Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas, nasceu a 19 de Janeiro de 1923 em Póvoa de Atalaia, Fundão.
Entre 1943 e 1946 Eugénio de Andrade encontra-se em Coimbra, onde estabelece relações de amizade com alguns dos maiores vultos da literatura e do pensamento portugueses da época, como Miguel Torga, Carlos de Oliveira e Eduardo Lourenço.
Privando com os grandes nomes da literatura portuguesa, tanto da sua geração como das seguintes, Eugénio foi amigo íntimo de poetas de estéticas muito diversas – como Sophia de Mello Breyner Andresen, Mário Cesariny ou Luís Miguel Nava – e de críticos consagrados, como Óscar Lopes, António José Saraiva, João Gaspar Simões, Fernando Pinto do Amaral e Arnaldo Saraiva; por outro lado, poeta do mundo, entusiasta de viagens dentro e fora de Portugal, que poeticamente descreve, conhece e corresponde-se com autores estrangeiros, como Angél Crespo, Vicente Aleixandre, Luís Cernuda e Marguerite Yourcenar.
A casa do poeta, no Passeio Alegre (Foz do Douro – Porto), alberga desde 1995 a Fundação Eugénio de Andrade, instituída para divulgação e estudo da sua obra. Ali ocorrem regularmente encontros de poetas. A Fundação edita também os Cadernos de Serrúbia, revista de estudos sobre poesia.
Recebeu um sem número de distinções, entre as quais o Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários em 1986, Prémio D. Dinis da Fundação Casa de Mateus em 1988, Grande Prémio da Poesia da Associação Portuguesa de Escritores em 1989 e Prémio Camões em 2001.
Faleceu a 13 de Junho de 2005.
É URGENTE O AMOR
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
Eugénio de Andrade, in "Até Amanhã"
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