novembro 05, 2025

CRIME NAS CORRENTES D'ESCRITAS

"Foi no ano em que as ainda jovens escritoras Tânia Ganho e Gilda Barata participaram pela primeira vez nas Correntes d' Escritas que ocorreu o inesperado e misteriosos desaparecimento do manuscrito que o veterano jornalista e também famoso ficcionista, Mário Zambujal, pretendia apresentar à direção do celebrado evento, pensa-se que com vista à obtenção de um patrocínio da parte da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim destinado à sua publicação."


Germano Almeida nasceu a 31 de julho de 1945 na ilha da Boa Vista e é um dos mais importantes escritores cabo-verdianos contemporâneos.
Formou-se em Direito na Universidade Clássica de Lisboa e, depois de regressar ao seu país, exerceu advocacia e foi mais tarde procurador da República.
Além da carreira jurídica, destacou-se na literatura e retrata de forma singular a sociedade cabo-verdiana, com humor, ironia e com um olhar crítico sobre as contradições do seu país.
Pelo conjunto da sua obra, reconhecida pela originalidade, humor e profundidade social, foi em 2018 distinguido com o Prémio Camões, o mais importante galardão literário em língua portuguesa.
Tem obras publicadas no Brasil, França, Espanha, Itália, Alemanha, Suécia, Holanda, Noruega, Dinamarca, Cuba, Estados Unidos, Bulgária e Suíça.

"Desde a primeira edição das Correntes d' Escrita que fui sucessivamente convidado a nela participar, pelo que devo seguramente contar umas vinte presenças. (...) E foi desses dias de agradável convívio que me surgiu a ideia de escrever uma paródia que deveria passar-se durante os quatro dias de uma edição das Correntes, e que decorreria à volta de um misterioso desaparecimento de um manuscrito  pertencente a um dos escritores convidados."



Este romance, que hoje divulgamos, é uma divertida e irónica homenagem ao próprio mundo literário e ao famoso festival de escritores que se realiza 
na Póvoa de Varzim - as Correntes d' Escritas. 
O romance mistura ficção policial e sátira e mostra como se comportam 
os escritores quando se reúnem para falar de literatura.



"A gente tem que aprender com quem sabe como se faz, e olha que ninguém vai estranhar, nem mesmo esses pretos, eles estão, não diria já habituados, direi antes, já treinados para serem acusados de qualquer coisa má que aconteça em qualquer lugar e recebem a acusação sem refilar. (...)
Está bem, contemporizo, vamos então arranjar outra mais convincente, deixemos os palops gozarem as Correntes d' Escritas em paz, acabaremos por encontrar alguma outra vítima que nos sirva, é pena não estar nenhum escritor cigano nestas jornadas literárias".








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