" Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!"
Almada Negreiros, conhecido como "Mestre Almada", nasceu em S.Tomé e Príncipe a 7 de Abril de 1893. Foi um artista multidisciplinar, pintor, escritor, poeta, ensaísta e dramaturgo.
Foi também um dos principais colaboradores da Revista Orpheu.
Em 1913, apresenta na Escola Internacional de Lisboa a sua primeira exposição individual, composta de 90 desenhos; aqui trava conhecimento com Fernando Pessoa, com quem edita a Revista Orpheu, juntamente com Mário de Sá Carneiro.
Em 1954 casa com a pintora Sarah Afonso.
"Eu não sou pessimista nem optimista,
entre mim e a vida não há nenhum mal entendido"
O seu romance "Nome de Guerra", a sua obra literária mais conhecida, é publicado em 1938, treze anos depois de escrito, e é considerado um dos romances fundamentais do século XX português.
Em 1954 Almada pinta o célebre retrato de Fernando Pessoa, que em 1970 foi leiloado, atingindo o valor de 1300 contos, o valor mais alto de sempre.
Em 15 de junho de 1970 morre no Hospital de São Luís dos Franceses, no mesmo quarto em que havia falecido Fernando Pessoa.
Segundo António Ferro, Almada Negreiros não foi capaz de escolher nenhuma das artes, " as artes é que o escolheram todas a ele".
"Bem haja o povo que encontrou para seu idioma esta denunciante expressão da pessoa que é vítima de si mesma: a esperteza saloia"
Júlio Dantas, médico, poeta, jornalista e dramaturgo, é a maior figura da intelectualidade da época e afirma que a "Revista" é feita por gente sem juízo. Irónico, mordaz, provocador, Almada responde com o Manifesto Anti-Dantas, onde escreve: ..."uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos, e só pode parir abaixo de zero! Abaixo a geração! Morra o Dantas, morra! Pim!"
Reconhecimento à loucura
Já alguém sentiu a loucura
Vestir de repente o nosso corpo?
Já.
E tomar a forma dos objectos?
Sim.
E acender relâmpagos no pensamento?
Também.
E às vezes parecer ser o fim?
Exactamente.
Em tempos, Almada respondera a alguém:
"As pessoas que eu mais admiro são aquelas que nunca acabam"
Venha conhecer melhor o "Mestre Almada".
Veja AQUI a bibliografia que a Biblioteca Municipal tem à sua disposição