Mostrar mensagens com a etiqueta FAZIA ANOS HOJE. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta FAZIA ANOS HOJE. Mostrar todas as mensagens

agosto 22, 2012

É PÔR NUMA MESMA LINHA DE MIRA A CABEÇA, O OLHO E O CORAÇÃO


"Tirar fotos é prender a respiração quando todas as faculdades
 convergem para a realidade fugaz"
                                                                                                           Henri Cartier-Bresson


Henri Cartier-Bresson era o "fotógrafo do imediato", justamente porque o seu lema era: "Fotografar é lutar com o tempo e captar o acaso". Foi um dos fotógrafos mais importantes de século XX e é considerado o pai do fotojornalismo.

Nasceu a 22 de agosto de 1908, em Chanteloup-en-Brie, França, descendente de uma família proeminente da indústria têxtil. Concluiu pintura e filosofia na Universidade de Cambridge e, em 1931, influenciado pelo movimento surrealista, tornou-se fotógrafo profissional.
Em 1939 viajou para África, onde permaneceu durante um ano. E foi aí, em África, que a sua vida mudou. Deixou a pintura e dedicou-se em exclusivo à fotografia. Quando voltou a Paris, comprou uma Leica  formato 35mm que o acompanhou durante toda a vida.
Durante a Segunda Guerra Mundial foi, durante 3 anos, prisioneiro num campo de concentração na Alemanha. Conseguiu fugir, juntou-se à Resistência Francesa e, em 1945, fotografou a libertação de Paris. 

Henri Cartier-Bresson, Cremação de Gandhi, 1948
Em 1947, Cartier-Bresson, Robert Capa, David Seymour e George Rodger, fundaram a Agência Magnum
Entre 1948 e 1950, passou a maior parte do tempo na Índia, Paquistão, China e Indonésia. 
Fotografou o fim do domínio britânico na Índia, conheceu  Gandhi, fotografou os seus últimos dias de vida  e, por fim, fotografou  a sua cremação.





Na China fotografou os primeiros meses de Mao Tse Tung durante a Revolução Cultural. Foi também o primeiro fotografo da Europa Ocidental a fotografar livremente a vida na União Soviética. Durante esse período estabeleceu a sua reputação como foto-jornalista de incomparável sensibilidade e habilidade. As suas fotografias captaram os novos acontecimentos da época e a vida cultural dos países que fotografou.

Guarda de Honra na Cerimónia da Comemoração
da Libertação de Leninegrado, 1973


Martin Luther King, 1961

Na década de 1950 foram editados vários livros com as suas fotografias, sendo o mais importante e o mais conhecido "Images à la Sauvette". 
Não usava tripé, somente a sua Leica na mão, para justamente passar despercebido e não perder o momento certo, o momento decisivo. A fotografia por si só não o interessava, somente a reportagem fotográfica, onde homem e mundo comunicam. 

Trafalgar Square no Dia da Coroação de George VI, 1937
Em 1966, Cartier-Bresson retirou-se da Magnum, mas permitiu que a Agência continuasse a divulgar as suas fotografias. Aos 62 anos, em 1970, casou com a fotógrafa Martine Frank, que faleceu no passado dia 16 de agosto. Em 2003 criou uma Fundação com o seu nome.
A 2 de agosto de 2004, aos 96 anos de idade, faleceu em Cereste, França.

"Os fotógrafos têm a mesma função dos poetas: eternizar o momento que passa."
                                                                                                                 Mário Quintana 


Gosta de fotografia?
Sabia que temos uma secção de fotografia?

Visite-nos



agosto 16, 2012

NÃO DEVEMOS RESISTIR ÀS TENTAÇÕES: ELAS PODEM NÃO VOLTAR


Esta é a verdade: a vida começa quando a gente compreende que ela não dura muito
                                                                                                                Millôr Fernandes 


Millôr Fernandes, escritor, dramaturgo, cartonista e humorista que marcou a cultura brasileira,  nasceu a 16 de agosto de 1923 no Méier, subúrbio do Rio de Janeiro.
Nasceu Milton Viola Fernandes, mas graças a uma má caligrafia, ficou registado Millôr, facto que só veio a saber já adolescente.
Vendeu o seu primeiro desenho para o Jornal do Rio de Janeiro aos dez anos de idade. 
Em 1938 começou a trabalhar como repaginador e contínuo no semanário O Cruzeiro. Nesse mesmo ano, sob o pseudónimo de "Notlim", ganhou um concurso de contos na revista A Cigarra. 


Em 1956 dividiu o primeiro lugar na Exposição Internacional do Museu da Caricatura de Buenos Aires com o desenhador norte-americano Saul Steinberg. No ano seguinte teve direito a uma exposição individual das suas obras no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.


Passou a assinar Millôr os seus textos publicados na revista O Cruzeiro, em 1962. Mas deixou a revista no ano seguinte, por causa de uma polémica causada com a publicação de A Verdadeira História do Paraíso, considerada ofensiva pela Igreja Católica.
Colaborou, a partir de 1964, com o jornal português Diário Popular e obteve o segundo Prémio do Salão Canadiano de Humor.
Em 1968 começou a trabalhar na revista Veja. 
Nos anos seguintes escreveu peças de teatro, textos de humor e poesia, além de volar a expor no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, mas dizia que não tinha obra. Isso " É coisa de pedreiro".
Traduziu, do inglês e do francês, várias obras, principalmente peças de teatro, entre elas os clássicos de Sófocles, Shakespeare, Moliére, Brecht e Tennessee Williams.
Millôr leu o Memorial de Convento, de José Saramago e fez referência na sua coluna do Jornal do Brasil, onde a sua opinião conta. Saramago, escritor quase anónimo, tornou-se um sucesso imediato dos leitores brasileiros.



Deixou uma marca de humor inteligente e ácido, que produziu frases como:
  • Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim.
  • A justiça pode se cega: mas que olfato!
  • Os nossos amigos podem não saber muitas coisas, mas sabem sempre o que fariam no nosso lugar.
  • O cara só é verdadeiramente ateu quando está bem de saúde.
  • Errar é humano. Ser apanhado em flagrante é burrice.
  • O dinheiro não só fala, como faz muita gente calar a boca
Foi um dos criadores do "O Pif-Paf". Só durou oito edições, mas o jornal foi considerado um dos iniciadores da imprensa alternativa no Brasil. Foi ainda um dos colaboradores de "O Pasquim", reconhecido no seu papel de oposição à ditadura militar.
Foi uma das primeiras personalidades brasileiras a ter espaço de destaque na internet, inaugurando o seu site no ano 2000. Tinha mais de 368 mil seguidores no Twitter.

Quando, numa entrevista, lhe perguntaram se era um homem feliz depois dos 80 anos, respondeu:
"E porque não seria? Tenho o controlo absoluto em tudo o que faço, menos em comprar roupa, atividade sobre a qual confesso toda a minha ignorância. (...) Ser feliz não é andar de sorriso rasgado pelas ruas, mas sentir-se bem consigo mesmo. Nesse sentido cheguei ao limite da felicidade". 

A 27 de março deste ano, aos 88 anos de idade, faleceu no Rio de Janeiro.

A atriz Fernanda Montenegro, vai sugerir ao perfeito do Rio de Janeiro, que seja cumprida a última vontade de Millôr: "A única homenagem que eu quero é um banquinho no Arpoador, para o pessoal poder olhar o pôr do sol".

Tenha um bom dia  e como dizia Millôr Fernandes

"Não há problema algum que não caiba no dia seguinte"




abril 09, 2012

Há sempre alguém que resiste, Há sempre alguém que diz não...

"Lembro-me de uma vez, era eu ainda um novato nisto das cantigas, íamos cantar com o Zeca Afonso à Marinha Grande. O recinto estava repleto de GNR; ia eu a recuar para trás do piano quando o Adriano colocou a mão no meu ombro e me disse: "Anda cá , pá, não há azar".
                                                                                                              Vitorino, in Adriano Presente!




Adriano Correia de Oliveira, intérprete do Fado de Coimbra e músico de intervenção, nasceu em Avintes a 9 de abril de 1942.
Em Coimbra, para onde foi estudar Direito em 1959, deparou-se com uma intensa atividade estudantil e cultural. É em Coimbra que toma contacto com o forte movimento antifascista estudantil, ao qual adere desde a primeira hora e, ainda "caloiro", iniciou-se no teatro e na música.
Com uma grande sensibilidade para a poesia e para a música popular, dotado de um timbre de voz único e de uma intensa emoção que colocava nos temas que interpretava, iniciou uma carreira musical muito própria.

Fausto, Adriano, Zeca

Em 1963, edita o seu primeiro disco de vinil, "Fados de Coimbra", que continha "Trova do Vento que Passa", poema de Manuel Alegre e uma balada fundamental da sua carreira. Esta música foi cantada pela primeira vez numa festa de receção ao caloiro da Faculdade de Medicina de Lisboa e Adriano teve de repeti-la seis vezes, transformando-a numa espécie de hino do movimento estudantil.
Entre 1960 e 1980, grava mais de noventa temas, que constituíram aquela que é uma das mais ricas obras musicais do século XX português. Antes e depois do 25 de Abril percorre o país e o mundo com a sua voz, carregada de esperança, em espetáculos musicais e em sessões e comícios do seu partido.
Em 1969 edita "O Canto e as Armas", com vários poemas de Manuel Alegre. Nesse mesmo ano, pelo conjunto da sua obra recebe o Prémio Pozal Domingues.
Em 1975 lançou "Que Nunca Mais", com direção musical de Fausto e textos de Manuel da Fonseca. Este disco levou a revista inglesa Music Week a elegê-lo como Artista do Ano.
Faleceu a 16 de outubro de 1982, aos 40 anos de idade.


Nos últimos dias da sua vida, Ary dos Santos escreveu um conjunto de sonetos, entre os quais este, em homenagem ao seu amigo Adriano Correia de Oliveira.


Memória de Adriano

Nas tuas mãos tomaste uma guitarra.
Copo de vinho de alegria são
Sangria de suor e cigarra
Que à noite canta a festa da manhã.

Foste sempre o cantar que não se agarra
O que à terra chamou amante e irmã
mas também português que investe e marra
Voz de alaúde e rosto de maçã.

O teu coração de ouro veio do Douro
num barco de vindimas de cantigas
tão generoso como a liberdade.

Resta de ti a ilha de um Tesouro
A joía com as pedras mais antigas.
Não é saudade, não! É amizade.
Ary dos Santos



Veja AQUI a bibliografia de Adriano Correia de Oliveira existente na Biblioteca Municipal. 

Tenha uma boa semana com boa música

abril 04, 2012

CAMINHAIS EM DIREÇÃO DA SOLIDÃO. EU, NÃO, EU TENHO OS MEUS LIVROS

Marguerite Duras é provavelmente a mais célebre escritora francesa. Nasceu a 4 de abril de 1914, na Indochina, atual Vietname, com o nome de Marguerite Donnadieu.
Passou a infância e a juventude  na Indochina, com a mãe e os dois irmãos, facto que marcou profundamente a sua vida e obra.  Aos 17 anos mudou-se para Paris, onde estudou Direito e Ciências Políticas na Universidade de Sorbonne, tendo-se licenciado em 1935.
Adotou o nome Duras, inspirada numa localidade perto do sítio onde o pai, falecido quando tinha 4 anos, possuía propriedades. Foi trabalhar até 1941, para o Ministério das Colónias e, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) fez parte da Resistência e filiou-se no Partido Comunista.
Em 1942, editou o seu primeiro romance "Les Impudents".
No final da guerra trabalhou como jornalista na revista Observateur e continuou a escrever, tendo alcançado o reconhecimento da sua obra com três romances editados entre 1950 e 1955:
Une Barrage Contre ja Pacifuque (Uma Barragem contra o Pacífico), Le Marin de Gibraltar (O Marinheiro de Gibraltar) e Le Square (O Jardim).

Marguerite Duras e Gerard Depardieu

Em 1959, escreveu o argumento do filme Hiroshima Mon Amour (Hiroshima Meu Amor), realizado por Alain Resnais e foi nomeada para um Oscar da Academia de Hollywood.
A sua paixão pelo cinema ficou patente na década de 70, altura em que escreveu e realizou diversos filmes, como Camion, com Gerard Depardieu.



Em 1984, regressou às grandes obras literárias com L'Amant (O Amante), romance semi-autobiográfico sobre a sua juventude na Indochina e que reflete as paisagens e as personagens da colónia francesa.  O livro ganhou o Prémio Goncourt, o mais prestigiado galardão literário francês. Oito anos mais tarde, foi realizado pelo francês Jean-Jacques Annaud, um filme baseado no romance.

 
Em 1985, lançou uma coletânea de contos, La Douleur (a Dor), inspirada na situação que viveu no pós-guerra, quando teve de tratar do marido que sobreviveu aos campos de concentração nazis. Após a sua recuperação, separou-se e, casou com outro homem.
Desde 1980 que Duras mantinha uma relação conturbada com Yann Andréa Steiner, 38 anos mais novo e obcecado pelos seus livros. Andréa Steiner escreveu dois livros sobre o período que viveu com Duras, quando a criatividade dela já estava ofuscada por problemas com o álcool. Apesar de tudo, o casal viveu junto até à morte da escritora, a 3 de novembro de 1996, em Paris. 

Quem foi Marguerite Duras?
"(...) Porque a vida de Marguerite é também a de uma criança do nosso século, de uma mulher profundamente empenhada nas coisas do seu tempo, pelas quais abraçou os combates principais.
(...) Porque se ela foi a escritora do Amor, foi também a militante dos direitos das mulheres e a defensora apaixonada do prazer feminino. Reivindicou sem cessar o direito ao prazer, e foi ao longo da vida uma notável apaixonada."
Este livro encontra-se disponível para empréstimo domiciliário.


"Creio que nada substitui a leitura de um texto, nada substitui a memória de um texto, nada, nenhum jogo".

Veja AQUI a bibliografia de Marguerite Duras disponível para empréstimo domiciliário.


dezembro 05, 2011

KEEP MOVING FORWARD - Continue seguindo em frente

No aniversário dos seus 110 anos, a Biblioteca Municipal recorda Walt Disney

Walt Disney nasceu em Chicago a 5 de dezembro de 1901. Após o seu nascimento, a família Disney mudou-se para Marceline, no Missouri, onde Walt viveu a maior parte da sua infância. Desde muito novo que Walt demonstrou interesse pela arte. Para ganhar algum dinheiro extra, vendia com frequência os seus desenhos aos vizinhos. Mais tarde, ingressou na High School de McKinley, em Chicago, onde estudou arte e fotografia.
Em 1918, durante a Primeira Guerra Mundial, Walt tentou alistar-se no serviço militar, mas não foi aceite devido à sua idade, tinha apenas 16 anos.
Ofereceu então os seus préstimos à Cruz Vermelha, tendo sido enviado para França, onde permaneceu um ano como condutor de ambulância a qual, em vez de ostentar uma camuflagem normal, estava coberta com os seus desenhos.

Após o seu regresso da França, iniciou , com uma pequena companhia chamada Laugh-O-Grams, a sua carreira em arte comercial. Mas devido ao pouco sucesso, decidiu ir para Hollywood e aí começar de novo.
Em 1928, surge a sua primeira personagem, o rato Mickey, à qual se seguem, nos anos seguintes, muitas outras: Donald, Pateta, Pluto, Tio Patinhas, Minnie...
Em 1937, realiza a sua primeira longa metragem de animação: Branca de Neve e os sete anões.
Seguiram-se outras produções, umas com imagens animadas, outras com imagens reais, outras, ainda, fundindo os dois géneros como foi o caso, em 1964, de Mary Poppins.

Para além de estúdios cinematográficos, o vasto império criado por Walt Disney inclui diversos parques temáticos (Disneylândia, Eurodisney), inúmeros canais de televisão e elevados rendimentos originados pela venda direta de filmes e livros e dos direitos de utilização, por outras entidades, das imagens das personagens por si criadas.
Walt Disney é o recordista de nomeações ao Oscar, com 59 e é igualmente recordista em número de Oscars entregues, com 22. Ganhou também 4 Oscares honorários.
A 15 de dezembro de 1966, com 65 anos, Walt Disney faleceu em Los Angeles, Califórnia.

"Hoje já não durmo para descansar, durmo para sonhar"
                                                   Walt Disney

Traga as suas crianças e venha também sonhar na Sala Infantil da sua Biblioteca,
onde as personagens Disney esperam por si.

novembro 16, 2011

JOSÉ SARAMAGO, 1922-2010

                                                                                                                          José Saramago



Hoje, 16 de novembro, comemora-se o 89º aniversário de José Saramago e o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa fará a entrega oficial da chave da Casa dos Bicos à Fundação José Saramago.
A abertura pública da Casa está prevista para a primavera de 2012.

Numa iniciativa da Fundação José Saramago, Produções Fictícias, Teatro São Luiz e Editorial Caminho, a celebração do aniversário do escritor contará com a participação de Pilar del Río, sua mulher e presidente da fundação, de escritores e amigos, como Baptista-Bastos, Lídia Jorge, Valter Hugo Mãe, Gonçalo M. Tavares, João Tordo, José Carlos de Vasconcelos, Inês Pedrosa e José Luís Peixoto.
O aniversário do escritor será ainda recordado com a exibição do documentário "José & Pilar", em simultâneo, nos Centros Culturais de capitais e cidades de língua portuguesa.
O documentário "José & Pilar", de Miguel Gonçalves Mendes, que relata dois anos de vida pública e privada de José Saramago, é candidato a uma nomeação para os Óscares de 2012.


"Claraboia", o romance de juventude deixado inédito por José Saramago e que acaba de chegar às livrarias, numa edição da Caminho, será também lançado hoje, numa sessão pública, com início às 18h00, no Jardim de Inverno do Teatro São Luíz, e que será conduzida por Nuno Artur Silva e Anabela Mota Ribeiro.

"(...) O lançamento de Claraboia, o segundo romance que o Prémio Nobel português escreveu, e que por peripécias do destino ficou inédito - enviado à Editorial Notícias para eventual publicação, a resposta só chegou passados 40 anos...-, surge aos olhos de Pilar del Río como um prolongamento da intensa relação que o escritor manteve com os seus leitores".
in  pág 8, do Jornal de Letras, de 16 de novembro.


 

Demissão

Este mundo não presta, venha outro.
Já por tempo de mais aqui andamos
A fingir de razões suficientes.
Sejamos cães do cão: sabemos tudo
De morder os mais fracos, se mandamos,
E de lamber as mãos, se dependentes.

José Saramago,
in "Os poemas Possíveis"



Esta não é a primeira vez que divulgamos José Saramago e a sua obra e certamente não será a última. Faça a sua própria pesquisa no nosso blog e certamente encontrará mais informação, que fomos publicando ao longo deste ano, acerca do escritor. 


CONVIDAMO-LO A CONHECER MELHOR 
- José Saramago -
VENHA À BIBLIOTECA MUNICIPAL


novembro 10, 2011


"Ó Portugal! Como és belo, na diversidade acolhedora da tua paisagem, na pureza e nos caprichos da tua atmosfera, na melancólica bondade da tua gente! Ó Portugal, país querido! Sairás do longo pesadelo, sairás dele, decerto. O povo acorda e luta. O partido está finalmente à altura do seu povo".
Manuel Tiago, in "Até Amanhã, Camaradas", pág 37

Álvaro Cunhal nasceu na freguesia da Sé Nova, em Coimbra, no dia 10 de novembro de 1913. A sua infância foi vivida em Seia, terra do seu pai. Iniciou a sua atividade revolucionária enquanto estudante na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Aí começou a nascer aquele que, mais tarde, haveria de se afirmar como o símbolo da resistência ao Estado Novo e o principal inimigo político do Salazarismo. De certa forma, a história de Álvaro Cunhal confunde-se com a história de Salazar.

Desde muito novo Álvaro Cunhal participou no movimento associativo e, em 1934, foi eleito representante dos estudantes no Senado Universitário. Passa a ser militante da Federação da Juventude Comunista Portuguesa, sendo eleito secretário-geral em 1935, ano em que passa à clandestinidade e participa, em Moscovo, no VI Congresso Internacional Juvenil Comunista. Foi membro do Partido Comunista Português desde 1931.

Preso em 1937 e 1940 e submetido a tortura, Álvaro Cunhal voltou imediatamente à luta assim que foi libertado. Participou na reorganização do PCP, em 1940-1941. Vivendo de novo na clandestinidade, foi membro do secretariado de 1942 a 1949. Preso de novo nesse ano, fez no tribunal uma severa acusação à ditadura e a defesa da política do Partido. Condenado, permanece 11 anos seguidos na cadeia, quase 8 dos quais em completo isolamento.

"Vivi muitos anos na clandestinidade. Desde a minha juventude ao 25 de Abril, com pequenos intervalos. (...)
Eu gosto, por exemplo, de desenhar, e até estão publicados alguns desenhos meus. Mas não gosto muilto de falar sobre isso: se desenho ou não, se pinto ou não. Gosto de escrever, mas não é meu hábito dizer se estou ou não a preparar algum trabalho".
Entrevista a "O independente" a 15/05/1990 retirado o Iº vol  "Álvaro Cunhal: uma biografia política" de José Pacheco Pereira



Em 1940, Álvaro Cunhal foi escoltado pela polícia à faculdade de Direito, onde apresentou a sua tese de licenciatura em Direito, sobre a temática do aborto e a sua despenalização. A sua tese, apesar do contexto político, foi classificada com 16 valores. Do júri fazia parte Marcelo Caetano.
A 3 de janeiro de 1960 evadiu-se da prisão de Peniche com um grupo de destacados militantes comunistas. Em 1960 presidiu à Conferência dos Partidos Comunistas da Europa Ocidental. Nesse encontro, foi um dos mais firmes apoiantes da invasão da então Checoslováquia pelos tanques do Pacto de Varsóvia, ocorrida nesse mesmo ano.


Depois da queda do regime, a 25 de Abril de 1974, foi ministro sem pasta dos primeiros  quatro governos provisórios e eleito deputado à Assembleia Constituinte e em 1975 à Assembleia da República até 1987. Foi membro do Conselho de Estado de 1982 a 1992.
Além das suas funções na direção partidária, foi romancista e pintor, escrevendo sob o pseudónimo de Manuel Tiago, facto que só revelou a 14 de dezembro de 1994, no dia do lançamento do livro "A Estrela de Seis Pontas".
Faleceu a 13 de junho de 2005, em Lisboa.


Álvaro Cunhal ficou na memória como um comunista que nunca abdicou do seu ideal.

Em 2007, os telespetadores portugueses, votaram na eleição do "Maior Português de Sempre" no âmbito do programa da RTP1 "Os Grandes Portugueses", dando o segundo lugar ao líder comunista Álvaro Cunhal, com 19,1%. Curiosamente os portugueses votaram em António de Oliveira Salazar, com 41%, como o "Maior Português de Sempre".

Na Biblioteca Municipal encontra AQUI a bibliografia de
 Álvaro Cunhal e AQUI a sua biografia.

Visite-nos

novembro 07, 2011

QUANDO PENSO EM VOCÊ, FECHO OS OLHOS DE SAUDADE

"De que são feitos os dias?
De pequenos desejos, vagarosas saudades, silenciosas lembranças"
                                                                                      Cecília Meireles


"Nascida no Rio de Janeiro em 7 de novembro de 1901, Cecília Meireles descendia, pela linha materna, de uma família açoreana da Ilha de São Miguel; português - mas do continente- era igualmente o avô paterno e portugueses também, por esse ramo, os respectivos antepassados. A estes vínculos de sangue lusíada, que já de seriam por si tão determinantes na formação de uma personalidade poética, Cecília Meireles desde muito cedo acrescentou aqueles outros que provêm da aquisição cultural, - e toda a sua obra testemunha, exuberantemente, a mais estreita familiaridade com a poesia portuguesa". David Mourão-Ferreira, in Antologia Poética


Órfã de pai e mãe, Cecília Meireles foi criada pela sua avó portuguesa, D. Jacinta Garcia Benevides. Aos nove anos começou a escrever poesia e publicou o seu primeiro livro de poesia "Espectro" em 1919, com dezoito anos de idade.


"Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretam muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi esses relações entre o Efémero e o Eterno".

Em 1922 casa-se com o pintor português Fernando Correia Dias. Em 1930 e 1931, mantém no Diário de Notícias uma página sobre problemas de educação. Organiza a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro em 1934.
Em Portugal profere conferências sobre literatura brasileira. De 1935 a 1938 leciona literatura luso-brasileira e de técnica e crítica literária, na Universidade do Distrito Federal. Leciona literatura e cultura brasileira nos Estados Unidos, em 1940, na Universidade do Texas.
Em 1942, torna-se sócia honorária do Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro.
Faz inúmeras viagens aos Estados Unidos, à Europa, à Ásia e à África, fazendo conferências sobre literatura, educação e folclore, em cujos estudos se especializou.

"Não deixe portas entreabertas. Escancare-as ou bata-as de vez. Pelos vãos, brechas e fendas passam apenas semiventos, meias verdades e muita insensatez"
                                                                                                      Cecília Meireles

A sua poesia, traduzida para espanhol, francês, italiano, inglês, alemão, húngaro, hindu e urdu, e musicada por Alceu Bocchino, Luis Cosme, Norman Frazer, entre outros, foi assim julgada pelo crítico Paulo Rónai: "Considero o lirismo de Cecília Meireles o mais elevado da moderna poesia de língua portuguesa. Nenhum outro poeta iguala o seu desprendimento, a sua fluidez, o seu poder transfigurador, a sua simplicidade e o seu preciosismo, porque Cecília, só ela, se acerca da nossa poesia primitiva e do nosso lirismo espontâneo ...A poesia de Cecília Meireles é uma das mais puras, belas e válidas manifestações da literatura contemporânea".



Faleceu no Rio de Janeiro a 9 de novembro de 1964, sendo-lhe prestadas grandes homenagens públicas. O seu corpo foi velado no Ministério da Educação e Cultura. Recebeu, ainda em 1964, o Prémio Jabuti de Poesia, pelo livro "Solombra", concedido pela Câmara Brasileira do Livro.


Não sejas o de hoje.
Não suspires por ontens.
Não queiras ser o de amanhã.
Faze-te sem limites no tempo.
Vê a tua vida em todas as origens.
Em todas as existências.
Em todas as mortes.
E sabes que serás assim para sempre.
Não queiras marcar a tua passagem.
Ela prossegue.
É a passagem que se continua.
É a tua eternidade.
és tu.

O amor é difícil para os indecisos.
É assustador para os medrosos.
Avassalador para os apaixonados!
Mas, os vencedores no amor são os fortes.
Os que sabem o que querem e querem o que tem!
Sonhar um sonho a dois e nunca desistir da busca de ser feliz, é para poucos!

Cecília Meireles é inquestionavelmente um dos maiores nomes da poesia de língua portuguesa. Segundo Fabrício Carpinejar, ela está ao nível de Carlos Drummond de Andrade, de Fernando Pessoa e de Luís Vaz de Camões.

Foram só dois os poemas de Cecília Meireles que aqui vos deixamos,
os outros pode lê-los AQUI.
É só vir à sua Biblioteca.

Boa Semana com Boas Leituras

outubro 19, 2011

O "POETINHA" FARIA HOJE 98 ANOS

"(...) Tomara que a tristeza te convença, que a saudade não compensa e que a ausência não dá paz, e o verdadeiro amor de quem se ama, tece a mesma antiga trama que não se desfaz. E a coisa mais divina do mundo, é viver cada segundo como nunca mais".
                                                                                                                           Vinicius de Moraes

Dele disse Carlos Drummond de Andrade: "Vinicius é o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado natural. Eu queria ter sido Vinicius de Moraes".

Marcus Vinicius da Cruz de Melo Moraes, mais conhecido por Vinicius de Moraes, foi de tudo um pouco. Poeta, compositor, diplomata, dramaturgo, jornalista, além de galanteador e boémio. Nasceu a 19 de outubro de 1933, no Rio de Janeiro.
Poeta essencialmente lírico, também conhecido como "Poetinha", apelido  atribuído por Tom Jobim, notabilizou-se pelos seus sonetos.


Considerado como o "mais romântico dos poetas" da sua geração, a obra de Vinicius é extensa. Não se resume apenas à poesia, mas passa também pela prosa, dramaturgia, jornalismo, diplomacia e música. No campo musical, o "Poetinha" teve como principais parceiros Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque, Carlos Lyra.
Mas foi da sua parceria com Tom Jobim que resultaram grandes sucessos tais como: "Se Todos Fossem Iguais a Você", "A Felicidade", "Chega de Saudade", "Eu Sei Que Vou Te Amar" e uma das canções mais gravadas em todo o mundo, "Garota de Ipanema".


"Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim".
                                                                              Vinicius de Moraes, in "Procura-se um amigo"

O poeta estava em Portugal, a dar uma série de espetáculos, alguns com Chico Buarque e Nara Leão, quando o regime militar emitiu o AI-5 (Ato Institucional nº 5), através do qual foi afastado compulsivamente da carreira diplomática. O motivo apontado terá sido o seu comportamento boémio, que alegadamente o  impedia de cumprir as suas funções.
Vinicius foi amnistiado após a sua morte pela justiça brasileira em 1998. Em 2006, foi oficialmente reintegrado na carreira diplomática. A Câmara dos Deputados brasileira aprovou em fevereiro de 2010 a promoção póstuma do poeta ao cargo de "ministro de primeira classe" do Ministério do Negócios Estrangeiros, o equivalente a embaixador. A lei foi publicada no Diário Oficial, no dia 22/06/2010 com o nº 12.265.

O cidadão do mundo, Vinicius de Moraes, faleceu a 17 de abril de 1980, já reconhecido como um dos maiores compositores e poetas brasileiros.




Na Biblioteca da sua cidade pode requisitar para empréstimo domiciliário o livro de Vinicius de Moraes "O operário em construção e outros poemas".

 Boa Semana com Boas leituras e Boa Música

outubro 12, 2011

PRECISAMOS TER A MÚSICA NA CABEÇA E CANTAR COM O CORPO

Luciano Pavarotti foi considerado o "maior tenor do mundo" desde o desaparecimento do "grande Caruso" em 1921. Dotado da mais execional e cara voz do mundo, o italiano soube impor-se nos palcos mais prestigiados - do Scala de Milão à Metropolitan Opera de Nova Iorque - com a sua imponente figura, a soberba barba escura e sorriso cativante.

Luciano Pavarotti, 1935-2007
Luciano Pavarotti nasceu a 12 de outubro de 1935 em Modena, Itália. Tendo decidido inicialmente pelo ensino, optou, em 1961, definitivamente pelo canto.
"A Boémia" de Puccini, a sua ópera preferida, que interpretou no palco da ópera de Reggio Emília, trouxe-lhe um êxito tal, que depressa ultrapassou as fronteiras de Itália e da Europa. "A Filha do Regimento" de Donizetti, "A Sonâmbula" de Bellini, "Guilherme Tell" de Rossini, "Rigoletto" de Verdi estão presentes em mais de 30 anos de digressões mundiais. Tendo limitado os seus concertos a cem por ano, as maiores divas - Montserrat Caballé, Kiri T Kanawa, Joan Sutherland - acompanham-no nas suas atuações.


Em julho de 1998, durante um mega concerto em Paris a partir da Torre Eiffel, José CarrerasPlácido Domingo formam com Pavarotti um trio de tenores. Acompanhou igualmente estrelas da Pop como Bono Vox, Queen, Elton John, entre outros. Apresentou-se em Hyde Park em Londres e em Central Park em Nova Iorque onde foi ouvido por mais de 500.000 pessoas. Pavarotti tem duas entradas no Livro de Recordes: o maior número de chamadas ao palco (165) e o álbum de música clássica mais vendido - "In Concert" de Os três tenores.

Pavarotti produzia anualmente na sua cidade natal, Modena, concertos de beneficência, "Pavarotti and Friends", cantando ao lado de grandes músicos tais como Sting, Bon Jovi, Tracy Chapman, Mariah Carey, para arrecadar fundos para as causas da ONU, nomeadamente para as crianças vítimas da guerra da Bósnia, Kosovo, Iraque, Guatemala.
A sua última tournée foi em 2004, aos 69 anos.
A 10 de fevereiro de 2006 cantou "Nessun Dorma" na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno em Turim. Nesse mesmo ano, em julho, descobriu um tumor no pâncraes.
Faleceu aos 71 anos, a 6 de setembro de 2007.


Luciano Pavarotti atuou duas vezes em Portugal. A primeira a 13 de janeiro de 1991 no Coliseu dos Recreios de Lisboa, num concerto denominado "Uma noite com Luciano Pavarotti". A segunda vez ocorreu em Faro, no Estádio São Luís a 21 de junho de 2000.



"A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende"
                                                                                                                       Schopenhauer


Veja AQUI os cd's de Luciano Pavarotti,
 que pode ouvir na sala de audio/vídeo da sua Biblioteca

Boa Semana com Boa Música

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...