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Milton Sanford Mayer, 1908-1986 |
"Como americano, a ascensão do nacional-socialismo na Alemanha causou-me repugnância.
Como americano de ascendência alemã, encheu-me de vergonha.
Como americano de ascendência alemã, encheu-me de vergonha.
Como judeu, deixou-me destroçado.
Como jornalista, senti-me fascinado."
Milton Sanford Mayer foi professor, jornalista e publicou mais de uma dezena de livros. Estudou na Universidade de Chicago e foi jornalista na Associated Press, no Chicago Evening Post e no Chicago Evening American, tendo-se notabilizado por uma coluna mensal que manteve durante 40 anos na revista The Progressive.
Deu aulas em várias universidades americanas antes de, depois da Segunda Guerra Mundial, se mudar para a Alemanha para viver e conversar com várias famílias alemãs. Quis entender como pessoas aparentemente "normais" (trabalhadores, professores, lojistas, funcionários) puderam aceitar, apoiar ou pelo menos tolerar o regime nazi e as suas atrocidades. Para isso entrevistou 10 homens, da classe média e baixa alemã e que tinham sido membros do Partido Nazi.
O livro reúne depoimentos, reflexões e análises sobre a vida quotidiana durante o Terceiro Reich. O autor mostra-nos como o nazismo se infiltrou de forma gradual, normalizando as políticas repressivas e autoritárias ao ponto de as pessoas se irem adaptando sem grande resistência.
Eles Pensavam Que Eram Livres mostra-nos que o nazismo não resultou apenas da existência de líderes carismáticos e violentos, mas também da aceitação passiva de milhões de pessoas que acreditavam estar a viver normalmente. Não foi só o terror e a propaganda que susteve o regime mas também o consentimento passivo de cidadãos comuns.
Este livro, que faz parte das novas aquisições da Biblioteca Municipal, foi originalmente publicado em 1955. No entanto, continua a ser citado em debates sobre extremismo, populismo e sobre as fragilidades das democracias contemporâneas.
"Os nazis não eram extraterrestres e não vieram de outro planeta. Foram sendo criados, passo a passo, a partir de pessoas comuns. Foram esses nazis comuns que Milton Mayer, um judeu americano de ascendência alemã e convertido ao cristianismo, decidiu que tinha de conhecer. Desse encontro resultou este livro tão fascinante quanto assustador - um alerta sobre como a passividade se torna cumplicidade nos regimes autoritários."
Rui Tavares
A Liberdade não se perde de repente, perde-se aos poucos
- quando deixamos de a defender.
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