"O que fiz, fiz. O que escrevi, escrevi.
Arrependimentos não tenho. Penas, algumas."
José Augusto França, 1922-2021 |
José Augusto França, historiador, sociólogo, crítico de arte, professor catedrático jubilado da Universidade Nova de Lisboa, considerado o nome maior da Historiografia da Arte em Portugal, nasceu a 16 de novembro de 1922, em Tomar.
Em 1944 licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras de Lisboa e em 1959 foi para Paris como bolseiro do estado francês, tendo estudado com Pierre Francastel.
Em 1962 obteve o grau de doutor em História e em 1969 o de doutor em Letras, pela Universidade de Paris.
Foi em 1946 que se manifestou o seu interesse pela pintura, na sequência de viagens que fez a Espanha e a Paris. Continuou a viajar pela Europa e América, até se fixar em Paris em 1959. Aí, privou com intelectuais portugueses ali exilados, António José Saraiva e Joaquim Barradas de Carvalho, conheceu Roland Barthes, o poeta André Breton, Daniel Cohn-Bendit, o líder do movimento estudantil do Maio de 68 e o galerista Daniel-Henry Kahnweiler, que lhe contava histórias sobre Picasso.
Helena Vieira da Silva, Arpad Szenes, Fernanda França, José-Augusto França, Novais Teixeira, e António Dacosta, na casa de Vieira da Silva e Arpad no Boulevard de Saint Jacques em Paris. |
Nas décadas de 1940 e 1950 foi uma das figuras mais dinâmicas e influentes da vida cultural em Portugal. Participou no Grupo Surrealista de Lisboa, organizou o primeiro salão nacional de arte abstrata.
Lecionou na Sociedade Nacional de Belas Artes e desde 1974 que foi professor catedrático da Universidade Nova de lisboa, onde criou os primeiros mestrados em História de Arte em Portugal.
Autor de referência da cultura no nosso país, destacam-se os seus estudos sobre a arte em Portugal nos séculos XIX e XX.
Escreveu igualmente sobre Amadeu de Sousa Cardoso, Almada Negreiros, Rafael Bordalo Pinheiro, António Carneiro, Columbano, José Malhoa, António Pedro e Maria Helena Vieira da Silva, sendo um dos maiores especialistas desta última.
Tem mais de noventa livros publicados, incluindo romances e contos, artigos em revistas da especialidades e em exposições onde foi comissário.
Foi um frontal opositor ao Estado Novo.
Foi um admirador de Charles Chaplin e de Alexandre O' Neill.
A 16 de dezembro de 2005 foi assinado o termo de formalização da doação do seu espólio à Biblioteca Nacional de Portugal.
No passado dia 18 de setembro faleceu na casa de saúde de Jarzé, em França.
Recebeu as seguintes condecorações:
- 1992, medalha de Honra da Cidade de Lisboa
- 10 de junho de 1991, Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique
- 10 de novembro de 1992, Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública
- 30 de janeiro de 2006, Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique
- 2012, Medalha de Mérito Cultural
"Olhei dez mil quadros, vi mil, estudei cem e compreendi dez"
José Augusto França
Veja AQUI a bibliografia de José Augusto França que faz parte do fundo documental da nossa Biblioteca Municipal, disponível para empréstimo domiciliário.
"José Augusto França, um homem notável que permanecerá
uma referência na História e na Cultura nacionais"
Manuel Heitor
Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
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