É alto, tem um brinco na orelha esquerda, usa patilhas compridas e um boné de marinheiro e não dispensa um cigarro. É um verdadeiro anti-herói romântico que viveu intensamente nas primeiras décadas do século XX:
- Em 1904 estava na Manchúria em plena guerra russo-japonesa
- Em 1913 estava com piratas no Pacífico Sul
- Em 1917 estava na Irlanda no meio das ações independentistas do Exercito Republicano Irlandês (IRA) e de todo o imaginário Celta
- Em 1919 estava na China e na Sibéria
- Em 1921 estava em Veneza, nos seus lugares mágicos e secretos.
Esteve ainda na Turquia, no Brasil, na Argentina e em muitos outros países, sempre errante, de sorriso trocista, de quem não leva nada demasiado a sério, cheio de surpresas e vivendo sob um código de conduta muito próprio, fascinado pelo esoterismo e pelas lendas.
Conheceu o jornalista e escritor Jack London. Conheceu Rasputin, desertor do exército czarista e assassino sem motivo, que o segue de boa ou má vontade em muitas aventuras. Nessas aventuras encontram Butch Cassidy e Sundance Kid, dois bandidos americanos que se refugiam na Patagónia para fugir da policia. Ajudou o escritor James Joyce a superar a sua timidez para com as mulheres e conheceu o jornalista John Reed.
Nasceu a 10 de julho de 1887 em Valeta, na ilha de Malta. O pai foi um marinheiro inglês da Cornualha, neto de uma bruxa da Ilha de Man e a sua mãe uma cigana de Sevilha, chamada Niña de Gibraltar, uma bela modelo, que foi modelo do pintor Ingres (que se diz ter-se apaixonado por ela).
Estudou em Valeta na escola judaica e mais tarde em Córdova, onde o rabino Ezra Toledano, amante da mãe, o apresentou aos textos do Zohar e da Cabala.
Certamente o Leitor já adivinhou de quem falamos
Corto Maltese a personagem de banda desenhada criada por Hugo Pratt em 1967.
Hugo Pratt é unanimemente considerado um dos maiores autores de banda desenhada do mundo. Nasceu a 15 de junho de 1927 em Rimin, Itália. No início da Segunda Guerra Mundial, a família Pratt estava a viver na Etiópia. Em 1941, a família foi internada num campo de concentração onde o seu pai viria a falecer.
Graças à intervenção da Cruz Vermelha, Hugo Pratt regressou a Itália em 1942. Aí frequentou um colégio militar e em 1944 desertou para não ser fuzilado pelas SS. Juntou-se aos Aliados em 1945 como intérprete. Viveu em Itália, Argentina, França e Suíça.
Definia as suas histórias como "literatura desenhada". As suas bandas desenhadas, as suas obras gráficas e aguarelas estão expostas nos maiores museus; do Grand Palais à Pinacoteca de Paris, do Vittoriano em Roma, o Ca' Pesaro em Veneza ou o Santa Maria della Scalla em Siena.
Através das aventuras de Corto Maltese, Hugo Pratt afirmou-se como um dos mais importantes autores de banda desenhada.
Faleceu a 20 de agosto de 1995 em Grandvaux, na Suíça, sem chegar a assistir a uma série de televisão de animação protagonizada pelo seu herói Corto Maltese.
Na cidade de Angoulême, em França, a 14 de junho de 2003, foi inaugurada uma estátua de Corto Maltese. O monumento, todo em bronze, com 2.50 m de altura e 300Kg, foi executada pelo artista plástico Livio Benedetti, amigo de Hugo Pratt.
Sou o Oceano Pacífico e sou o Maior. É assim que me chamam há já muito tempo,
embora não seja verdade que eu seja sempre pacífico”.
In, A Balada do Mar Salgado
BOAS FÉRIAS
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