A 11 de junho, Leonardo Padura, autor já nosso conhecido, foi o vencedor do Prémio de Literatura Princesa das Astúrias 2015. Conhecido anteriormente como Prémio Príncipe das Astúrias, é o mais importante galardão espanhol. Com a proclamação de Dom Filipe VI como rei de Espanha, em junho de 2014, o prémio passou a ter o título da sua filha primogénita.
O Prémio Princesa das Astúrias será entregue em outubro, numa cerimónia solene presidida pelos reis de Espanha.
"Leonardo Padura é um intelectual independente com um firme temperamento
ético, cuja obra é uma magnífica aventura de diálogo e liberdade.
A sua ficção revela os desafios e os limites que existem na busca pela verdade"
Júri do Prémio de Literatura Princesa das Asturias
O autor esteve este ano, a 26 de fevereiro, nas Correntes de Escrita, em Póvoa de Varzim, onde apresentou o seu mais recente romance "Hereges", editado entre nós pela Porto Editora, que tem como ponto de partida a história verídica do transatlântico S.S. Saint Louis, que em 1939 foi impedido de desembarcar 900 judeus em Havana, fugidos do regime nazi.
"Eu admiro mais os hereges do que os ortodoxos. Um herege é uma pessoa que entra em conflito consigo mesmo, com a sociedade, com o seu ambiente, com o seu meio, com o seu senso de pertença, e acredito que isso é muito mais válido do que ser um ortodoxo obediente.
Portanto, os hereges têm toda a minha simpatia."
Leonardo Padura
Em 1939, o S.S. Saint Louis, onde viajavam 900 judeus fugidos da Alemanha, passou vários dias ancorado no porto de Havana à espera de autorização para desembarcar. Um rapaz, Daniel Kaminsky, e o tio aguardam no cais a saída dos familiares, confiantes de que estes tentariam os oficiais havaneses com o tesouro que traziam escondido: uma pequena tela de Rembrandt, na posse dos Kaminsky desde o século XVII. Mas o plano fracassou e o navio regressou à Europa, levando consigo qualquer esperança de reencontro e condenando muitos dos seus passageiros.
Em 2007, quando essa tela vai a leilão em Londres, o filho de Daniel, Elias, viaja dos Estados Unidos para Havana para descobrir o que aconteceu com o quadro e com a sua família. Só um homem, como o investigador Mario Conde, o poderá ajudar. Elias descobre então que o pai vivia atormentado por um crime, e que esse quadro, uma imagem de Cristo, teve como modelo outro judeu, que quis trabalhar no atelier de Rembrandt e aprender a pintar com o mestre.
"Sem heresia não teria havido o desenvolvimento da humanidade.
Se aceitamos os cânones das ortodoxias de forma absolutamente obediente ,
o homem não se desenvolve. Galileu foi considerado um herege.
Cervantes foi um herege. O próprio Rembrandt foi herege, como pintor".
Leonardo Padura
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