"Eles mandam raparigas como eu para o manicómio - ou, simplesmente, apedrejam-nas até à morte. As mais afortunadas poderão vir a casar com um elemento de uma tribo rival, para contaminarem o sangue da tribo."
Maria Toorpakai Wazir, nasceu a 22 de novembro de 1990, numa Área Tribal do Paquistão, numa zona repressiva e violenta, onde a simples ideia de mulheres serem atletas profissionais é considerada haram (proibido).
Desde sempre amante do desporto, treinou e competiu disfarçada de rapaz em diversas ocasiões.
No entanto, Maria, fruto de uma união singular, foi desde tenra idade incentivada a viver como rapaz - a sua família, e em particular o pai, sabiam que só assim ela conseguiria evoluir enquanto ser humano. É a melhor atleta feminina do Paquistão em squash.
A sua irmã, Ayesha Gulalai, é um dos membros femininos mais proeminentes da Assembleia Nacional paquistanesa.
"Eu cresci com a prática aceite de que as mulheres pastós se mantinham em casa, aventurando-se apenas a pôr um pé na rua quando devidamente envelopadas dos pés à cabeça com vestimentas chamadas abayas ou burcas, ou longos xailes chamados xadores. E sempre acompanhadas por um homem - ou um simples rapazinho -, constantemente a seu lado.
É a história desta mulher de 26 anos, cujo desporto foi a tábua de salvação de uma existência submetida ao purdah, que hoje divulgamos.
Uma filha diferente retrata a jornada angustiante de Maria, desde que lhe foi permitido viver como rapaz até à descoberta do desporto, como forma de emancipação - primeiro, o halterofilismo, ainda sob "disfarce", e mais tarde o squash, a sua verdadeira paixão. No entanto, a visibilidade nacional, fruto de um rio de sangue, suor e lágrimas, significou também uma sentença de morte: as luzes da ribalta colocaram-na, e à família, na mira dos talibãs paquistaneses. A única hipótese de sobrevivência de Maria é fugir do país. Graças ao desporto, que tanto ama, alcança finalmente o seu sonho: ser uma campeã e uma voz ativa em defesa dos mais elementares direito das mulheres.
"E, sobretudo, quero agradecer ao povo amante da paz do Canadá, por me terem recebido na sua bela nação - tornando-a para mim um lar seguro longe do meu próprio lar".
Maria Toorpakai
"E, sobretudo, quero agradecer ao povo amante da paz do Canadá, por me terem recebido na sua bela nação - tornando-a para mim um lar seguro longe do meu próprio lar".
Maria Toorpakai