Naguib Mahfouz foi um homem à frente do seu tempo. Muito antes de se verificarem as concentrações na Praça Tahrir, que recentemente conduziram à queda do regime de Hosni Mubarak, "Mahfouz foi um escritor numa época em que as pessoas com uma caneta poderiam ser heróis. Ícones do espírito nacional. (...) A marca duradoura de Mahfouz no mundo será seguramente uma medida da profundidade da sua convicção no poder da ficção - na capacidade de o mito e a história serem linhas orientadoras da nossa vida". Texto do Washington Post logo após a sua morte.
Faleceu no Cairo a 30 de agosto de 2006, com 94 anos.
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, nasceu a 11 de dezembro de 1911, em Gamaliya, Cairo. Filho de um funcionário público, teve acesso a uma educação esmerada. Após ter concluído os seus estudos secundários, matriculou-se na Universidade do Cairo, onde se licenciou em 1934. Enquanto realizava uma pós-graduação, Mahfouz decidiu ser escritor e começou a colaborar na imprensa com artigos e contos. Em 1939 tornou-se funcionário público no Ministério dos Assuntos Islâmicos.
Publicou mais de 50 romances, 350 contos e dezenas de guiões para cinema.
Em 1988 tornou-se o primeiro escritor em língua árabe a receber o Nobel da Literatura. No Egito, o presidente Hosni Mubarak recusou-se a cumprimentá-lo. Porém, na Europa e nos Estados Unidos os seus livros foram sucesso de vendas.
Durante a controvérsia dos "Versículos Satânicos" de Salman Rushdie, expressou publicamente o seu apoio ao escritor britânico.
Sempre defendeu a tolerância e a moderação e foi um dos poucos intelectuais egípcios e árabes a aprovar os acordos de paz entre o Egito e Israel em 1979. Apesar de se ter declarado solidário com a "Causa Palestiniana", os seus livros foram boicotados em muitos países árabes.
Em 1944, enquanto saía da sua casa no Cairo, foi esfaqueado no pescoço por um fundamentalista islâmico, cuja ação foi inspirada numa declaração feita pelo clérigo radical Omar Abdel-Rahman, segundo a qual os livros de Mahfouz eram uma blasfémia e o seu autor merecia morrer.
Para ficar a conhecer este autor, galardoado com o Nobel da Literatura em 1988, a Biblioteca Municipal sugere-lhe este livro, "Khan al-Khalili".
Sinopse: "Estamos em 1942, a II Guerra Mundial está no auge e a Campanha na África assola a costa norte do Egipto até al-Alamein. Tendo por pano de fundo este conflito internacional, o romance acompanha a história dos Akif, uma família da classe média que se refugia em Khan al-Khalili, o histórico e fervilhante bairro do Cairo. Acreditando que as forças alemãs nunca bombardearão uma parte religiosa tão famosa da cidade, esperam ficar em segurança entre as vielas apinhadas, os cafés animados e as mesquitas antigas. Pelos olhos de Ahmad, o filho mais velho da família Akif, Naguib Mahfouz dá-nos uma visão complexa de Khan al-Khalili".
Boas Leituras
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