternativa no Brasil. Foi ainda um dos colaboradores de "O Pasquim", reconhecido no seu papel de oposição à ditadura militar.
Foi uma das primeiras personalidades brasileiras a ter espaço de destaque na internet, inaugurando o seu site no ano 2000. Tinha mais de 368 mil seguidores no Twitter.

Quando, numa entrevista, lhe perguntaram se era um homem feliz depois dos 80 anos, respondeu:
"E porque não seria? Tenho o controlo absoluto em tudo o que faço, menos em comprar roupa, atividade sobre a qual confesso toda a minha ignorância. (...) Ser feliz não é andar de sorriso rasgado pelas ruas, mas sentir-se bem consigo mesmo. Nesse sentido cheguei ao limite da felicidade". 

A 27 de março deste ano, aos 88 anos de idade, faleceu no Rio de Janeiro.

A atriz Fernanda Montenegro, vai sugerir ao perfeito do Rio de Janeiro, que seja cumprida a última vontade de Millôr: "A única homenagem que eu quero é um banquinho no Arpoador, para o pessoal poder olhar o pôr do sol".

Tenha um bom dia  e como dizia Millôr Fernandes

"Não há problema algum que não caiba no dia seguinte"




agosto 14, 2012

DE NENHUM FRUTO QUEIRAS SÓ METADE




Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, nasceu em S. Martinho de Anta, a 12 de agosto de 1907 e faleceu em Coimbra a 17 de janeiro de 1995, foi um dos mais importantes escritores portugueses de século XX.
Em 1918, foi para o seminário de Lamego. Estudou português, geografia e história, aprendeu latim e familiarizou-se com os textos sagrados. Pouco tempo depois comunicou ao pai que não queria ser padre. 
Emigrou para o Brasil em 1920, com doze anos de idade, para trabalhar na fazenda de café do tio. Ao fim de quatro anos, o tio apercebe-se da sua inteligência e paga-lhe os estudos liceais em Leopoldina, onde se distingue como aluno. Convicto que o sobrinho viria a ser doutor em Coimbra, o tio propôs-lhe pagar os estudos o que o levou a regressar a Portugal para concluir o liceu.


Em 1928, entrou para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e publicou o seu primeiro livro de poesia, Ansiedade.
No ano seguinte, com 22 anos, começou a colaborar na revista Presença, mas rompeu definitivamente com a revista em 1930, assumindo uma posição independente. Foi em 1934 que criou o pseudónimo "Miguel" e "Torga". 
Miguel em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica: Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. 
Torga é uma planta transmontana, com raízes agarradas e duras "assim como eu sou duro"



Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.

Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!

A intervenção cívica de Miguel Torga na oposição ao Estado Novo e na denúncia dos crimes da guerra civil de Espanha e de Franco, valeu-lhe a apreensão de algumas das sua sobras pela censura.
Foi preso pela PIDE e teve algumas vezes vontade de sair do país: "Mas abandonar a Pátria com um saco às costas? Para poder partir teria de meter no bornal o Marão, o Douro, o Mondego, a luz de Coimbra, a biblioteca e as vogais da língua. Sou um prisioneiro irremediável numa penitenciária de valores tão entranhados na minha fisiologia que, longe deles seria um cadáver a respirar".


Desenho de Carlos Botelho
Começou a exercer clínica geral na sua aldeia natal, mas a experiência foi negativa. Seguiu-se Leiria, uma cidade que gostava, mas por causa do mau trabalho das tipografias (por causa de uma vírgula era capaz de passar uma noite sem dormir), fixou-se definitivamente em Coimbra, em 1941, como otorrinolaringologista.
Em 1940 casou com a professora universitária, a belga Andrée Crabbé: "Vou tentar ser um bom marido, cumpridor. Mas quero que saibas, enquanto é tempo, que em todas as circunstâncias te troco por um verso. (Criação do Mundo V)


Fotografia de Eduardo Gageiro
"De alguma coisa me hão-de valer as cicatrizes de defensor incansável do amor, da verdade e  da liberdade, a tríade bendita que justifica a passagem de qualquer homem por este mundo"
Diário, Coimbra, 9 de dezembro de 1993

Os seu livros estão traduzidos em várias línguas, entre elas o espanhol, francês, inglês, alemão, chinês, japonês, croata, romeno, norueguês, sueco, holandês, búlgaro.

Várias vezes premiado, nacional e internacionalmente, foram-lhe atribuídos:

  • 1969 - Prémio Diário de Notícias
  • 1976 - Prémio Internacional de Poesia das Bienais de Knokke-Heist
  • 1980 - Prémio Morgado de Mateus
  • 1981 - Prémio Montaigne
  • 1982 - Prémio Écureuil de Literatura
  • 1989 - Prémio Camões
  • 1991 - Prémio Personalidade do Ano
  • 1992 - Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores
  • 1993 - Prémio da Crítica, consagrando a sua obra.
  • Foi ainda proposto para o  Prémio Nobel da Literatura.

Recomeça...
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado, 
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.
                                                                                                  Miguel Torga, Diário XIII

A Biblioteca Municipal dispõe bibliografia do autor para empréstimo domiciliário.
Veja AQUI



BOM FERIADO

agosto 10, 2012

LEITURA DE FIM DE SEMANA



Ilustração de Denis Zilber

- Que bem que se está na piscina.
- Pois está, mas agora vou-me  secar, pôr protetor solar e deitar-me a ler o livro que trouxe da Biblioteca Municipal. Estou entusiasmadíssima com a leitura, quero saber o que vai acontecer ao Peter e à Rebecca agora que apareceu lá em casa o Ethan !!!



Quer saber qual o livro
 que está a entusiasmar a nossa leitora?

É o novo livro do Michael Cunningham:
"Ao cair da noite", da editora Gradiva  e que sugerimos como
leitura de fim de semana.


Peter e Rebecca Harris, na casa dos quarenta e a viver em Manhattan, aproximam-se do apogeu das suas carreiras em arte: ele, negociante; ela, editora numa boa revista da especialidade. Com um moderno e espaçoso apartamento, uma filha adulta a estudar na universidade em Boston e amigos inteligentes e animados, levam um invejável estilo de vida urbano contemporâneo e parecem ter todas as razões para serem felizes. Mas é então que o irmão de Rebecca surge em cena. Extremamente parecido com ela, mas muito mais novo, Ethan (conhecido na família como Mizzy, "O Erro") resolve visitá-los. Na sua presença, Peter começa a pôr em causa os artistas, o trabalho destes, a sua carreira - todo o mundo que construíra com tanto cuidado.



Este novo livro de Cunningham constitui uma visão dolorosa do modo como vivemos hoje em dia. Plena de peripécias inesperadas, faz-nos pensar (e sentir) com profundidade nas utilizações e no significado da beleza e no papel do amor nas nossas vidas.




Michael Cunningham nasceu a 6 de novembro de 1962 na cidade de Nova Iorque. 
Cresceu e estudou em Cincinnati, no estado do Ohio onde, com apenas quinze anos de idade, tomou a decisão de se tornar escritor, ao ler Mrs. Dalloway de Virginia Woolf. 
Estudou na Universidade de Stanfor Literatura Inglesa e fez um mestrado em Belas Artes na Universidade de Iowa.
Em 1989 o seu conto "White Angel" foi escolhido para fazer parte de uma antologia que reunia as melhores obras desse género literário, o Best American Short Stories 1989.
No ano seguinte publicou o seu primeiro romance "A Home At The End Of The Woorld" que teve o aplauso da crítica.  Como resultado desse sucesso, ganhou uma bolsa atribuída pela Fundação Guggenheim em 1993. 
Publicou "The Hours" em 1998, obra em que prestou homenagem ao romance que inspirou a sua carreira, Mrs. Dalloway.  "As Horas" foi adaptado ao cinema em 2002, com nomes como Nicole Kidman (que ganhou o Oscar em 2003 para melhor atriz), Merly Streep e Julianne Moore no elenco.

Veja Aqui outras obras do autor que a Biblioteca Municipal dispõe para empréstimo domiciliário.



Tenha um Bom Fim de Semana
 e não se esqueça do protetor solar

agosto 08, 2012

FAÇAM O FAVOR DE SER FELIZES



Raul Augusto Almeida Solnado, humorista, apresentador de televisão e ator, nasceu em Lisboa a 19 de outubro de 1929. 

"Lisboeta militante ortodoxo, um dia perguntaram-lhe:
- De onde é que você é?
- De Lisboa.
- Mas de que sítio?
Ele abriu os braços como se explicasse o mundo:
- De toda."

Iniciou a sua carreira artística aos 17 anos como ator amador na Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul, onde foi colega de José Viana, Varela Silva e Jacinto Ramos.
O gosto pelo teatro levou-o a inscrever-se, em 1951, num curso noturno do Conservatório Nacional.
Em 1952 estreou-se "profissionalmente" num show no Maxime e a partir daí não mais parou fazendo opereta, revista, teatro clássico, cinema e televisão, fazendo rir e pensar.
Enfrentou os seus primeiros problemas com a censura em 1961. Solnado e Camilo de Oliveira são julgados por ofensas contra a Comissão de Exame e Classificação dos Espetáculos por terem representado falas que tinham sido previamente censuradas.


Raul Solnado, 1966, 2 dias antes da inauguração da Ponte 25 de Abril.
Fotografia de Eduardo Gageiro, capa do Século Ilustrado
Em 1960, juntamente com Humberto Madeira e Carlos Coelho, tornou-se sócio da Companhia Teatral do Capitólio. Pelo seu desempenho secundário de sacristão no filme "As Pupilas do Senhor Reitor" (1961) de Perdigão Queiroga, foi agraciado com o Prémio SNI para Melhor Interpretação Masculina.
Marcou presença num dos momentos mais emblemáticos do Cinema Novo português como protagonista, em 1962, do filme "Dom Roberto" de José Ernesto de Sousa. O seu registo dramático foi elogiado em todos os jornais. "Dom Roberto" foi o primeiro filme português a ser distinguido no Festival de Cannes com o Prémio da Jovem Crítica.

Em 1961, Solnado atingiu o auge da sua popularidade com a rábula "A História da Minha Ida à Guerra de 1908", representada pela primeira vez na Revista Bate o Pé. Conseguiu pôr Portugal a rir de uma guerra sem sentido, numa altura em que a guerra colonial era um assunto tabu. A rábula foi editada em disco, tornando-se um fenómeno de vendas pouco usual para a época e, superou inclusivamente as vendas dos discos da Amália Rodrigues.


Foi com Carlos Cruz e Fialho Gouveia que em 1969, Raul Solnado apresentou na RTP um programa inovador e que se tornou um marco na programação televisiva: o Zip-ZipUma mistura de talk-show com números cómicos e musicais que alcançou grande sucesso.
Solnado viria a estar presente noutro êxito televisivo, em 1977: A Visita da Cornélia. 

Voltou ao cinema, em 1987,  pela mão do realizador José Fonseca e Costa, num impressionante papel dramático como inspetor Elias Santana em "A Balada da Praia dos Cães".

Na televisão protagonizou, com Armando Cortez e Margarida Carpinteiro, a sitcom "Lá em Casa Tudo Bem" em 1987. Participou nas telenovelas "A Banqueira do Povo" em 1993 e em 2000 em "Ajuste de Contas". Ainda em 2000, participou no telefilme da SIC "Facas e Anjos", onde pôde realizar o velho sonho de vestir a pele de um palhaço.



Editou, em 1991, a sua biografia "A Vida Não se Perdeu", que a Biblioteca Municipal  dispõe para empréstimo domiciliário.
Foi sua a ideia de criar a Casa do Artista, concretizada depois por Armando Cortez, Manuela Maria e Carmem Dolores e, inaugurada oficialmente em setembro de 1999.

Voltou aos palcos em 2001 com a peça "O Magnifico Reitor" de Freitas do Amaral. Recebe o Prémio Carreira Luís Vaz de Camões.

Foi homenageado em 2002 com a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa e recebeu, a 10 de junho de 2004, do Presidente Jorge Sampaio a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

Grava o seu último trabalho televisivo em 2009, " As Divinas Comédias", uma série de quatro programas produzidas pelas Produções Fictícias, para a RTP1, apresentadas por Bruno Nogueira e pelo próprio Raul Solnado, numa conjugação de duas gerações de humoristas portugueses.


A sua carreira de cinco décadas  de sucessos fizeram de Solnado uma das maiores vedetas populares do nosso meio artístico.

Aos 79 anos de idade, a 8 de agosto de 2009, faleceu vítima de uma doença cardiovascular.


A infância está perdida
A mocidade está perdida
Mas a vida não se perdeu
                                                                                         Carlos Drummond de Andrade



agosto 06, 2012

ERAM 8H 15M QUANDO...


A 6 de agosto de 1945, o Presidente dos Estados Unidos, ordenou o lançamento da primeira bomba atómica sobre Hiroshima.


O bombardeiro B29 Enola Gay, da Força Aérea Norte Americana, sob o comando do coronel Paul Tibbets, lançava sobre a cidade de Hiroshima a "Litle Boy", uma bomba atómica de urânio-235 com uma potencia equivalente a 13 Kilo-toneladas de TNT.


60 segundos depois 66 mil pessoas estavam mortas e 69 mil queimadas pela explosão atómica. O calor gerado atingiu dezenas de milhões de graus e a luz emitida foi dez vezes superior à do sol. A cidade ficou completamente destruída.
A área de vaporização total da explosão atómica media cerca de 800 metros quadrados. Num raio de 2 kilómetros, tudo o que era inflamável ardeu.

Hiroshima, 4 meses depois, fotografia de Alfred Eisenstaedt, 1945

Nas 67º comemorações em memória das vítimas da primeira bomba atómica em Hiroshima, o neto de Harry Truman participa neste 6 de agosto, nas cerimónias do Dia de Hiroshima.
Durante a sua visita, Clifton Truman Daniel de 55 anos,  vai encontrar-se com os presidentes de câmara das duas cidades bombardeadas (Hiroshima e Nagasaki) e com alguns sobreviventes dos bombardeamentos.

"O meu avô ficou horrorizado com a destruição causada por esses armas e dedicou o resto da sua presidência a garantir que isso não se repetiria de novo".

"Espero que eu consiga fazer o mesmo, 
trabalhar para livrar o mundo de armas nucleares".

Em memória das vítimas de Hiroshima, Vinícius de Moraes e Gerson Conrad criaram uma música. Chamaram-lhe Rosa de Hiroshima
A interpretação do grupo Secos e Molhados pela voz fabulosa de Ney Matogrosso tornou-a num ícone.

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atómica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada



Se quiser ficar a conhecer um pouco mais da história do século XX

Visite-nos


Tenha uma Boa Semana 



agosto 03, 2012

LEITURA DE FIM DE SEMANA



Ilustração de Chris Gall

Agosto, aquele mês em que as famílias veem  à Biblioteca escolher os livros para levar para férias, ou simplesmente para um merecido fim de semana. 
E um dos livros que vai acompanhar aquela família é o que hoje vos vamos sugerir:


O Leitor
de Bernhard Schlink
Editora Edições Asa

O Leitor, é desde O Perfume, o romance alemão mais aplaudido nacional e internacionalmente. 
O livro está traduzido em 39 idiomas.
Este romance foi galardoado em 1997 com os Prémios Grinzane Cavour, Hans Fallada e Laure Bataillon. Em 1999 venceu o Prémio de Literatura do Die Welt

A obra já foi adaptada ao cinema pelo realizador Stephen Daldry, em que os protagonistas foram Ralph Fiennes e Kate Winslet, que com a sua interpretação, foi a vencedora em 2009, do Oscar para  melhor atriz.




Michael Berg, um adolescente nos anos 60, é iniciado no amor por Hanna Schmitz, uma mulher madura, bela, sensual e autoritária. Ele tem 15 anos, ela 30. Os seus encontros decorrem como um ritual: primeiro banham-se, depois ele lê, ela escuta e finalmente fazem amor. Mas este período de felicidade incerta tem um fim abrupto quando Hanna desaparece subitamente.
Michael só a encontrará muitos anos mais tarde, envolvida num processo de acusação a ex-guardas dos campos de concentração nazis. Inicia-se então uma reflexão metódica e dolorosa sobre a legitimidade de uma geração, a braços com a vergonha, julgar a geração anterior, responsável por vários crimes.

Bernhard Schlink nasceu em 1944, em Biefeld, e é jurista de formação. Foi juiz do Tribunal Constitucional da Renânia Setentrional - Vestefália e professor de Direito Público e de Filosofia do Direito na Universidade Umboldt, em Berlim, desde 2006.
A sua obra como escritor começou com uma série de livros policiais. Uma dessas obras ganhou o Glauser Prize em 1989.
Em 1995 publica "Der Vorleser" (O Leitor), sendo a sua obra de ficção mais aclamada.

"O Leitor ultrapassa as fronteiras e fala diretamente ao coração"
                         The New York Times Book Review


No original, Der Vorleser, 
significa aquele que lê alto para outro.

Quer saber a importância deste pequeno pormenor?
Venha à Biblioteca Municipal e leve o Leitor consigo

Boas Férias
ou 
Bom Fim de Semana 




agosto 01, 2012

NEWSLETTER agosto



Para ficar a conhecer as atividades programadas
para o mês de agosto na
Biblioteca Municipal consulte a nossa




  

julho 30, 2012

FELIZ ANIVERSÁRIO EUNICE MUÑOZ


Eunice Muñoz nasceu na Amareleja, 30 de Julho de 1928
 é uma atriz portuguesa de referência do teatro português
 e é considerada uma das melhores de todos os tempos.  




Com origens numa família de atores, Eunice Muñoz estreou-se em 1941, na peça "Vendaval", de Virgínia Vitorino, com a Companhia Amélia Rey Colaço/ Robles Monteiro, sediada no Teatro Nacional D. Maria II. O seu talento é de imediato reconhecido, e admirado por Palmira Bastos, Raúl de Carvalho, João Villaret ou pela própria Amélia Rey Colaço, o que lhe permite uma rápida integração na Companhia.
Em 1946 dá-se a sua estreia no cinema, aparecendo no filme de Leitão de Barros, "Camões". Por esta interpretação, Eunice ganha o Prémio do SNI - Secretariado Nacional de Informação, para a melhor atriz cinematográfica do ano.


Em 1947 ingressa na Companhia de Comediantes Rafael de Oliveira, onde é dirigida por Ribeirinho. No ano seguinte regressa ao Teatro Nacional para protagonizar "Outono em Flor", de Júlio Dantas. Seguidamente "Espada de Fogo", de Carlos Selvagem, encenado por Palmira Bastos, é um êxito retumbante.
Passa pelo Teatro da Trindade e durante quatro anos retira-se dos palcos. A sua re-apariçao dá-se em "Joana D' Arc", de Jean Anouilh, no palco do Teatro Avenida. Multidões perfilam-se pela Avenida da Liberdade, desejosas de obter um bilhete para ver Eunice, que a crítica aclama como genial.
Já nos anos 60, passa para a comédia na Companhia do Teatro Alegre, no Parque Mayer, ao lado de nomes como António Silva ou Henrique Santana
No Teatro Monumental fez "O Milagre de Anna Sullivan", de William Gibson (Prémio de Melhor Atriz do SNI ex-aequo com Laura Alves - 1963).

Em 1965 Raúl Solnado funda a Companhia Portuguesa de Comediantes (CPC), no recém inaugurado Teatro Villaret. Eunice recebe o maior salário, até aqui nunca pago a uma actriz dramática: 30 contos mensais. 
A peça de estreia é "O Homem Que Fazia Chover", de Richard Nash, encenado por Alain Oulman. Seguiram-se interpretações de Tenessee Williams e Bernardo Santareno.
Fundou, em 1970, com José de Castro a Companhia Somos Dois, com a qual fez uma longa tournée por Angola e Moçambique, dirigida por Francisco Russo em "Dois Num Baloiço", de William Gibson. 
Estreou-se na encenação com "A Voz Humana", de Jean Cocteau.


Com a proibição pela censura, a poucas horas da estreia, de "A Mãe", de Stanislaw Wiktiewicz, em que Eunice era a protagonista, o diretor da companhia, Luiz Francisco Rebello, demitiu-se.   

Em 1978, voltou aos palcos portugueses  integrada na companhia do reaberto Teatro Nacional D. Maria II, onde teve enormes êxitos, interpretando peças de Donald Coburn, John Murray, Bertolt Brecht, Hermann Broch, Athol Fuggard, Eurípedes, entre outros, trabalhando com encenadores como João Perry ou João Lourenço.

Em 1991, celebraram-se os seus 50 anos de Teatro, com uma exposição no Museu Nacional do Teatro, sendo Eunice condecorada, em cena aberta, no palco do Teatro Nacional, pelo Presidente da República, Mário Soares, quando evocava, de forma magistral, a figura de Estêvão Amarante, na revista-homenagem de Filipe La Féria.


A peça de teatro A Maçon”, foi escrita pela romancista Lídia Jorge propositadamente para Eunice e foi levada a cena em 1997, no palco do Teatro Nacional.

Em 2006 representou pela primeira vez na casa a que deu nome, o Auditório Municipal Eunice Muñoz, em Oeiras, com a peça "Miss Daisy", encenada por Celso Cleto.

Em 2007, no Teatro Maria Matos co-protagoniza com Diogo Infante "Dúvida" de John Patrick Shanley, sob a direção de Ana Luísa Guimarães. Em maio de 2008 é agraciada com o Globo de Ouro de Mérito e Excelência.



Em 2009 regressa ao Teatro Nacional D. Maria II com a peça "O Ano do Pensamento Mágico", de Joan Didion, sob a encenação de Diogo Infante.


Em 2011 volta à cena com "O Comboio da Madrugada", de Tennessee Williams, sob a encenação do mestre Carlos Avilez, no Teatro Experimental de Cascais.




Ainda em 2011, Eunice apresenta "O Cerco a Leninegrado" de José Sanchis Sinisterra, que teve estreia nacional em novembro, no Auditório Municipal Eunice Muñoz em Oeiras, e que muitos de nós tiveram o prazer de ver no dia 1 de março deste ano, no Teatro José Lúcio da Silva. Eunice Muñoz, celebrou 70 anos de carreira, no dia precisamente da estreia deste espetáculo.




Em maio deste ano, Eunice Muñoz partiu os dois pulsos e ficou com uma lesão grave na cervical, na sequência de uma queda durante os ensaios da peça de Tennessee Williams "O comboio da madrugada". A apresentação da peça foi por isso cancelada até à recuperação da atriz. 
A Biblioteca Municipal aproveita para desejar rápidas melhoras.


Tenha uma boa semana e vá ao Teatro

julho 27, 2012

LEITURA DE FIM DE SEMANA



Ilustração de Yvonne van Woggelum


O que estarão a ler com tanto interesse as banhistas?
Oh! São certamente livros requisitados na 
Biblioteca Municipal.



E para que o seu fim de semana seja também um fim de semana 
 de sol e praia, acompanhado de boas leituras, 
a nossa sugestão é o livro:

Na Praia de Chesil
de Ian McEwan
Editora Gradiva




Um romance a que é impossível resistir e que se adensa à medida que a história se aproxima do fim.

Estamos em julho de 1962. Edward e Florence, ,jovens inocentes casados naquela manhã, chegam a um hotel na costa de Dorset.
Ao jantar na suíte reservada a casais em lua-de-mel, esforçam-se por dominar os medos íntimos da noite de núpcias que se avizinha...
Florence vive numa agonia aterradora por ter de enfrentar algo que abomina tão profundamente e de tal maneira que não sabe se o seu amor por Edward será suficiente para conseguir enfrentá-lo. Este por sua vez vive o medo de não conseguir atingir as expetativas  de Florence, alguém que considera inteligente, moderna e experiente.
Do confronto destes medos, calados, sem solução fácil, nascerá uma experiência que irá abalar para sempre as suas vidas de um modo devastador...

"É assim, não fazendo nada, que todo o curso de uma vida pode ser alterado".


Ian McEwan, para muitos o melhor escritor britânico da atualidade,  nasceu a 21 de junho de 1948, em Aldershot, Inglaterra.

É autor de dois livros de contos:
  • Primeiro amor, últimos ritos - Somerset Maugham Award 1976
  • Entre lençóis
E de doze romances:
  • O jardim de cimento - adaptado ao cinema em 1993
  • A criança no tempo - vencedor do Whitbread Award 1987
  • O inocente - adaptado ao cinema em 1993
  • Estranha sedução - adaptado ao cinema em 1990
  • Cães pretos
  • O sonhador
  • O fardo do amor - adaptado ao cinema em 2004
  • Amesterdão - vencedor do Booker Prize em 1998
  • Expiação - Prémios US National Book Critics Circle 2002 e WH Smith 2002 para o melhor livro de ficção, adaptado ao cinema por John Wright, tendo nos papeis principais Keira Knightley e James McAvoy
  • Sábado - Prémio James Tait Black Memorial
  • Na Praia de Chesil - nomeado para Galaxy Book of the Year 2008 nos British Book Awads onde o autor foi também nomeado para Reader's Digest of the Year
  • Solar - com edição simultânea em Portugal e Reino Unido
  • Em 2009 publicou um libreto para uma ópera de Michael Berkeley intitulado Por Ti 


Tenha um bom fim de semana, 
e não se esqueça, que 
as palavras que ficam por dizer 
são, por vezes, mais importantes do que as ditas.

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