27 de janeiro de 1945 - Libertação de Auschwitz pelas tropas soviéticas |
Há 70 anos, a última chamada dos prisioneiros no Campo de Concentração de Auschwitz registava 70 mil pessoas.
202 499 foi o número da última tatuagem feita aos prisioneiros, antes das tropas soviéticas chegarem ao campo de extermínio a 27 de janeiro de 1945.
"Auschwitz não foi apenas o grande centro de extermínio. Não foi só isso. Começou por ser um campo de concentração mantido até ao fim. Foi em Auschwitz que judeus e ciganos serviram de cobaias para as diabólicas experiências levadas a cabo por médicos e enfermeiros nazis, que mais de um milhão de seres humanos de quinze países europeus foram gaseados e onde mais de 200 mil homens, mulheres e crianças morreram de fome, frio e doença, de exaustão e brutalidade, ou simplesmente de solidão e desesperança absolutas."
Esther Mucznik,
Vice- Presidente da Comunidade Israelita de Lisboa
Vice- Presidente da Comunidade Israelita de Lisboa
"Têm nas mãos algo que é rigorosamente proibido em Auschwitz e pode condená-los à morte se forem descobertos. Esses objetos, tão perigosos que a sua posse é motivo para a pena máxima, não se disparam, não são cortantes, perfurantes ou contundentes. Aquilo que os implacáveis guardiães do Reich tanto temem são apenas livros: livros velhos, sem capa, desfolhados, quase desfeitos. Mas os nazis odeiam-nos, caçam-nos e proscrevem-nos com uma ferocidade obsessiva. Ao longo da História, todos os ditadores, tiranos e opressores, fossem arianos, negros, orientais, árabes ou eslavos, fosse qual fosse a cor da sua pele, quer defendessem a revolução popular, os privilégios dos ricos, o primado de Deus ou a disciplina sumária dos militares, fosse qual fosse a sua ideologia, tiveram uma coisa em comum: todos, sem exceção, perseguiram os livros com uma sanha feroz. Os livros são perigosos, fazem pensar".
In A Bibliotecária de Auschwitz
Caro Leitor, para que nunca nos esqueçamos,
fique a conhecer a história de uma sobrevivente de Auschwitz,
a bibliotecária do Bloco 31.
Dita Dorachova, a jovem checa que aos 14 anos arriscou a vida para manter viva a magia dos livros |
"Não quis perguntar-lhe por certas coisas, porque acho que há coisas nas quais uma pessoa não se deve meter. Não deve entrar em certos recantos da dor. Dei-me conta que por vezes estava com um olhar perdido, que ficava calada com os pensamentos às voltas. Percebi que essas memórias estavam lá; 40 anos depois continuam presentes. E quando falamos de temas como a vingança disse-me que não a sente, mas não esquece o que aconteceu. Não pode esquecer. Tinha 70 anos, mas essa opressão e a perda dos seus pais são coisas que lhe ficaram gravadas para sempre"
Antonio G. Iturbe ao entrevistar Dita Dorachova antes de escrever o livro
"- Esta é a tua biblioteca. Não é grande coisa - disse Hirsch, e olhou para ela de soslaio, para ver que efeito tinha causado.
Não era uma biblioteca extensa. Na realidade, constituíam-na oito livros, e alguns em mau estado. Mas eram livros. (...)
Dita recebeu os livros um a um, com o mesmo cuidado com que se segura num recém-nascido. (...)
- Além disso ... não é um livro para menores. E muito menos raparigas.
Dita abriu mais os olhos, para mostrar a sua irritação.
- Com todo o respeito, senhor Hirsch, tenho catorze anos. Acredita mesmo que depois de ver todos os dias como o panelão do nosso pequeno-almoço se cruza com a carreta dos mortos e de ver dezenas de pessoas entrarem nas câmaras de gás ao fundo do Lager, me vai impressionar o que possa ler num romance? (...)"
"Os livros conservam nas suas páginas a sabedoria de quem os escreveu.
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