abril 09, 2021

COMAM!

"- Comam! - disseram do canto da sala, e era pouco mais do que um convite e menos do que uma ordem. (...)
Para ela, naquele dia, nada de sobremesa. Mas coube-lhe os ovos e o puré de batata: os ovos eram uma das comidas favoritas do Führer, gostava deles polvilhados com cominhos: o cheiro adocicado entrava-me pelo nariz."

Margot Wöelk, 1917-2014

Margot Wöelk foi uma das 15 mulheres que provavam a comida de Hitler antes das refeições, para evitar que morresse envenenado pelos seus inimigos, e foi a única que sobreviveu. As suas colegas morreram assassinadas pelo exército soviético.
Durante décadas manteve o seu passado escondido de todos, até perto da sua morte, em 2014, só aceitando falar, em 2012, para o canal alemão RBB.




"Não comíamos carne porque Hitler era vegetariano. A comida era boa, mesmo muito boa, mas não podíamos desfrutar, pois existiam rumores de que os Aliados pretendiam envenenar o ditador. Unicamente queria contar o que aconteceu, que Hitler era um tipo asqueroso... e um porco".




Quando Rosella Postorino tomou conhecimento da história de Margot Wöelk, tentou entrar em contacto com ela, tentativa essa que se frustrou com a sua morte em 2014. 
Empenhada em contar esta história, Rosella Postorino documenta-se para escrever este livro, a nossa sugestão de leitura para o seu fim de semana (possivelmente) com chuva.
"Para ser fiel ao seu contexto histórico, tive que estudar a alimentação do Führer, as receitas dos pratos que comia, cartas, entrevistas, livros, perfis psicológicos, romances com ambientes dessa época ... um estudo muito vasto, que me permitiu conhecer os detalhes, para dar credibilidade ao relato. As linhas gerais da vida de Wölk (Rosa Sauer), são reais. O resto é ficção."

Rosella Postorino a receber o Prémio Campiello

Rosella Postorino nasceu a 27 de agosto de 1978. Vive em Roma e é uma escritora e editora de sucesso, tendo traduzido alguns livros de Marguerite Duras.
Em 2004 estreou-se na ficção com um conto e em 2007 escreveu o seu primeiro romance, La stanza di sopra, finalista do Prémio Stega e vencedor dos Prémios Rapallo Primeira Obra e Città di Santa Marinella. Seguiram-se novos romances e novos prémios.
Em 2018, As Provadoras de Hitler, o seu livro de estreia em Portugal, ganhou um dos mais importantes prémios literários em Itália, o Campiello e o Prémio Jean Monnet de Literatura Europeia, entre outros.
Os direitos de tradução deste romance já foram adquiridos por cerca de trinta países, estando prevista a sua adaptação ao cinema.

"Postorino tem a capacidade de transmitir na perfeição, 
e num só gesto, sentimentos de culpa, vergonha, amor e remorso..."
                                                                    The New York Times Book Review








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