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fevereiro 03, 2017

FELIZ ANIVERSÁRIO PAUL AUSTER

Paul Auster por André Carrilho

"A literatura é essencialmente solidão. Escreve-se em solidão, lê-se em solidão e,
 apesar de tudo, o ato de leitura permite uma comunicação entre dois seres humanos."
                                                                                                                 Paul Auster

Nome cimeiro da literatura norte-americana dos nossos dias, Paul Auster nasceu a 3 de fevereiro de 1947 em Newark, Nova Jersey. Em 1970 licenciou-se na Universidade de Columbia e residiu durante quatro anos em França, antes de se radicar em Nova Iorque. A sua proximidade à literatura francesa haveria de marcá-lo para sempre. É admirador de André Breton, Paul Éluard, Stéphane Mallarmé, Sartre e Blanchot, alguns dos quais traduziu para a língua inglesa. Além destes consagrados autores franceses, Paul Auster refere ainda Dostoiévski, Hemingway, F. Scott Fitzgerald, Faulkner, Kafka, Holderlin, Beckett e Proust, como autores que influenciam a sua obra.
Apaixonado também pelo cinema, em 1998 realizou o seu primeiro filme, Lulu on the Bridge.
Paul Auster já foi traduzido em mais de 40 línguas e vendeu milhões de livros (ficção, poesia, ensaio) e nosso país foram mais de 220 mil exemplares vendidos.
Venceu em 2003 o Prémio Médicis e em 2006 o Prémio Princesa das Astúrias.
Hoje é editado entre nós o seu mais recente romance "4 3 2 1" e, enquanto não chega às prateleiras da Biblioteca Municipal, tem o Leitor, para leitura do seu fim de semana, a bibliografia de Paul Auster à sua disposição na nossa mostra bibliográfica no átrio de entrada.


"Escrever já não é para mim um ato de livre vontade, é uma questão de sobrevivência."


É membro da Academia norte-americana de Artes e Letras, da de Artes e Ciências e presidente do PEN América, cargo que aceitou para liderar a oposição dos escritores americanos ao novo presidente norte-americano, Donald Trump. "Vou falar tanto quanto puder, caso contrário não consigo viver comigo mesmo".
Em setembro deste ano, Paul Auster irá estar em Portugal para participar no próximo Festival Internacional de Cultura de Cascais.

John Singer Sargent

Bom Fim de Semana com Boas Leituras




janeiro 24, 2017

SILÊNCIO



"E se, por hipótese, Deus não existisse mesmo?" hipótese aterradora! Se Deus não existisse, como tudo se tornaria ridículo! Que drama absurdo teriam sido as vidas de Mokichi e Ichizo, amarrados a um poste, batidos pelas vagas! E os missionários, três anos a sulcar os mares para chegarem a este país!...Que tremenda desilusão a deles! E que absurda situação a minha, vagueando por estes desolados montes. (...) O pecado maior contra Deus é o desespero, bem o sabia, mas o silêncio de Deus é que não me dava para entender".
                                                                                            In, Silêncio 
de Shusaku Endo



Em cena no Cinema Teatro Stephens até amanhã, dia 25 de janeiro, o mais recente filme de Martin Scorsese, SILÊNCIO, com a participação de Andrew Garfield, Adam Drives e Liam Neeson ( na foto), entre outros, é uma adaptação de romance com o mesmo nome do japonês Shusaku Endo, e que hoje divulgamos aos nossos leitores.


Considerado o mais importante romance de Shusaku Endo, cuja ação decorre no Japão no século XVII, narra a história de um missionário português envolvido na aventura espiritual da conversão dos povos orientais, o qual acaba por apostatar (renegar a fé cristã), após ter sido sujeito às mais abomináveis pressões das autoridades japonesas, para evitar que um grupo de fiéis seja por ordem delas torturado até à morte.
Antes de chegar ao Japão, a sua viagem levara-o a Goa, depois Macau e, finalmente, a Nagasáqui e Edo, em etapas que pouco a pouco o haviam transportado a esse Oriente hostil, onde no entanto já se contavam alguns milhares de convertidos à fé católica. Aí descobriria, na luta contra as pessoas e o ambiente adversos, a verdadeira fé, liberta de todo o aparato externo, eclesiástico ou mundano. E aí acabaria por experimentar a derradeira solidão, que é o destino daqueles que quebram a comunhão com aquilo que mais profundamente marca a sua identidade.

"Fica-se quase doente ao ler Silêncio, mas rendemo-nos à verdade e força
 dos estados de alma e das confissões das personagens. 
As descrições da natureza são magníficas: 
as estações do ano, as árvores, as cigarras, o concerto dos pequenos animais da floresta"
                                                                                              Urbano Tavares Rodrigues



Shusaku Endo, nasceu em Tóquio a 27 de março de 1923. Católico desde a infância, foi batizado em 1935, aos 12 anos e foi-lhe dado o nome cristão de Paul. Formou-se em Literatura Francesa, pela Universidade de Keio, tendo estudado depois durante algum tempo em Lyon, como bolseiro do governo japonês.
O seu estilo de escrita tem sido comparado ao de Graham Greene, que aliás o considerava um dos maiores escritores do século XX.  Por diversas vezes nomeado para o Prémio Nobel da Literatura, foi galardoado com os mais importantes prémios literários do seu país.
Com o presente romance, o autor mostra que a verdadeira fé, seja ela cristã, budista ou muçulmana, não consiste uma obediência cega dos dogmas religiosos mas, antes, numa constante interpretação das grandes narrativas canónicas e no respeito pelo valor da vida humana.
A 29 de setembro de 1996, faleceu em Tóquio. Vinte anos passados sobre a sua morte, Shusaku Endo continua a ser uma referência para os cristãos japoneses ( 1% da população japonesa) que vivem em constante diálogo cultural e inter-religioso.


Veja o Filme,mas leia também o Livro










janeiro 18, 2017

18 DE JANEIRO DE 1934

Em 18 de janeiro de 1934, eclode, em vários pontos do país, um "Greve Geral Revolucionária" contra o salazarismo. Não podendo contar com a participação da corrente republicana, a revolta é sufocada.
Várias foram as interpretações propostas por estudiosos, sindicalistas e políticos. Mas, após o 25 de Abril, o "18 de janeiro" transforma-se em grande mito revolucionário comunista.


O livro da historiadora Fátima Patriarca, Sindicatos contra Salazar: A revolta do 18 de janeiro de 1934, que hoje sugerimos para assinalar os 83 anos sobre aquela data, é o resultado da leitura minuciosa de quanto se escreveu, desde então, sobre tão importante acontecimento feito lenda.
Ao tentar reconstruir os acontecimentos, com a ajuda de novos elementos e a consulta inédita de arquivos, a autora procura também perceber os mecanismos da criação de um mito.


"Na Marinha Grande, os assaltos à estação dos correios e ao posto da GNR, envolvendo este último o desarmamento e a prisão dos doze elementos que o compunham, a atentado contra a residência de Emílio Galo, a reabertura da sede sindical e os posteriores confrontos com forças policiais e militares de Leiria, apesar da sua indesmentível ousadia e espetacularidade, também não chegam a ser seguidos de greve, quanto mais não seja porque as autoridades militares decretam o estado de sítio a 18 e greve é algo que não chega a existir a 19. (...)
Os cortes de comunicações, ainda que apontados, normalmente, como meios de impedir a ação das forças repressivas, e que na Marinha Grande não são impeditivos de coisa nenhuma, mais não fazem do que isolar, de forma irremediável, as localidades e os focos de revolta, como se os sindicalistas tivessem decidido, exatamente, coartar os seus próprios movimentos e, de algum modo, auto-sitiar-se. (...)
Se nos lembrarmos de que a rendição e prisão dos elementos da GNR local ocorrera entre as 5 e as 6 horas da manhã e se admitirmos que as forças policiais vindas de Leiria entraram na Marinha Grande pelas 7 horas, torna-se evidente que a vila teria estado sob controlo dos revoltosos, sem lutas e sobressaltos, no máximo pouco mais de uma hora. Por fim, com a chegada das forças de Leiria e a debandada dos revoltosos, a insurreição encontra-se terminada, na melhor das hipóteses, pelas 8 horas da manhã.(...)
E o comandante militar, major Jaime da Fonseca, não deixa margem para dúvidas. Em telegrama que dirige ao ministro do Interior, declara ter assumido o "comando militar" e ordenado" a suspensão das garantias". Pelas 11.20, hora a que fora expedido o telegrama, a ordem encontrava-se restabelecida na Marinha Grande e o major informava o ministro de que estava a "proceder às diligências necessárias na vila e mata nacional para a captura dos revoltosos."
Com as fábricas encerradas e o trânsito limitado, greve é algo que deixa de poder existir.
Os únicos factos a registar ao longo do dia 18 situam-se, assim, do lado das forças da ordem, as quais procedem a uma série de buscas e prisões arbitrárias. 
(...) o teste da greve na Marinha Grande ia ser feito, não a 18, mas a 19. E sê-lo-ia em condições particularmente adversas."
                                             Fátima Patriarca,
                                             In Sindicatos contra Salazar: A revolta de 18 de janeiro de 1934


Boa Semana
Com Boas Leituras



janeiro 12, 2017

POIS SIM; MAS EU É QUE NÃO ESTOU PARA O ATURAR

Estreou nas salas de cinema a 5 de janeiro, o filme Zeus, realizado por Paulo Filipe Monteiro.
Não se trata do principal deus da mitologia grega, considerado na Grécia Antiga como o deus dos deuses mas, o nome de um cargueiro, que saiu de Lisboa a 17 de dezembro de 1925 e cujo rumo era a Argélia.
Nele ia, aos 65 anos de idade, Manuel Teixeira Gomes e não mais voltaria à Pátria.
Não levou consigo nem um papel, nem um livro, nada que lhe lembrasse o país. Levou apenas uma mala de roupa que usaria até ao fim da sua vida.
Durante os 15 anos seguintes viveu na cidade argelina de Bougie, no quarto nº 13, do Hotel de L'Étoile, onde retomou a sua atividade literária, desde há muito interrompida, e onde escreveu, segundo os críticos, uma das obras-primas da literatura portuguesa dos século XX, Maria Adelaide, outros outros livros de contos, memórias e cartas.

Bougie, Hotel onde faleceu Manuel Teixeira Gomes a 18/10/1941

Manuel Teixeira Gomes
, representante do Partido Democrático, foi o sétimo presidente da Primeira República Portuguesa, de 6 de outubro de 1923 a 11 de dezembro de 1925, no meio de permanentes convulsões políticas e sociais. A 11 de dezembro de 1925 enviou uma carta de renúncia ao Presidente do Congresso, alegando motivos de saúde, e dando início a um exílio voluntário de 15 anos: " Pois sim; mas eu é que não estou para o aturar", numa alusão ao presidente do Conselho.

Mamuel Teixeira Gomes no seu gabinete em Londres

Político, escritor e diplomata, Manuel Teixeira Gomes, nasceu a 27 de maio de 1862, em Portimão. Aos dez anos mudou-se para Coimbra para estudar no liceu do Seminário Diocesano, onde travou conhecimento com José Relvas. Em Lisboa frequentava regularmente a Biblioteca Nacional e conviveu com João de Deus e Fialho de Almeida. Depois de cumprir o serviço militar fixou-se na cidade do Porto, tendo colaborado com o jornal Primeiro de Janeiro e noutros jornais e revistas de menor expansão. Deixou a vida boémia do Porto e regressou a Portimão a fim de ajudar o seu pai nos negócios familiares. Aí e paralelamente à atividade comercial, continuou a escrever e interessou-se pela atividade republicana local, participando em comícios, reuniões e colaborando no jornal A Luta.
Em 1910, com a Implantação da República, foi nomeado embaixador em Londres, tornando-se assim o primeiro representante da República no Reino Unido. No exercício das suas funções evidenciou-se nas negociações anglo-germânicas, relativas às colónias portuguesas,  na cooperação com os governos portugueses na Primeira Guerra Mundial e integrou os círculos do movimento das sufragistas na capital londrina.
O facto de defender a entrada de Portugal na guerra, trouxe-lhe inimizades, levando-o a pedir a demissão do cargo, facto que só aconteceu em 1918, durante a ditadura de Sidónio Pais, que o mandou regressar a Portugal. Foi-lhe retirado o passaporte diplomático e colocado sob prisão no Hotel Avenida Palace. Depois da queda de Sidónio Pais regressou à atividade diplomática em Madrid e mais tarde em Londres. Em 1922 representou o país na Sociedade das Nações, chegando a ocupar uma das vice-presidências.
Em 6 de agosto de 1923, apoiado pelo partido republicano, vence as eleições à Presidência da República. No entanto o momento não era propício a uma presidência pacífica, dado que as lutas políticas eram intensas. Dececionado com a política, renunciou à Presidência, alegando motivos de saúde.
Parte quase em segredo na cargueiro Zeus com destino ao norte de África.

1950, aniversário da sua morte, o corpo é trasladado para a cidade de Portimão.

Morreu a 18 de outubro de 1941, sendo sepultado no cemitério cristão de Bougie, no jazigo dos proprietários do hotel onde passou os últimos anos. Por vontade da família, os seus restos mortais foram transladados para a sua cidade natal, Portimão, em 1950.

Em março de 2006, na sua última deslocação ao estrangeiro, o presidente Jorge Sampaio deslocou-se à Argélia para inaugurar um busto de homenagem a Manuel Teixeira Gomes e para participar no lançamento de uma antologia sobre o antigo Chefe de Estado Português.

"Pouca gente conhece que tivemos um Presidente da República destes, 
uma pessoa desta envergadura. Um presidente que tenha escrito livros eróticos, 
acho que é único no mundo."
                                                                                                  Paulo Filipe Monteiro


Caro Leitor
aqui fica o convite 
para se deslocar à Biblioteca Municipal
e ficar a conhecer a bibliografia
de um dos nossos Presidente da República. 




dezembro 07, 2016

FELIZ ANIVERSÁRIO HELENA



A VIDA É POSITIVA PARA MIM


Helena Sacadura Cabral faz hoje 82 anos.
Contra a vontade do seu pai licenciou-se em Economia, pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras da Universidade Técnica de Lisboa, tendo sido a melhor aluna do seu curso. Desempenhou vários lugares de chefia na Administração Pública e foi a primeira mulher a ser admitida nos quadros técnicos do Banco de Portugal. Mais tarde foi técnica superior no Instituto Nacional de Aviação Civil.
Encara o envelhecimento "Da melhor forma. Estou bem contentinha de cá estar. É viver, não precisar de plásticas, não precisar de dizer que tenho menos 10 ou 15 anos. Algo que acho de uma ridicularia horrível. É aceitar as coisas. Costumo dizer às pessoas mais novas: "Tomara tu cá chegares".


Autora de dezenas de livros, alguns dos quais o leitor encontrará na nossa mostra bibliográfica deste mês de dezembro, no átrio da Biblioteca Municipal, é também colunista em diversos jornais e revistas e mantém em permanente atualização os seus quatro blogues:

Fotografia de Luís Barra/Expresso

"Olho para o passado com ternura. Mas não me empenharia em voltar a ele.
 A sua importância ficou lá atrás, com a pessoa que então fui. 
Hoje, o que me move é o presente até um certo futuro. 
É isso que me dá perspetiva, que me emploga, que me dá força."
                                                                                        Helena Sacadura Cabral









novembro 29, 2016

NÃO HÁ DITADORES BONS



"La diferencia entre el sistema comunista y el capitalista, 
es que en el primero cuando te dan una patada en el culo tiens que aplaudir,
 en el segundo puedes gritar."
                                                                        Reinaldo Arenas
                                                                                In Antes que Anoiteça


"Antes que Anoiteça, é a voz de um homem, desgraçadamente não livre, e é por isso que a sua autobiografia é, acima de tudo, um solilóquio apaixonado sobre a liberdade e a sua privação. (...)
Fica a vida, a de um guerrilheiro castrista aos quinze anos, homossexual assumido aos vinte, dissidente e escritor aos vinte e cinco, prisioneiro político de direito comum aos trinta (a figura é híbrida, mas o regime de Castro conseguiu inventá-la), exilado aos trinta e cinco, vítima de SIDA dez anos depois."
                                                                                                 António Mega Ferreira


Para finalizar o mês de novembro, vamos divulgar um livro retirado da nossa mostra bibliográfica "De Livro a Filme"  e que o realizador Julian Scnabel adaptou ao cinema, tendo recebido O Grande Prémio do Júri e o Prémio Melhor Ator ( Javier Bardem) no Festival de Veneza em 2000. O elenco conta ainda com a participação de Sean Penn, Johnny Depp (que interpreta dois personagens) e Hector Babenco, recentemente falecido.
Javier Bardem, no papel de Reinaldo Arenas, foi também nomeado para o Oscar de Melhor Ator em 2001.


ANTES QUE ANOITEÇA
de Reinaldo Arenas
Publicado pelas Edições ASA



Reinaldo Arenas nasceu a 16 de julho de 1943, em Holguín, Cuba. Aí passou parte da sua infância até ter participado num concurso literário onde o seu primeiro romance "Celestino Antes del Alba" ter ganho uma menção honrosa. A diretora da Biblioteca Nacional ofereceu-lhe emprego e mudou-se então para Havana onde continuou a escrever.
Segui-se o romance "O Mundo Alucinante" que voltou a ser distinguido, mas o escritor do regime Alejo Carpentier, que fazia parte do júri, recusou atribuir-lhe o primeiro prémio. Esse romance nunca foi publicado em Cuba, mas Reinaldo Arenas conseguiu que o manuscrito saísse da ilha e chegasse às mãos do editor da Seuil. O livro foi publicado em França e recebeu o Prémio Médicis para o melhor romance estrangeiro. A reação do governo cubano não se fez esperar: perdeu o emprego e passou a ser vigiado pela polícia.
Em 1970, o autor e outros intelectuais foram enviados para uma plantação de cana-de-açúcar. "A maior parte da nossa juventude perdeu-se a cortar cana-de-açúcar, em guardas inúteis, a assistir a discursos infinitos, onde se repetia sempre a mesma cantiga."
Reinaldo Arenas acaba por ser preso em Castillo del Morro, uma das mais sórdidas prisões de Cuba. Depois de várias mudanças de prisão, de uma breve tentativa de fuga , frustrada, de chegar à base americana de Guantanamo para pedir asilo político, é libertado em 1976.
Em 1980 consegue autorização para sair de Cuba, numa altura em que o regime se queria ver livre dos homossexuais. Teve que assinar um documento em que afirmava que partia devido a problemas pessoais, porque "era uma pessoa indigna de viver numa Revolução tão maravilhosa como aquela".
Passou algum tempo em Miami, viajou por alguns países europeus onde deu conferências em universidades. Mudou-se para Nova Iorque, onde descobriu que era portador do vírus da Sida.
A 17 de dezembro 1990, após concluir esta autobiografia, suicidou-se com uma dose excessiva de álcool e de drogas.
Em 2015, o concurso literário Cabrera Infante passou a chamar-se Prémio de Narrativa Reinaldo Arenas em sua homenagem.


"Deixo-lhes, pois, como legado, todos os meus terrores, mas também a esperança de que em breve Cuba será livre. (...)
Ponho fim à vida voluntariamente porque não posso continuar a trabalhar. (...) Só existe um responsável: Fidel Castro. (...)
Exorto o povo cubano, tanto no exílio como na Ilha, a que continue a lutar pela liberdade. A minha mensagem não é uma mensagem de derrota, mas de luta e de esperança.
Cuba há-de ser livre. Eu já o sou."
                                                                                                    Reinaldo Arenas,
                                                                                                    In Antes que Anoiteça




Boas Leituras e Bons Filmes





novembro 23, 2016

NÃO TEM QUE SER NECESSARIAMENTE ASSIM...



Para manterem um aspeto são, forte e belo, as plantas precisam de alguns cuidados fundamentais. Elas tem de ser protegidas, alimentadas e os seus caprichos devem ser satisfeitos. De planta para planta mudam defesas, mudam necessidades e cada uma delas quer que as suas exigências sejam atendidas.



Mais do que um elemento decorativo, é um ser vivo que necessita de cuidados constantes para poder cumprir devidamente o seu importante papel: dar ao ambiente um ar saudável e descontraído.
O segredo para se obterem plantas vigorosas talvez esteja no tempo que se passa com elas, mudando vasos, podando a folhagem, regando, limpando as folhas, conversando. Porém, ainda mais importante do que falar com as plantas é "ouvir" o que elas nos dizem e satisfazer as suas necessidades.



A jardinagem vai dar-lhe mais do que um jardim bonito. É uma boa forma de fazer exercício, uma fonte de satisfação e uma excelente forma de combater o stress.
Plantas bem tratadas apresentam um aspeto deslumbrante e contribuem para a beleza e harmonia do seu lar.
Há algo de profundamente repousante em sentarmo-nos ao ar livre, abrigados por uma folhagem luxuriante, ouvindo o ruído da água, ao sol e absorvendo o ambiente, enquanto saboriamos uma bebida fresca e apreciamos a paisagem.


E com a chegada do outono e o aproximar do inverno, 
Caro Leitor, não deve descurar as suas plantas e o seu jardim.


Sabe qual é a altura ideal para plantar tulipas?
Sabe qual o mês para podar as roseiras?
Sabe quando adubar os bonsai?
E os narcisos, quando devem ser plantados?




Para estas e muitas outras perguntas, 
a Biblioteca Municipal tem a resposta.
Visite-nos



novembro 16, 2016

A ELVIRA JÁ ESTÁ PRONTA . . .

... para ver Tom Payne, Stellan Skarsgard e Ben Kingsleyno filme  O Físico, realizado por Philipp Stolzl e que estreou entre nós a 11 de setembro de 2014.


No âmbito da exposição, patente ao público no átrio da entrada da Biblioteca Municipal, durante este mês de novembro, que coloca em evidência uma seleção de livros que deram origem a filmes, vamos hoje destacar um desses exemplos.

O Físico 
romance escrito por Noah Gordon, 
editado pela Bertrand Editora, 
deu origem ao filme com o mesmo nome que pode ser requisitado para empréstimo domiciliário  na Biblioteca Municipal. 


No cenário de superstição e esplendor do século XI, desenrola-se a história absorvente de Rob J. Cole. Órfão e sem dinheiro, Rob foi abençoado com um dom que, nos tempos da bruxaria, enviava um homem para a fogueira: tinha a capacidade de sentir a gélida mão da morte quando esta pousava nos vivos. Esta sua capacidade aumentava com a potência do conhecimento e ele sabia que nascera para curar e ser físico.
A sua busca levá-lo-ia das rudes estradas e ruas agitadas da Bretanha às cortes sumptuosas e corruptas da Pérsia e à escola do maior físico de seu tempo. Disfarçado de judeu, trabalhando arduamente como cirurgião de guerra nos conflitos de confusos impérios orientais, seria ajudado por poderosos protetores e ameaçado pela peste e pelo preconceito cruel de mullahs e clérigos.
E ao lado da chama pura da erudição, sempre ardeu uma paixão igualmente intensa pela beleza de olhos fogosos da mulher que ele nunca pode deixar.

O Físico é o primeiro livro da trilogia de Noah Gordon 
que conta a história da Família Cole através dos séculos, 
seguem-se Xamã e Opções, também disponíveis para empréstimo domiciliário.


Noah Gordon é um escritor americano nascido a 11 de novembro de 1926 em Worcester, Massachusetts. Trabalhou como editor científico para o Boston Herald antes de se tornar escritor. O seu primeiro livro O Rabi, publicado em 1965, foi um êxito imediato, ao qual se seguiram O Comité da Morte, O Diamante de Jerusalém, O Físico e Xamã, tendo este último ganho o James Fenimore Cooper Prize nos Estados Unidos e o Premio Selezione em Itália.
Noah Gordon também recebeu o Golden Pen Award na Alemanha e por duas vezes o Silver Basque Prize em Espanha.
A Biblioteca Municipal tem para empréstimo domiciliário todos os livros do autor publicados em Portugal.




Boa Semana 
com Bons Livros e Bons Filmes




novembro 09, 2016

OS ACONTECIMENTOS TIVERAM INÍCIO EM 1858, NA CIDADE DE BOLONHA



No sábado passado, 5 de novembro, celebrou-se o Dia Mundial do Cinema.

A sétima arte a a literatura sempre estiveram ligados e muitas das melhores obras cinematográficas são baseadas em livros.
Muitos dizem, que os livros são e serão sempre melhores que o filme. Literatura e cinema têm formas de comunicar diferentes, mas andam e andarão sempre juntas, até porque uma adaptação cinematográfica é uma maneira diferente de contar uma história.
Agatha Christie, autora consagrada de romances policiais, tem as suas personagens Hercule Poirot e Miss Marple adaptadas ao cinema e a séries para televisão.
Stephen King é talvez o autor com mais adaptações para cinema.


Estes são só dois autores que viram as suas obras adaptadas ao cinema. 
Mas até ao fim deste mês, na nossa mostra bibliográfica 
no Átrio de Entrada da Biblioteca Municipal,
o Leitor encontrará muitas mais e o respetivo filme,
 que pode ser visionado na Sala de Audio/Vídeo.


Mas caso o Leitor se queira antecipar ao novo filme de Steven Spielberg que irá ser filmado já no primeiro trimestre de 2017, só precisa de nos visitar e requisitar o livro, que em 1997 foi indicado para o Prémio Pulitzer.

O protagonista irá ser Mark Rylance, no papel do Papa Pio IX, que este ano ganhou o Óscar para melhor ator secundário no filme de Spielberg, A Ponte dos Espiões.


Estamos a falar do Livro escrito por 
David I. Kertzer
Editado em 2000 pela Temas e Debates
O Sequestro de Edgardo Mortara


Bolonha, 1858: A polícia, a mando de um inquisidor católico, invade a casa de um comerciante judeu, arranca-lhe o filho de seis anos dos braços e leva-o numa carruagem para Roma. A mãe fica tão destroçada que os seus gritos se ouvem do outro lado da cidade. 
À medida que os pais tentam recuperar a criança, compreendem a razão por que Edgardo foi escolhido entre os seus oito filhos. Anos antes, uma criada católica, que servia a família, temente de que o menino morresse de doença, batizara-o em segredo. Assim que esta história chegou aos ouvidos da Inquisição de Bolonha, a decisão foi, pois, enviá-lo para o mosteiro onde os judeus se convertiam em bons católicos.
O caso Edgardo Mortara tornou-se internacionalmente um paradigma. Embora estes sequestros fossem relativamente comuns em comunidades judaicas na Europa da época, o destino deste rapazinho acabou por simbolizar a campanha revolucionária de Mazzini e Garibaldi para pôr fim ao domínio da Igreja Católica e fundar em Itália um estado moderno.

Pintura de Moritz sobre o Sequestro de Edgardo Mortara


David I. Kertzer nasceu em Nova Iorque a 20 de fevereiro de 1948. É membro da Fundação Guggenheim desde 1986 e recebeu duas vezes o Prémio Marraro da Sociedade de Estudos de História da Itália. Atualmente é professor nas Universidades Paul Dupee e Brown, onde leciona as cadeiras de Ciências Sociais e Antropologia. Venceu em 2015 o Prémio Pulitzer de Biografia com o livro O Papa e Mussolini. Vive em Providence, nos Estados Unidos.



Boa Semana
Com Bons Filmes e Boas Leituras



outubro 25, 2016

É RICA EM PROTEÍNAS, VITAMINAS E MINERAIS


Quem a terá inventado?
Os Chineses, os Italianos, os Árabes?

Não há dúvida nenhuma, que Marco Polo as levou da China para Itália em 1295, mas alguns historiadores pensam que já existiam em Itália antes disso.
Independentemente de onde e quando foi "inventada", parece certo terem sido os Sicilianos os primeiros a fervê-la em água. 
Por altura do Renascimento, ela constava frequentemente das ementas italianas. Os ricos florentinos acompanhavam-na com o precioso açúcar e especiarias, mas os menos abastados tinham de se contentar em comê-la simples ou com ingredientes humildes, como o alho, vegetais e queijo.

O Leitor já adivinhou que estamos a falar de Massas.
Mas Porquê?

Porque hoje, 25 de outubro, celebra-se
 O Dia Mundial das Massas


A ideia de celebrar esta data surgiu em 1995 num congresso mundial sobre massa, sendo a data instituída em 1998 pela International Pasta Organization (IPO).
Neste dia lembramos a importância da massa para uma alimentação saudável e equilibrada, não esquecendo o sua importância para quem pratica desporto, já que desempenha um papel relevante na preservação muscular.


"Sabemos hoje que as massas alimentícias são componentes chave numa alimentação saudável e equilibrada. A Dieta Mediterrânea, onde as massas têm lugar, constitui um exemplo de um padrão alimentar saudável e está já comprovado cientificamente que os seus benefícios para a saúde ultrapassam os modernos padrões alimentares ocidentais e que as dietas com maior sucesso na redução de peso são as que mantêm o equilíbrio entre os três principais macronutrientes, onde se incluem os carboidratos. Duvida-se, aliás, que as dietas muito pobres em hidratos de carbono sejam seguras a longo prazo."
Nuno Borges
Nutricionista e Professor na Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação 
da Universidade do Porto


A massa é um dos alimentos mais populares do mundo atual. Disponível numa variedade impressionante de feitios e sabores, é incrivelmente versátil e pode ser servida das mais variadas formas. Simples ou sofisticada, rápida e fácil de confecionar, é a opção ideal para refeições de todos os dias e de última hora, todas elas de fazer crescer água na boca.
Rica em proteínas, vitaminas e minerais, a massa é um alimento com hidratos de carbono complexos. Proporciona tanta energia como a proteína pura, como o bife, mas com pouca ou nenhuma gordura. Dos 8 aminoácidos essenciais necessários a uma proteína completa, a massa contém 6, sendo apenas preciso um pouco de queijo, carne, peixe, leguminosas ou ovo, para se tornar completa.
A chave para uma alimentação saudável reside em comer massa como os italianos o fazem, apenas com uma porção de ingredientes adicionais.
A incidência de doenças cardíacas em Itália é uma das mais baixas do mundo e médicos, nutricionistas e cientistas concordam, que a dieta nacional tem um grande e importante papel. A massa é um alimento natural que não contém aditivos.
Para quem quer controlar o seu peso pode ficar surpreendido ao saber que 85 g. de massa cozinhada contém apenas 100 calorias, podendo portanto ser integrada numa dieta de calorias controladas, desde que o molho seja leve. Os atletas também apreciam as massas por ser um alimento rico em energia, fácil de digerir e, ainda assim, imensamente saciador.



Caro Leitor, 
para comemorar este dia é 
indispensável comer um prato de massa.

Para o ajudar na confeção do seu prato de massa, só necessita de nos visitar. 
"As Massas" 
estarão no nosso Átrio de entrada, a par com a nossa mostra bibliográfica
"Medicina e Saúde"
até ao dia 31 deste mês.





outubro 13, 2016

AINDA NÃO FOI DESTA NGUGI WA THIONG'O

O seu nome é recorrente nas apostas para vencedor do Prémio Nobel da Literatura e este ano o seu nome encontrava-se em primeiro lugar para os apostadores da Ladbrokes, a mais popular casa de apostas do Reino Unido.
Mas ainda não foi desta. 

Bob Dylan foi o premiado deste ano com o Nobel da Literatura "por ter criado novas expressões poéticas na tradição da canção americana".


Mas voltemos ao preferido da casa de apostas mais famosa do Reino Unido.
Quem é Ngugi wa Thiong'o?



James Thiong'o Ngugi, verdadeiro nome de Ngugi wa Thiong'o, é um escritor queniano, que inicialmente começou por escrever em língua inglesa, e que passou a escrever em língua gikuyu. Tem uma vasta obra que inclui romances, peças teatrais, contos e ensaios, da critica social à literatura infantil.
Nasceu a 5 de janeiro de 1938 em Kamirithu, uma região no centro do Quénia e pertence à etnia gikuyu, a mais populosa do país. Ngugi foi criado pelas quatro esposas do seu pai, numa casa cujo ritual de contar histórias à noite à volta de uma fogueira, fazia parte da rotina diária. Os primeiros anos da sua vida foram marcados pelos conflitos históricos. Primeiro, a Segunda Guerra Mundial, na qual os quenianos foram forçados a lutar ao lado dos seus colonizadores britânicos. Mais tarde, na década de 1950, com a revolta dos Mau Mau, uma organização anticolonial clandestina que abriu caminho para a independência do Quénia, na década seguinte.
Frequentou uma escola missionária e depois estudou noutras escolas do Quénia e do Uganda, tendo ido, mais tarde, para a Universidade de Leeds em Inglaterra.
Regressou a África em 1967, passando a lecionar Inglês na Universidade de Nairobi. Demitiu-se no decurso de um greve dos estudantes, em janeiro de 1969. No ano seguinte lecionou na Universidade e Evanston, nos Estados Unidos da América.
Escrito em Inglaterra, onde estudou literatura nos anos de 1960, Um Grão de Trigo (que a Biblioteca Municipal dispõe no seu fundo documental), é um livro cuja ação decorre na época que precedeu a independência do seu país a 12 de dezembro de 1963.
Na cadeia, como preso político, escreveu no papel higiénico o romance Devil on the Cross.


Na escola foi proibido de falar o idioma da sua etnia, foi forçado à circuncisão e à conversão pelo batismo na Igreja da Escócia, onde recebeu o nome de James.
Em 1977 foi preso no seu país por escrever romances e peças de teatro no idioma gikuyu. Nesse mesmo ano renegou o catolicismo, a língua e a identidade inglesa. Defende a preservação das culturas locais como alternativa para o futuro do continente africano.
Escreveu em gikuyu o romance Pétalas de Sangue (que o Leitor pode requisitar para empréstimo domiciliário), livro que foi censurado e que o levou à prisão.

"Podemos fazer parte do mundo sem abandonar a nossa identidade. Não precisamos de renunciar aos nossos idiomas para integrar o resto do mundo. Devia ser justamente o contrário: a nossa condição para fazer parte do mundo deveria ser a fidelidade às nossas raízes, incluindo os nossos idiomas."
                                                                                                          Ngugi wa Thiog'o


Após 22 anos de ausência (tinha jurado não regressar enquanto Daniel Arap Moi estivesse no poder), regressou ao Quénia a 31 de julho de 2004. Uns dias depois, a sua casa foi invadida por homens armados, que o agrediram e estupraram a sua mulher. Os atacantes foram capturados e condenados à morte.


Presentemente é professor de Literatura Inglesa na Universidade da Califórnia e continua a dar palestras um pouco por todo o mundo.


A bibliografia de alguns dos já premiados com o Nobel da Literatura encontra-se exposta na Biblioteca Municipal e espera por si até ao próximo dia 19.




outubro 04, 2016

"RAIOS PARTAM A REVOLUÇÃO E A REPÚBLICA E OS HOMENS QUE A FINGEM SERVIR"

"Por vezes diz-se que a Monarquia "morreu", quando o Rei D. Carlos foi morto. Tal afirmação não corresponde à verdade, embora tenhamos que reconhecer, que o regime que vigorou, em Portugal, mais de sete séculos, começou a agonizar após o atentado que vitimou D. Carlos e o Príncipe herdeiro, D. Luís Filipe.

Funeral do Rei D. Carlos e de D. Luís Filipe

Morto o soberano e o seu primogénito, foi o Infante D. Manuel, jovem de 18 anos e inexperiente em assuntos do Estado, que subiu ao trono, herdando, assim, uma coroa manchada de sangue, num momento particularmente difícil para o País. No dia seguinte ao regicídio, 2 de fevereiro, na reunião do Conselho de Estado a que D. Manuel II presidiu e ao qual assistiram as personalidades mais representativas da política nacional, o monarca disse "que esperava de todos ajuda e bom conselho no momento mais grave que a dinastia atravessa". O Rei, durante a seu curto reinado, esteve rodeado de individualidades políticas, essas sim, na maioria, com larga experiência governativa, mas faltou-lhe o apoio de que necessitava e a ajuda que, expressamente solicitara no Conselho de Estado.
Não obstante o jovem monarca manifestar, por actos e palavras, os seus sinceros sentimentos de pacificação e de concórdia, o certo é que a ambição de Poder por parte dos líderes dos Partidos monárquicos; as querelas mesquinhas dos velhos, experimentados e prestigiados políticos; as rivalidades no seio dos próprios Partidos; as honrarias tão desejadas, tudo isto ligado a Parlamentos onde não se olvidavam ódios, nem rancores, abriram caminho para o abismo que se adivinhava - a queda do Regime.

D. Manuel II

Assim, a causa principal que precipitou o fim da Instituição Monárquica, deve encontrar-se na incúria dos políticos que tinham a responsabilidade de defender o País e o Regime. No entanto, também para a queda da Monarquia contribuíram a defecção dos oficiais da Guarnição de Lisboa, a traição de algumas personalidades ditas monárquicas e a política de "Acalmação" de Ferreira do Amaral que, com a concessão da amnistia geral de 5 de fevereiro de 1908, permitiu libertar todos os "marechais" da República, presos no mês anterior, como suspeitos de conspirarem contra as Instituições.
Todavia e apesar de tudo o que se passou de desprezível e maléfico nos últimos anos da Monarquia, refira-se que, nas cerca de 36 horas que durou o golpe revolucionário que culminou com a proclamação da República, a sorte das armas não foi, desde logo, favorável aos revolucionários.
"Houve, pelo contrário, momentos de grande desânimo, horas em que a derrota pareceu inevitável; e, sem a heróica insistência de Machado Santos, mantendo-se na Rotunda contra o voto dos oficiais de Artilharia, o desastre dos republicanos era certo" escreveu José Relvas nas suas "Memórias Políticas". Tais afirmações não justificando os comportamentos muito pouco abonatórios dos oficiais de Exército, com grandes responsabilidades no Movimento Revolucionário e dos "Marechais" da República nele implicados, explicam, contudo, as atitudes cobardes de uns e de outros. (...)
Quanto aos "Marechais" da República que tinham conseguido engrossar as fileiras dos "descontentes" pela "pena" ou pela "palavra", abandonaram, duvidando da vitória republicana, o seu "Quartel-General" nos banhos de S. Paulo e "foi cada um à sua vida".

Afonso Costa


"Não podendo Afonso Costa fazer mais nada, é homem para mandar assassinar. 
Tudo depende do seu grau de indignação."
                                                                                                           Fernando Pessoa



Afonso Costa, viajando no coupé de praça nº 44 que fora varado, em Alcântara, com alguns tiros de pistola, receoso e convencido de ter sido atingido pelo fogo dirigido à carruagem, refugiou-se, na madrugada do dia 4, no Hotel Central, no Cais do Sodré, onde se encontrava o médico Malva do Vale que, por sinal, detestava Afonso Costa, mas, em face das queixas do caudilho, mandou que se despisse e depois de o examinar, "declarou sarcasticamente que ele (Costa) tinha no corpo um buraco, de nascença e natural...".
(...) a fundação da República ficou a dever-se mais ao demérito dos monárquicos do que ao merecimento dos republicanos."

In, Primeira República em datas e ilustrada
de Eurico Carlos Esteves Lage Cardoso




"A 1ª República, para mim, era uma coisa que não ia levar a sítio nenhum. Mais: estou convencido que era uma coisa esquisita, segundo a qual, se não tivesse havido ditadura, provavelmente Portugal tinha acabado naquele momento, aí por 1925-26. Era uma confusão, ninguém se entendia, não parecia existir saída de espécie alguma."
                                                                                                         Agostinho da Silva



Estas e outras histórias da nossa História 
esperam por si de 3 a 10 de outubro
 no átrio da Biblioteca Municipal.






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