0.30 Transmissão do Programa "Limite"
da Rádio Renascença da Canção "Grândola, Vila Morena", de Zeca Afonso, que constituiu a senha para o desencadear das operações do Movimento Militar.
As comemorações do 25 de Abril de 1974, estão à porta.
Neste livro, o leitor encontrará uma recolha de testemunhos de algumas pessoas bem conhecidas, feita por Gilda Nunes Barata. Este livro fala de coisas íntimas, de memórias daquele dia tão especial e que refletem um tempo e uma época. Já passaram 39 anos!
O leitor sabe onde estava Francisco Louçã em 1974?
O leitor sabe que Odete Santos tinha um julgamento marcado para esse dia?
E que Diogo Freitas do Amaral tinha 32 anos nessa altura e estava no Hotel do Mar em Sesimbra a preparar as provas de agregação na Universidade de Lisboa?
E onde estava Jorge Sampaio?, Maria Teresa Horta?, Maria de Lourdes Pintassilgo?
Em 1974, Miguel Sousa Tavares tinha 22 anos, era estudante-trabalhador.
"(...) "Acabou no Largo do Carmo", onde estava o seu pai em cima de uma guarita frágil e um cunhado seu que fazia parte da coluna de Salgueiro Maia como "atacante".
Ainda hoje guarda as cápsulas de G3 de tiros disparado para o ar, nesse dia radical todo passado na rua, "atrás das tropas, de um lado para o outro".(...).
No dia seguinte, o pai, Francisco Sousa Tavares, telefonou-lhe e disse: "Vamos libertar os nossos clientes a Caxias!" É que pai e filho trabalhavam num escritório de advogados e tinham clientes que eram presos políticos. (...)
O conceito de liberdade não nasceu comigo por ser filho de uma poetisa. Nasceu já comigo. Eu sempre fui uma pessoa revoltada contra a autoridade. Os meus pais apenas exacerbaram isso. "A grande lição de vida dos pais foi "o ser livre. As pessoas aprenderem a pensar pelas suas cabeças e não terem medo de fazer aquilo que pensam que está certo". E acrescenta: "Ainda hoje acho que não há melhor valor que a liberdade. E digo e hei-de morrer a dizer que o dia mais feliz da minha vida foi o 25 de Abril de 74."
"Tenho medo que a liberdade se torne um vício"
Miguel Sousa Tavares, in Rio das Flores
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25 de ABRIL
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
Sophia de Mello Breyner Andresen,
in O Nome das Coisas