agosto 08, 2012

FAÇAM O FAVOR DE SER FELIZES



Raul Augusto Almeida Solnado, humorista, apresentador de televisão e ator, nasceu em Lisboa a 19 de outubro de 1929. 

"Lisboeta militante ortodoxo, um dia perguntaram-lhe:
- De onde é que você é?
- De Lisboa.
- Mas de que sítio?
Ele abriu os braços como se explicasse o mundo:
- De toda."

Iniciou a sua carreira artística aos 17 anos como ator amador na Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul, onde foi colega de José Viana, Varela Silva e Jacinto Ramos.
O gosto pelo teatro levou-o a inscrever-se, em 1951, num curso noturno do Conservatório Nacional.
Em 1952 estreou-se "profissionalmente" num show no Maxime e a partir daí não mais parou fazendo opereta, revista, teatro clássico, cinema e televisão, fazendo rir e pensar.
Enfrentou os seus primeiros problemas com a censura em 1961. Solnado e Camilo de Oliveira são julgados por ofensas contra a Comissão de Exame e Classificação dos Espetáculos por terem representado falas que tinham sido previamente censuradas.


Raul Solnado, 1966, 2 dias antes da inauguração da Ponte 25 de Abril.
Fotografia de Eduardo Gageiro, capa do Século Ilustrado
Em 1960, juntamente com Humberto Madeira e Carlos Coelho, tornou-se sócio da Companhia Teatral do Capitólio. Pelo seu desempenho secundário de sacristão no filme "As Pupilas do Senhor Reitor" (1961) de Perdigão Queiroga, foi agraciado com o Prémio SNI para Melhor Interpretação Masculina.
Marcou presença num dos momentos mais emblemáticos do Cinema Novo português como protagonista, em 1962, do filme "Dom Roberto" de José Ernesto de Sousa. O seu registo dramático foi elogiado em todos os jornais. "Dom Roberto" foi o primeiro filme português a ser distinguido no Festival de Cannes com o Prémio da Jovem Crítica.

Em 1961, Solnado atingiu o auge da sua popularidade com a rábula "A História da Minha Ida à Guerra de 1908", representada pela primeira vez na Revista Bate o Pé. Conseguiu pôr Portugal a rir de uma guerra sem sentido, numa altura em que a guerra colonial era um assunto tabu. A rábula foi editada em disco, tornando-se um fenómeno de vendas pouco usual para a época e, superou inclusivamente as vendas dos discos da Amália Rodrigues.


Foi com Carlos Cruz e Fialho Gouveia que em 1969, Raul Solnado apresentou na RTP um programa inovador e que se tornou um marco na programação televisiva: o Zip-ZipUma mistura de talk-show com números cómicos e musicais que alcançou grande sucesso.
Solnado viria a estar presente noutro êxito televisivo, em 1977: A Visita da Cornélia. 

Voltou ao cinema, em 1987,  pela mão do realizador José Fonseca e Costa, num impressionante papel dramático como inspetor Elias Santana em "A Balada da Praia dos Cães".

Na televisão protagonizou, com Armando Cortez e Margarida Carpinteiro, a sitcom "Lá em Casa Tudo Bem" em 1987. Participou nas telenovelas "A Banqueira do Povo" em 1993 e em 2000 em "Ajuste de Contas". Ainda em 2000, participou no telefilme da SIC "Facas e Anjos", onde pôde realizar o velho sonho de vestir a pele de um palhaço.



Editou, em 1991, a sua biografia "A Vida Não se Perdeu", que a Biblioteca Municipal  dispõe para empréstimo domiciliário.
Foi sua a ideia de criar a Casa do Artista, concretizada depois por Armando Cortez, Manuela Maria e Carmem Dolores e, inaugurada oficialmente em setembro de 1999.

Voltou aos palcos em 2001 com a peça "O Magnifico Reitor" de Freitas do Amaral. Recebe o Prémio Carreira Luís Vaz de Camões.

Foi homenageado em 2002 com a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa e recebeu, a 10 de junho de 2004, do Presidente Jorge Sampaio a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

Grava o seu último trabalho televisivo em 2009, " As Divinas Comédias", uma série de quatro programas produzidas pelas Produções Fictícias, para a RTP1, apresentadas por Bruno Nogueira e pelo próprio Raul Solnado, numa conjugação de duas gerações de humoristas portugueses.


A sua carreira de cinco décadas  de sucessos fizeram de Solnado uma das maiores vedetas populares do nosso meio artístico.

Aos 79 anos de idade, a 8 de agosto de 2009, faleceu vítima de uma doença cardiovascular.


A infância está perdida
A mocidade está perdida
Mas a vida não se perdeu
                                                                                         Carlos Drummond de Andrade



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