Para um amigo tenho sempre
Para um amigo tenho sempre um relógio
esquecido em qualquer fundo da algibeira.
Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
São restos de tabaco e de ternura rápida.
É um arco-íris de sombra, quente e trémulo.
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.
António Ramos Rosa, in "Viagem Através de uma Nebulosa"
Do autor que hoje divulgamos, Eduardo Lourenço diz:
"Onde Pessoa acaba, Começa Ramos Rosa".
António Ramos Rosa nasceu em
Faro a 17 de outubro de 1924, e aí viveu durante a sua juventude, até se mudar definitivamente para Lisboa, em 1962. Dele pode dizer-se, que a sua vida se confunde com a poesia, tendo a sua casa sido sempre um espaço informal de acolhimento e intercâmbio com outros poetas e leitores de poesia, tanto portugueses como estrangeiros. A sua bibliografia é vastíssima. Entre poesia individual e em parceria com outros autores, contam-se também traduções, críticas e ensaios. Mas a sua obra é muito mais vasta e variada, porque também se dedica à pintura e às artes visuais, não só como ilustrador, mas expondo em galerias de arte.
Faro a 17 de outubro de 1924, e aí viveu durante a sua juventude, até se mudar definitivamente para Lisboa, em 1962. Dele pode dizer-se, que a sua vida se confunde com a poesia, tendo a sua casa sido sempre um espaço informal de acolhimento e intercâmbio com outros poetas e leitores de poesia, tanto portugueses como estrangeiros. A sua bibliografia é vastíssima. Entre poesia individual e em parceria com outros autores, contam-se também traduções, críticas e ensaios. Mas a sua obra é muito mais vasta e variada, porque também se dedica à pintura e às artes visuais, não só como ilustrador, mas expondo em galerias de arte.
"Eu faço uns desenhos que são rostos e faço-os com uma grande espontaneidade: são automáticos e confluentes, quer dizer, não estou a pensar se faço uma linha, que vou fazer aquela linha: depois é que sai o meu trabalho - e por isso é que eu faço em segundos um desenho".
"Escrever é, sempre, a necessidade de respirar as palavras e de às palavras fornecer o frémito do ser, os pulmões do sonho, e, com elas criar a dádiva do poeta"
Não posso adiar o Amor
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
Não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração
António Ramos Rosa in "Viagem Através de uma Nebulosa"
Pelo mérito da sua obra e pelo seu perfil humano, António Ramos Rosa foi já objecto de importantíssimos prémios literários, nacionais e internacionais:
- Prémio de Tradução da Fondation de Hautvilliers em 1976,
- Prémio do Centro Português da Associação de Críticos Literários e Prémio PEN Club de Poesia em 1980,
- Prémio Pessoa em 1988,
- Grande prémio da Associação Portuguesa de Escritores em 1991,
- Prémio da Bienal de Poesia de Liége em 1991,
- Prémio de Poeta Europeu da Década em 1991,
- Prémio Jean Malrieu em 1992
- Doutor Honoris Causa pela Universidade do Algarve em 2003,
- Prémio Pen Club Português e o Grande Prémio de Poesia Associação Portuguesa de Escritores /CTT - Correios de Portugal em 2006,
- Prémio Luís Miguel Nava em 2006 pelas obras de poesia publicadas no ano anterior: "Génese" e "Constelações".
Tal como diz Inês Pedrosa "O amor à poesia não se aprende, mas pode contagiar-se", esperamos que com estes dois poemas do nosso autor de hoje, consigamos despertar em si o gosto pela poesia.
Para o ficar a conhecer melhor VEJA AQUI a bibliografia
que a Biblioteca Municipal tem para empréstimo domiciliário.
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