fevereiro 06, 2019

BEYOND DUTY

No passado dia 28 de janeiro, Portugal homenageou o diplomata Aristides de Sousa Mendes na apresentação de uma exposição na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, intitulada Beyond Duty (Além do dever).
A organização do evento foi feita em conjunto pelas missões de representação na ONU de Portugal, Israel e Peru, para comemorar o dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, assinalado no dia 27 de janeiro.
Aristides de Sousa Mendes e outros sete diplomatas internacionais, são considerados "Justos Entre as Nações" pelo Centro Mundial de Memória do Holocausto, Yad Vashem, por terem ajudado a salvar milhares de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.



Na cerimónia ouviram-se diversos discursos, entre eles o do secretário-geral da ONU, António Guterres que sublinhou a discriminação sobre as minorias, o antissemitismo e os crimes de ódio contra a humanidade que se registaram na Segunda Guerra Mundial.
Para António Guterres  os diplomatas têm o "dever moral de aplicar o Estado de direito" e "os valores democráticos" e de defender "com compaixão todos os seres humanos" e "a comunidade internacional deve "manter fresca" a memória do holocausto".


Na exposição pode ler-se:

"Aristides de Sousa Mendes, primeiro diplomata reconhecido pelo Centro Yad Vasdem como "Justo Entre as Nações". Em 1966 foi cônsul em Bordéus, França, deu vistos a milhares de judeus que tentavam escapar do nazismo e tomou a decisão de "desobedecer a instruções explícitas do seu governo", liderado por António de Oliveira Salazar.
Cerca de 15.000 a 20.000 refugiados judeus puderam entrar em Portugal e as organizações judaicas em Lisboa, como a Joint, Hias-Hicem e a Agência Judaica facilitaram a partida dos refugiados. Em 1943-1944, Portugal resgatou várias centenas de judeus portugueses da Grécia e da França, mas não ajudou 4.303 judeus holandeses de origem portuguesa, que foram consequentemente deportados para campos de extermínio."
Aristides de Sousa Mendes, Sampaio Garrido, José Brito Mendes e Joaquim Carreira são os quatro portugueses distinguidos pelo Yade Vashem, entre mais de 25 mil nomes gravados no Memorial dos Justos, em Jerusalém.

"Era inimaginável a carnificina, se tão desvairadas gentes, 
entre as quais muitos judeus,
 todas elas fugindo da suástica pelas mais variadas razões, 
não se escoassem a tempo pela fronteira, 
e as tropas vitoriosas de Hitler as encontrassem no seu caminho"



Aristides de Sousa Mendes era cônsul em Bordéus em 1940, num momento em que milhares de refugiados judeus invadiam a cidade, na sua ânsia de escapar ao avanço do Exército nazi.  tocado pelo desespero dos que acorriam ao consulado em busca de um visto para Portugal, este homem decidiu correr o risco de salvar aquela gente, contrariando frontalmente as diretivas do governo de Salazar. Em três dias passou cerca de trinta mil vistos - um terço deles a judeus.
Repreendido pelo embaixador português em Madrid, é substituído no seu cargo e imediatamente chamado a Portugal para responder pelo seu grave ato de desobediência.
Neste seu regresso a Portugal, o Cônsul não podia imaginar que esta sua viagem era o inicio de um longo calvário em que expiaria amargamente a sua insubmissão...
Expulso da carreira diplomática e sem direito a qualquer tipo de reforma, fica ainda proibido de exercer a advocacia.


Esta história verdadeira que a escritora Júlia Nery nos conta 
é o ponto de partida deste romance,
O CÔNSUL
que teve a sua primeira edição em 1991, foi reeditado em 2017, 
e faz parte das sugestões de leitura disponíveis do átrio de entrada 
da Biblioteca Municipal, durante o mês de fevereiro.






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