outubro 19, 2018

UM PARAÍSO ENTRE INIMIGOS


"Um homem sentar-se com um cão numa colina, numa tarde gloriosa, é como reencontrar o Éden, onde não fazer nada não era aborrecido, mas uma paz"
                                                                                                               Milan Kundera



Joel Neto nasceu a 3 de março de 1974 em Angra do Heroísmo. 
Trabalhou para a maior parte dos grandes jornais portugueses como repórter, editor e colunista. 
Sempre quis ser um escritor açoriano e, depois de 20 anos a trabalhar nos jornais em Lisboa, em 2012  regressou à ilha e passou a viver da e para a escrita.
Vive com a mulher no lugar dos Dois Caminhos, freguesia da Terra Chã (ilha Terceira), onde tem dois cães, um jardim de azáleas e um pomar.
É daí que continua a escrever a série de relatos A Vida no Campo para o Diário de Notícias.



"Sempre que há uma história que tem de ser contada,
 há um livro que tem de ser escrito"
                                                                                                             Ernest Hemingway






Lisboa 2017 - Nova Iorque 1996 - Faial 2017 - Praga 1939. É neste eixo que decorre a ação de Meridiano 28. O livro parte de uma descoberta de Joel Neto. Encontrou registos que mostravam que, durante a Segunda Guerra Mundial, ingleses e alemães das comunidades que desenvolviam a expansão do telégrafo a partir da ilha do Faial tinham vivido em paz.

"- Em quantos lugares no mundo sabe o José Filemom de ingleses e alemães terem permanecido em paz durante a Segunda Guerra Mundial? (...)
- Falo de paz verdadeira. De harmonia. De lugares onde as crianças alemãs usassem suásticas e, apesar disso, as inglesas frequentassem as mesmas escolas que elas. (...) Lugares onde senhoras inglesas e alemãs se encontrassem para passeios matinais, caminhando juntas à beira-mar durante horas, com as suas sombrinhas e os seus vestidinhos? Alheias ao facto de os irmãos e os primos e os amigos de infância se digladiarem no conflito mais letal da História da Humanidade? (...)
- Não havia muitos, não - prosseguiu Fitzhugh. - Mas havia a ilha do Faial, no arquipélago dos Açores."



Em 1939, o mundo entrou em guerra. Foi o conflito mais mortífero da história da Humanidade. Mas, na pequena ilha açoriana do Faial, ingleses e alemães conviveram em paz durante mais três anos. Eram os loucos dos cabos telegráficos.
No mar em frente emergiam os periscópios de Hitler. Dezenas de navios britânicos eram afundados todos os meses. Já em terra, as crianças inglesas continuavam a aprender na escola alemã, dividendo as carteiras com meninos adornados de suásticas. As famílias juntavam-se para bailes e piqueniques.
Os hidroaviões da Pan Am faziam desembarcar estrelas do cinema e da música, estadistas e campeões de boxe. Recolhiam-se autógrafos. Jogava-se tennis e croquet. Dançava-se ao som do jazz.
Viviam-se as mais arrebatadoras histórias de amor.



Caro Leitor, são estas histórias que lhe sugerimos para leitura no seu fim de semana.
Um reencontro entre dois homens de tempos distintos e que talvez tenham mais em comum do que aquilo em que gostariam de acreditar. Uma memória das mulheres que amaram e talvez não tenham sabido fazê-lo.



Hidroaviões da Pan Am no porto da cidade da Horta em 1939

"Uma cidade a assistir da primeira fila à guerra, imune a ela e, 
no entanto, atingida no coração."
                                                                                                                              Alice




Boa Leitura





outubro 10, 2018

10.º FRAGMENTO DO NOSSO PATRIMÓNIO


FRAGMENTOS é a denominação de uma nova página, que passará a encontrar nos nossos blogues. No ano em que se assinala o Ano Europeu do Património Cultural, a Biblioteca Municipal irá publicar 12 fragmentos do nosso património concelhio, um por mês. Desta forma, pretendemos dar o nosso contributo para incentivar a pesquisa e o conhecimento, dando a conhecer ou relembrando acontecimentos, lugares, memórias, daquilo que nos identifica e que, historicamente, nos une enquanto comunidade. 
O presente vive-se, o futuro há-de vir, mas o passado fica sempre: é a nossa identidade e o nosso Património.



Hoje publicámos o 
10.º FRAGMENTO DO NOSSO PATRIMÓNIO. 


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setembro 28, 2018

VICIANTE, MARAVILHOSO, HIPNOTIZANTE






Para quem gosta de ler, outubro era o mês por que todos ansiávamos.
Quem é o Nobel da Literatura era a pergunta que se impunha.

Este ano a Academia Sueca anunciou que não irá atribuir o Prémio Nobel da Literatura
É o desfecho da crise provocada pela revelação, no final de 2017, de acusações de assédio sexual feitas ao marido de uma escritora que fazia parte da Academia Sueca e de ter divulgado antecipadamente alguns nomes de escritores que viriam a receber o Nobel. O seu julgamento começou no passado dia 24 de setembro. 

Não é a primeira vez que o Prémio Nobel da Literatura não é atribuído. Em 1914, 1918, 1935, 1940-1943 o galardão não foi entregue. Devido a um escândalo é a primeira vez.
No entanto em 2019 haverá dois vencedores. O prémio relativo a este ano será atribuído em paralelo com o escritor distinguido no próximo ano. 
As outras categorias do Prémio Nobel não serão afetadas por esta decisão.


A 12 de outubro, data em que seria anunciado o Nobel da Literatura deste ano, ficaremos a saber qual destes quatro autores, Neil Gaiman, Haruki Murakami, Kim Thúy e Maryse Condé, finalistas ao Prémio Alternativo ao Nobel da Literatura, será o vencedor. Estes quatro finalistas foram escolhidos por voto popular através da internet.

A Nova Academia foi fundada este ano por várias figuras da cultura sueca como forma de protesto pelo cancelamento da atribuição do Prémio Nobel da Literatura em 2018 e será dissolvida após a entrega do prémio a 9 de dezembro.




Haruki Murakami, eterno candidato a vencer o Prémio Nobel da Literatura e agora, candidato ao prémio alternativo ao Nobel da Literatura, é o autor que sugerimos para leitura no primeiro fim de semana de outono.

Nasceu em Quioto a 12 de janeiro de 1949, tendo crescido em Kobe, uma cidade portuária onde era fácil conviver com estrangeiros e ter acesso à grande literatura mundial. Foi nesse ambiente multi-cultural que viria a ser influenciado por autores de diversas origens, refletindo as suas obras um sentimento de desilusão face à moderna vida urbana e à progressiva deterioração das relações humanas.
Estudou teatro grego antes de gerir um bar de jazz em Tóquio, entre 1974 e 1981.
Em 1986 veio para a Europa seguindo-se os Estados Unidos da América, onde acabou por se fixar.
Escritor influenciado pela cultura ocidental, traduziu para japonês as obras de F. Scott Fitzgerald, Truman Capote, John Irving e Raymond Carver.



Viciante, Maravilhoso, Hipnotizante são três adjetivos 
que caracterizam um dos seus livros mais aplaudidos e que hoje sugerimos
 para leitura de fim de semana.





kafka à Beira-Mar narra as aventuras (e desventuras) de duas estranhas personagens, cuja vidas, correndo lado a lado ao longo do romance, acabarão por revelar-se repletas de enigmas e carregadas de mistério. São elas Kafka Tamura, que foge de casa aos 15 anos, perseguido pela sombra da negra profecia que um dia lhe foi lançada pelo pai, e de Nakata, um homem já idoso que nunca recupera de um estranho acidente de que foi vítima quando jovem, que tem dedicado boa parte da sua vida a uma causa - procurar gatos desaparecidos.

Neste romance os gatos conversam com pessoas, do céu cai peixe, um chulo faz-se acompanhar de uma prostituta que cita Hegel e uma floresta abriga soldados que não sabem o que é envelhecer desde os dias da Segunda Guerra Mundial. Assiste-se, ainda, a uma morte brutal, só que tanto a identidade da vítima como a do assassino permanecerão um mistério.



"Kafka à Beira-Mar é vivamente recomendado; 
leia-o ao seu gato."
                                                            Washington Post




setembro 19, 2018

NA IGREJA TEM DE HAVER LIBERDADE DE PENSAR E DE INTERPRETAR


Ilustração de André Carrilho



Numa altura em que a Igreja Católica está envolta em polémica, o Papa Francisco tem pela frente uma missão gigantesca.
A credibilidade da Igreja como instituição bateu no fundo. A pedofilia tem de acabar, assim como os escândalos com o Banco do Vaticano. Os Direitos Humanos têm de ter significado também dentro da Igreja: liberdade de investigação, de opinião, de expressão. As mulheres não podem ser discriminadas. A moral sexual deve ser revista, bem como a lei do celibato.


Os desafios que o Papa Francisco tem pela frente, o Leitor vai encontrá-los neste livro.
Disso nos dá conta o padre Anselmo Borges.


"Este é um livro altamente inspirador para as gerações que vivem os tempos conturbados dos nossos dias. [...] uma obra tão importante, que nos permite conhecer melhor o Papa Francisco - buscador da paz, do diálogo inter-religioso, da renovação da Igreja, da defesa da Natureza, do combate à desigualdade, da afirmação intransigente dos direitos Humanos"
                                                                                                          Artur Santos Silva




"O que é admirável em Anselmo Borges é que ele pronuncie a palavra liberdade
 na casa da Igreja, com a naturalidade e a coragem próprias
 de quem deseja defender o essencial".
                                                                                                          Lídia Jorge



Anselmo da Silva Borges, nasceu a 20 de julho de 1944, em Paus, Resende. É um padre católico, professor universitário e ensaísta. Aos 19 anos decidiu ser padre e foi ordenado pelo cardeal Cerejeira. Nunca deixou a igreja, mas escolheu a via da crítica ativa.
"Posso ser um bom católico e não acreditar em Fátima porque não é um dogma. Não me repugna, contudo, que as crianças, os chamados três pastorinhos, tenham tido uma experiência religiosa, mas à maneira das crianças e dentro dos esquemas religiosos da altura. É preciso também distinguir aparições de visões. É evidente que Nossa Senhora não apareceu em Fátima."

O padre Anselmo Borges considera que o Papa Francisco, que celebrou a 13 de março cinco anos de pontificado, foi desde a primeira hora um papa diferente e com a preocupação de tornar a Igreja próxima das pessoas.
O papa, que escolheu chamar-se Francisco inspirado em Francisco de Assis, reúne as qualidades  dos jesuítas e dos franciscanos, tem mais simpatia fora da Igreja do que na hierarquia católica.





"O que mais noto aqui é que o Papa Francisco não está vivo e operante,
 em primeiro lugar, na hierarquia católica. 
Diria até que há mais simpatia para com ele fora da Igreja"
                                                                                                                  Anselmo Borges
                                                







BOA LEITURA






setembro 13, 2018

9.º FRAGMENTO DO NOSSO PATRIMÓNIO




FRAGMENTOS é a denominação de uma nova página, que passará a encontrar nos nossos blogues. No ano em que se assinala o Ano Europeu do Património Cultural, a Biblioteca Municipal irá publicar 12 fragmentos do nosso património concelhio, um por mês. Desta forma, pretendemos dar o nosso contributo para incentivar a pesquisa e o conhecimento, dando a conhecer ou relembrando acontecimentos, lugares, memórias, daquilo que nos identifica e que, historicamente, nos une enquanto comunidade. 
O presente vive-se, o futuro há-de vir, mas o passado fica sempre: é a nossa identidade e o nosso Património.



Hoje publicámos o 
9.º FRAGMENTO DO NOSSO PATRIMÓNIO. 


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agosto 29, 2018

O QUARTO DE JACK


"Acordo na Cama e está a chover, 
que é quando a Claraboia está toda desfocada. (...)
Quando acordo, a Claraboia está toda azul no seu vidro, 
não resta neve nem nos cantos.(...)
Agora a Claraboia já escureceu, 
espero que Deus mostre o seu rosto prateado"


"O Quarto de Jack é um dos livros mais profundamente 
comoventes que li em muito tempo"
                                                                John Boybne, 
autor de O Rapaz do Pijama às Riscas


Para Jack, de cinco anos, o quarto é o mundo todo. É onde ele e a Mamã comem, dormem, brincam e  aprendem. Embora Jack não saiba, o sítio onde ele se sente completamente seguro e protegido, aquele quarto de 11m2, é também a prisão onde a mãe tem sido mantida contra a sua vontade. Contada na divertida e comovente voz de Jack, esta é a história de um amor imenso que sobrevive a circunstâncias aterradoras e da ligação umbilical que une mãe e filho.


O Quarto de Jack, foi em 2010 finalista do Man Booker Prize 
e do Orange Prize,  tendo vencido importantes galardões.



O livro faz parte do Plano Nacional de Leitura, recomendado no programa de português do 8º ano de escolaridade, destinado a leitura orientada na sala de aula e pode ser requisitado na Biblioteca Municipal para empréstimo domiciliário.




Emma Donoghue nasceu a 24 de outubro de 1969 em Dublin, Irlanda.
Escreve desde os 23 anos. Com incursões em vários géneros literários, é a ficção onde regista maior popularidade. Os seus livros estão traduzidos em cerca de 40 línguas.
O Quarto de Jack foi adaptado para cinema pela própria autora, o que lhe valeu a nomeação ao Oscar de melhor argumento adaptado.
Para além desta nomeação, teve ainda mais 3 indicações:
  • Oscar de melhor filme
  • Oscar de melhor realizador
  • Oscar de melhor atriz - Brie Larson

O filme venceu vários prémios, incluindo o Oscar de melhor atriz.



"Adorei O Quarto de Jack. É de uma imaginação incrível 
e de um estilo de linguagem deslumbrante. 
E no meio de tudo isto, um miúdo totalmente credível e encantador. 
Diferente de tudo o que li até hoje."
                                                                                Anita Shreve, 
autora de Viver depois de Ti






Boa Leitura




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