
E a comprovar esta afirmação, nada melhor que a leitura do poema que se segue. É um poema que nos fala da Lurdes, mulher de uma grande paciência e de um grande Amor, porque quem ama cuida.
Ora leia e surpreenda-se com mais uma forma de manifestação do amor:
A gripe e os homens
Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
Anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,
Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisana e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sozinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.
Continue a surpreender-se, porque lhe vamos dizer quem é o autor deste poema.
Pois é!, este poema é de António Lobo Antunes, que soube transmitir com eloquência e ritmo, a aflição de um homem, quando se sente ... constipado, e a presença da Lurdes, que tudo faz para lhe demonstrar o seu amor.
Á semelhança do que fez Lobo Antunes, escreva-nos uma frase ou um poema, dizendo o que é para si o amor e deixe que a sua escrita seja lida em qualquer parte do mundo.
"O amor é como a gripe:
pega-se na rua e resolve-se na cama."
Contamos consigo. Participe!
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