"Querido Diário:
Estamos no início de junho. É meia-noite. O céu guarda uma enorme lua cheia e... com o que acabei de ouvir, hoje não vou pregar olho. (...)
Ultimamente tenho tido alguns contratempos daqueles que complicam a vida a um profissional: na última viagem ao presídio, aquela gata branca, a Rosita, agarrou-se a mim! Vi-me e desejei-me para a afastar. Jovem depravada! Tive de fugir, esconder-me, abortar a missão e regressar à quinta. Já viram a minha vida? Uma gata admiradora ... ainda por cima, branca? Sonhará ela com uma ninhada cinzenta? ou, às riscas?! que Deus me perdoe, mas não me posso enamorar de alva-companhia, especialmente quando a minha segurança depende de completa discrição! Rosita, miúda, tem calma ... espera por janeiro ... e amanhã, é outro dia!"
Do autor marinhense Fernando L. Silva divulgamos hoje
O Diário de Jó
Imagine um gato inteligente. Tão inteligente como qualquer um de nós. Esse gato viveu na Idade Moderna. Ao tempo, Sebastião José de Carvalho e Melo era Secretário de Estado do Reino, no reinado de D. José I. Compadrios, corrupção e atropelos à justiça não são exclusivos de agora. Diz-se que naquele tempo, era pior. Eles foram os mestres, os inventores e propulsores de tão apurada técnica social.
Nesta pequena história, tudo seria igual. Porém, um ser de quatro patas não esteve pelos ajustes.
Fernando Luís Oliveira da Silva nasceu no sítio onde havia de ficar mais três dias. Depois mudou-se para outro onde esteve trinta anos. Entretanto experimentou uma casa nova, e outra, e outra, etc. etc.... e mais uma tenda aqui, uma roulotte ali ... quando não foi ao relento. Pelo meio, umas viagens de carro, mota, avião-sem-rede, barco-sem-colete e umas voltinhas esforçadas de bicicleta-sem-subidas. As caminhadas longas fazem-lhe sempre bolhas nos pés. Bolhas nos pés, foi coisa que nunca teve.
"Em 2006 comecei a escrever sobre um gato-investigador. Pouco depois, perdi pressão e parei (acontece!). (...)
Recentemente, aproveitando um confinamento, fiz força, muita força ... reli o velho texto, voltei a fazer força, ensaiei a primeira palavra, a primeira linha ... uma página, duas, três e ... (...)
"O Diário de Jó" não é uma enciclopédia nem um romance. Também não é um conto e tal, nem sequer um conto e picos. É só um conto."
"Como ontem e hoje, espero que amanhã seja (ainda) mais um dia.
Felizmente os miúdos estão aí. Agora, o tempo é deles...!
Foi um gosto. Até sempre!
Do vosso, Jó"
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