Fim de semana com chuva e frio e nada melhor que o nosso sofá, um chá quente e um bom livro. E para que o sofá não fique sozinho, e enquanto o chá nos aquece, a leitura do livro que lhe sugerimos, vai levá-lo a viver alguns dos acontecimentos que marcaram o século XX.
E a nossa sugestão de leitura de fim de semana é:
O homem que gostava de cães
de Leonardo Padura
Porto Editora
O título, "O homem que gostava de cães" foi "roubado" por Leonardo Padura a um conto de Raymond Chandler, onde um assassino a soldo ama os cães.
"Utilizo-o como metáfora da possível união destas três personagens tão diferentes umas das outras: um homem que fez a História [Trótski], um homem que entrou na História porque o matou [Ramón Mercader] e um homem que sofre a História [Iván]".
Em 2004, com a morte da mulher, Iván, um aspirante a escritor, relembra um episódio que lhe aconteceu em 1977, quando conheceu um homem enigmático que passeava pela praia acompanhado de dois galgos russos. Após vários encontros, "o homem que gostava de cães" começou a confidenciar-lhe relatos singulares sobre o assassino de Trótski, Ramón Mercader, de quem conhecia pormenores muito íntimos. Graças a essas confidências, Iván irá reconstituir a trajetória de Liev Davídovich Bronstein, mais conhecido por Trótski, e de Ramón Mercader, e de como se tornaram em vítima e verdugo de um dos crimes mais reveladores do século XX.
"Um grande romance, um hino às ilusões perdidas e um requisitório contra o comunismo, a utopia mais destruidora do século passado".
Livres Hebdo
"Creio que o assassinato de Trótski tem um carácter simbólico muito grande dentro da perda dessa utopia socialista. O meu livro mostra como a União Soviética, a partir da época de Estaline, sofreu um acelarado processo de dogmatização, de perversão, que acabou por converter o país numa autocracia onde só Estaline decidia. Não decidia só o que acontecia na União Soviética, decidia o que acontecia no resto dos partidos comunistas do mundo. Quem não correspondia a essa ortodoxia ficava de fora", acrescenta o escritor cubano.
Natália, Frida Kalo e Trótski na Casa Azul |
Leonardo Padura nasceu em Havana, em 1955. Licenciado em filologia, trabalhou como guionista, jornalista e crítico.
Tornou-se sobretudo conhecido pelos seus romances policiais, protagonizados pelo detetive Mario Conde, traduzidos para inúmeras línguas.
A sua obra foi distinguida com diversos prémios literários, como o Prémio Café Gijón 1995, o Prémio Hammett em 1997, 1998 e 2005, o Prémio do Livro Insular 2000, França, ou o Brigada 21 para o melhor romance do ano, além de vários prémios da crítica em Cuba e do Prémio Nacional do Romance em 1993.
Leonardo Padura é fundamentalmente um escritor, apesar de fazer investigações históricas e literárias. Gosta de utilizar a História como componente da ficção porque acredita que "a ficção é capaz de realçar a parte mais dramática da História. É muito complicado escrever romances históricos no sentido em que os acontecimentos da realidade têm a sua própria dramaturgia e os acontecimentos da literatura têm a sua, que é diferente. Têm leis diferentes"
Tenha um Bom Fim de Semana
com
Boas Leituras
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