janeiro 12, 2017

POIS SIM; MAS EU É QUE NÃO ESTOU PARA O ATURAR

Estreou nas salas de cinema a 5 de janeiro, o filme Zeus, realizado por Paulo Filipe Monteiro.
Não se trata do principal deus da mitologia grega, considerado na Grécia Antiga como o deus dos deuses mas, o nome de um cargueiro, que saiu de Lisboa a 17 de dezembro de 1925 e cujo rumo era a Argélia.
Nele ia, aos 65 anos de idade, Manuel Teixeira Gomes e não mais voltaria à Pátria.
Não levou consigo nem um papel, nem um livro, nada que lhe lembrasse o país. Levou apenas uma mala de roupa que usaria até ao fim da sua vida.
Durante os 15 anos seguintes viveu na cidade argelina de Bougie, no quarto nº 13, do Hotel de L'Étoile, onde retomou a sua atividade literária, desde há muito interrompida, e onde escreveu, segundo os críticos, uma das obras-primas da literatura portuguesa dos século XX, Maria Adelaide, outros outros livros de contos, memórias e cartas.

Bougie, Hotel onde faleceu Manuel Teixeira Gomes a 18/10/1941

Manuel Teixeira Gomes
, representante do Partido Democrático, foi o sétimo presidente da Primeira República Portuguesa, de 6 de outubro de 1923 a 11 de dezembro de 1925, no meio de permanentes convulsões políticas e sociais. A 11 de dezembro de 1925 enviou uma carta de renúncia ao Presidente do Congresso, alegando motivos de saúde, e dando início a um exílio voluntário de 15 anos: " Pois sim; mas eu é que não estou para o aturar", numa alusão ao presidente do Conselho.

Mamuel Teixeira Gomes no seu gabinete em Londres

Político, escritor e diplomata, Manuel Teixeira Gomes, nasceu a 27 de maio de 1862, em Portimão. Aos dez anos mudou-se para Coimbra para estudar no liceu do Seminário Diocesano, onde travou conhecimento com José Relvas. Em Lisboa frequentava regularmente a Biblioteca Nacional e conviveu com João de Deus e Fialho de Almeida. Depois de cumprir o serviço militar fixou-se na cidade do Porto, tendo colaborado com o jornal Primeiro de Janeiro e noutros jornais e revistas de menor expansão. Deixou a vida boémia do Porto e regressou a Portimão a fim de ajudar o seu pai nos negócios familiares. Aí e paralelamente à atividade comercial, continuou a escrever e interessou-se pela atividade republicana local, participando em comícios, reuniões e colaborando no jornal A Luta.
Em 1910, com a Implantação da República, foi nomeado embaixador em Londres, tornando-se assim o primeiro representante da República no Reino Unido. No exercício das suas funções evidenciou-se nas negociações anglo-germânicas, relativas às colónias portuguesas,  na cooperação com os governos portugueses na Primeira Guerra Mundial e integrou os círculos do movimento das sufragistas na capital londrina.
O facto de defender a entrada de Portugal na guerra, trouxe-lhe inimizades, levando-o a pedir a demissão do cargo, facto que só aconteceu em 1918, durante a ditadura de Sidónio Pais, que o mandou regressar a Portugal. Foi-lhe retirado o passaporte diplomático e colocado sob prisão no Hotel Avenida Palace. Depois da queda de Sidónio Pais regressou à atividade diplomática em Madrid e mais tarde em Londres. Em 1922 representou o país na Sociedade das Nações, chegando a ocupar uma das vice-presidências.
Em 6 de agosto de 1923, apoiado pelo partido republicano, vence as eleições à Presidência da República. No entanto o momento não era propício a uma presidência pacífica, dado que as lutas políticas eram intensas. Dececionado com a política, renunciou à Presidência, alegando motivos de saúde.
Parte quase em segredo na cargueiro Zeus com destino ao norte de África.

1950, aniversário da sua morte, o corpo é trasladado para a cidade de Portimão.

Morreu a 18 de outubro de 1941, sendo sepultado no cemitério cristão de Bougie, no jazigo dos proprietários do hotel onde passou os últimos anos. Por vontade da família, os seus restos mortais foram transladados para a sua cidade natal, Portimão, em 1950.

Em março de 2006, na sua última deslocação ao estrangeiro, o presidente Jorge Sampaio deslocou-se à Argélia para inaugurar um busto de homenagem a Manuel Teixeira Gomes e para participar no lançamento de uma antologia sobre o antigo Chefe de Estado Português.

"Pouca gente conhece que tivemos um Presidente da República destes, 
uma pessoa desta envergadura. Um presidente que tenha escrito livros eróticos, 
acho que é único no mundo."
                                                                                                  Paulo Filipe Monteiro


Caro Leitor
aqui fica o convite 
para se deslocar à Biblioteca Municipal
e ficar a conhecer a bibliografia
de um dos nossos Presidente da República. 




janeiro 04, 2017

O BOM DE UM LIVRO É QUE SE LEIA



Umberto Eco, filósofo, semiólogo, linguista, historiador e escritor, considerado um dos maiores estudiosos da ciência da comunicação,  nasceu em Alexandria, na região do Piemonte, Itália, a 5 de janeiro de 1932. 
Cresceu durante a II Guerra Mundial, estudou filosofia e estética e formou-se com uma tese sobre a estética de São Tomás de Aquino. Em 1954, foi trabalhar na RAI, a televisão pública italiana, onde esteve durante cinco anos como editor cultural. A partir da década de 1960 foi professor convidado em inúmeras prestigiadas universidades, tais como a New York University, columbia, Yale, Cambridge, Oxford, Harvard, entre outras, tendo recebido o título de Doutor Honoris Causa em mais de 30 universidades. Foi também colunista em diversos jornais italianos, tais como Il Giorno, Corriere della Sera e L'Expresso.
Publica diversos livros e coletâneas e de ensaios na década de 70, antes de começar a escrever romances.


O seu primeiro livro de ficção, O Nome da Rosa (1980) cuja ação decorre na primeira metade do século XIV, é um romance histórico que se funde com a narrativa policial e desenvolve uma série de apontamentos teológicos e filosóficos, tornou-se um best-seller e foi adaptado para cinema pelo cineasta francês Jean-Jacques Arnaud, tendo como protagonista o ator Sean Connery.


Umberto Eco esteve várias vezes em Portugal e gostava particularmente da cidade de Tomar, chegando a apelidá-la de "l'ombelico del mondo" (umbigo do mundo), expressão italiana para lugares cuja beleza e importância se equipara à da outrora capital do Império Romano. Em 1984 visitou o Convento de Cristo, monumento que exercia sobre o autor um fascínio, de sobretudo e chapéu à Sherlok Holmes e há quem diga que o viu escrever sentado no Café Paraíso.

"Estive lá duas vezes: uma primeira a convite de Mário Soares, 
durante a qual conheci Saramago, e depois aquando da pesquisa
 para o romance O Pêndulo de Foucault, tendo visitado Tomar por causa dos Templários. 
E ouvi fado numa casa  típica" 
                                                                           Umberto Eco


Foi um defensor da importância do pensamento crítico: "Os livros não são feitos para acreditarmos neles mas para os questionarmos. Quando pensamos num livro não devemos perguntar-nos o que é que diz mas sim o que é que significa".
Autor de inúmeros ensaios sobre semiótica, estética medieval, linguística e filosofia, considerava-se sobretudo um filósofo: "Só escrevo romances aos fins de semana".


Aos 84 anos de idade, o filósofo morreu em sua casa, em Milão, na noite de 19 de fevereiro de 2016.


A par de outras sugestões de leitura, durante este mês, 
Toda a Bibliografia de Umberto Eco 
que a Biblioteca Municipal 
dispõe para empréstimo domiciliário, 
estará patente no nosso habitual cantinho das sugestões.


Só falta o Leitor aparecer

Boa Semana Com Boas Leituras




NEWSLETTER janeiro



Veja + AQUI




dezembro 30, 2016

E PARA 2017 ...





Desejo a vocês...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com o seu amor
                                                               Carlos Drummond de Andrade












dezembro 16, 2016

EM 2017 DEIXE FLUIR O CHI

O CHI é a força da vida de todas as coisas animadas, a qualidade dos ambientes, o poder do Sol, da Lua, dos estados do tempo e da força condutora nos seres humanos.
Ao abrir uma porta, deixa-se entrar o Chi, trazendo vitalidade e vida ao lar. No entanto, o Chi capta energia residual de tudo aquilo que passa.

Caro Leitor este pequeno preâmbulo parece-lhe chinês?
Tem toda a razão.

A arte do Feng Shui, que significa literalmente "vento e água", é praticada pelos chineses há pelo menos três mil anos e é um método de disposição do nosso ambiente, de modo que possamos viver em harmonia com ele.


Os chineses têm um provérbio: primeiro, sorte; segundo, destino; terceiro Feng Shui; quarto, virtudes; quinto, educação. Embora o Feng Shui possa ser uma força poderosa na formação das nossas vidas, não é uma cura para todas as doenças. A sorte desempenha um papel importante, bem como a personalidade ou Karma, também muito importantes. O que fazemos com as nossas vidas e como nos comportamos na relação com os outros desempenhará uma parte e a educação dá-nos as ferramentas para compreender o mundo. O Feng Shui é apenas uma parte de todo este pacote.


O propósito do Feng Shui é criar ambientes nos quais o Chi corra suavemente para alcançar saúde mental e física. Quando o Chi flui suavemente através de uma casa, os seus ocupantes serão positivos e terão uma passagem fácil pela vida fora.
Se o Chi fluir suavemente no jardim, as plantas serão saudáveis e a vida animal florescerá. Num escritório onde o Chi flua livremente, os empregados sentir-se-ão felizes e participantes, os projetos serão completados a tempo e o níveis de tensão serão baixos.


As atitudes negativas são autodestruidoras e uma maneira certa de provocar reações negativas por parte dos outros.  As pessoas negativas têm menos probabilidade de concluir um contrato ou de serem promovidas do que as que estão sempre prontas a tentar qualquer coisa ou mostram entusiasmo. Sermos positivos é mais fácil quando nos sentimos bem dispostos e saudáveis e quando as nossas vidas fora de escritório são felizes e realizadas. O Feng Shui faz parte dos fatores que nos ajudam a atingir os nossos objectivos na vida.


Caro Leitor, 2017 está aí à porta. 
Deixe de lado o consumismo, próprio desta quadra. 

Visite-nos este fim de semana, 
 requisite os nossos livros sobre Feng Shui 
e aprenda a arte milenar de organizar o espaço para obter saúde,
 prosperidade, harmonia e felicidade.


Pode não ser preciso mudar a palmeira de sítio,
pode ser só necessário mudar a posição do espelho...














dezembro 07, 2016

FELIZ ANIVERSÁRIO HELENA



A VIDA É POSITIVA PARA MIM


Helena Sacadura Cabral faz hoje 82 anos.
Contra a vontade do seu pai licenciou-se em Economia, pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras da Universidade Técnica de Lisboa, tendo sido a melhor aluna do seu curso. Desempenhou vários lugares de chefia na Administração Pública e foi a primeira mulher a ser admitida nos quadros técnicos do Banco de Portugal. Mais tarde foi técnica superior no Instituto Nacional de Aviação Civil.
Encara o envelhecimento "Da melhor forma. Estou bem contentinha de cá estar. É viver, não precisar de plásticas, não precisar de dizer que tenho menos 10 ou 15 anos. Algo que acho de uma ridicularia horrível. É aceitar as coisas. Costumo dizer às pessoas mais novas: "Tomara tu cá chegares".


Autora de dezenas de livros, alguns dos quais o leitor encontrará na nossa mostra bibliográfica deste mês de dezembro, no átrio da Biblioteca Municipal, é também colunista em diversos jornais e revistas e mantém em permanente atualização os seus quatro blogues:

Fotografia de Luís Barra/Expresso

"Olho para o passado com ternura. Mas não me empenharia em voltar a ele.
 A sua importância ficou lá atrás, com a pessoa que então fui. 
Hoje, o que me move é o presente até um certo futuro. 
É isso que me dá perspetiva, que me emploga, que me dá força."
                                                                                        Helena Sacadura Cabral









novembro 29, 2016

NÃO HÁ DITADORES BONS



"La diferencia entre el sistema comunista y el capitalista, 
es que en el primero cuando te dan una patada en el culo tiens que aplaudir,
 en el segundo puedes gritar."
                                                                        Reinaldo Arenas
                                                                                In Antes que Anoiteça


"Antes que Anoiteça, é a voz de um homem, desgraçadamente não livre, e é por isso que a sua autobiografia é, acima de tudo, um solilóquio apaixonado sobre a liberdade e a sua privação. (...)
Fica a vida, a de um guerrilheiro castrista aos quinze anos, homossexual assumido aos vinte, dissidente e escritor aos vinte e cinco, prisioneiro político de direito comum aos trinta (a figura é híbrida, mas o regime de Castro conseguiu inventá-la), exilado aos trinta e cinco, vítima de SIDA dez anos depois."
                                                                                                 António Mega Ferreira


Para finalizar o mês de novembro, vamos divulgar um livro retirado da nossa mostra bibliográfica "De Livro a Filme"  e que o realizador Julian Scnabel adaptou ao cinema, tendo recebido O Grande Prémio do Júri e o Prémio Melhor Ator ( Javier Bardem) no Festival de Veneza em 2000. O elenco conta ainda com a participação de Sean Penn, Johnny Depp (que interpreta dois personagens) e Hector Babenco, recentemente falecido.
Javier Bardem, no papel de Reinaldo Arenas, foi também nomeado para o Oscar de Melhor Ator em 2001.


ANTES QUE ANOITEÇA
de Reinaldo Arenas
Publicado pelas Edições ASA



Reinaldo Arenas nasceu a 16 de julho de 1943, em Holguín, Cuba. Aí passou parte da sua infância até ter participado num concurso literário onde o seu primeiro romance "Celestino Antes del Alba" ter ganho uma menção honrosa. A diretora da Biblioteca Nacional ofereceu-lhe emprego e mudou-se então para Havana onde continuou a escrever.
Segui-se o romance "O Mundo Alucinante" que voltou a ser distinguido, mas o escritor do regime Alejo Carpentier, que fazia parte do júri, recusou atribuir-lhe o primeiro prémio. Esse romance nunca foi publicado em Cuba, mas Reinaldo Arenas conseguiu que o manuscrito saísse da ilha e chegasse às mãos do editor da Seuil. O livro foi publicado em França e recebeu o Prémio Médicis para o melhor romance estrangeiro. A reação do governo cubano não se fez esperar: perdeu o emprego e passou a ser vigiado pela polícia.
Em 1970, o autor e outros intelectuais foram enviados para uma plantação de cana-de-açúcar. "A maior parte da nossa juventude perdeu-se a cortar cana-de-açúcar, em guardas inúteis, a assistir a discursos infinitos, onde se repetia sempre a mesma cantiga."
Reinaldo Arenas acaba por ser preso em Castillo del Morro, uma das mais sórdidas prisões de Cuba. Depois de várias mudanças de prisão, de uma breve tentativa de fuga , frustrada, de chegar à base americana de Guantanamo para pedir asilo político, é libertado em 1976.
Em 1980 consegue autorização para sair de Cuba, numa altura em que o regime se queria ver livre dos homossexuais. Teve que assinar um documento em que afirmava que partia devido a problemas pessoais, porque "era uma pessoa indigna de viver numa Revolução tão maravilhosa como aquela".
Passou algum tempo em Miami, viajou por alguns países europeus onde deu conferências em universidades. Mudou-se para Nova Iorque, onde descobriu que era portador do vírus da Sida.
A 17 de dezembro 1990, após concluir esta autobiografia, suicidou-se com uma dose excessiva de álcool e de drogas.
Em 2015, o concurso literário Cabrera Infante passou a chamar-se Prémio de Narrativa Reinaldo Arenas em sua homenagem.


"Deixo-lhes, pois, como legado, todos os meus terrores, mas também a esperança de que em breve Cuba será livre. (...)
Ponho fim à vida voluntariamente porque não posso continuar a trabalhar. (...) Só existe um responsável: Fidel Castro. (...)
Exorto o povo cubano, tanto no exílio como na Ilha, a que continue a lutar pela liberdade. A minha mensagem não é uma mensagem de derrota, mas de luta e de esperança.
Cuba há-de ser livre. Eu já o sou."
                                                                                                    Reinaldo Arenas,
                                                                                                    In Antes que Anoiteça




Boas Leituras e Bons Filmes





LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...