fevereiro 21, 2014

COMO É LINDA A PUTA DA VIDA



"O que espanta num gato é a maneira como combina a neurose, a desconfiança e o medo - para não falar numa ausência total de sentido de humor - com o talento para procurar e apreciar o conforto e, sobretudo, a capacidade para dormir 20 em cada 24 horas, sem a ajuda de benzodiazepinas.
O gato é neurótico mas brinca. Brinca com seriedade em saltinhos oblíquos. Mas, acima de tudo, descobriu o sistema binário da existência.
Que é: dormir faz fome. Comer faz sono. Acordo porque tenho fome. Adormeço porque comi. Nos intervalos, faço as necessidades.
Se não tem sono, é porque tem fome. Se não tem fome, é porque tem sono. Se não tem uma coisa ou outra, é porque tem de fazer as necessidades. É ou não uma lição de vida? Sim, é."

 
"Raios partam os dias zangados. Nada há que se possa fazer para fugir deles. Esperam por nós, como credores ajudados por juros injustificáveis, para nos cortarem a fatia do nosso coração que lhes cabe.
(...) quem não tem um dia zangado, em que ninguém ou nada corresponde ao que esperávamos?
(...) Os dia zangados e as noites zangadas que apenas servem para nos lembrar que todos nós nascemos e morremos sozinhos. E que viver é um enorme entretanto, de que devemos tirar partido, sobretudo quando há a sorte de amar e ser amado ou amada.
Os dias zangados são dias de amor. Ninguém se zanga por desamor. O amor sobrevive e continua, como vingança."
 
 
Estes foram dois pequenos excertos da nossa
 sugestão de leitura de fim de semana  
E não, não é um romance de gatos em dia zangado!!
É sim, o novo livro de crónicas de ...

 
Miguel Esteves Cardoso
Como É Linda a Puta da Vida
Publicado pela Porto Editora
 
 
 
"O título deste livro de crónicas acompanha dias bons e dias maus. Mas a coisa mais importante é que, mesmo nos dias maus, havia sempre momentos bons. É à própria pessoa que cabe decidir o dia. Por isso é que o livro se chama Como É linda a Puta da Vida.
Seria ridículo se hoje tentasse imitar quem fui aos 26 anos. Sou um sobrevivente, por isso não tenho medo de ser mal entendido. Ser livre é também não ceder ao que é mais fácil e que normalmente é mentira. Hoje tenho 58 anos passei por tantas coisas, li tantos livros (cerca de mil por ano) e isso tem que se refletir no que escrevo".
Miguel Esteves Cardoso
 
 
 
 
Miguel Esteves Cardoso, escritor, crítico e jornalista, nasceu em Lisboa a 25 de julho de 1955. Licenciou-se, em 1979, em Estudos Políticos na Universidade de Manchester e prosseguiu o doutoramento em 1983, em Filosofia Política com uma tese que relacionava a Saudade e o Sebastianismo no Integralismo Lusitano. Regressa a Portugal como investigador auxiliar no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Foi ainda professor auxiliar de Sociologia Política no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa.
Abandonou a carreira académica em 1988 para fundar o jornal O Independente. Miguel Esteves Cardoso foi também crítico literário e de cinema no Jornal de Letras.
Na televisão colaborou com Herman José como guionista no programa Humor de Perdição, e mais tarde, na SIC, na Noite da Má-Língua, onde eram satirizadas figuras e situações da vida pública nacional e internacional. Desde 2009 escreve diariamente no Publico.


"Por amor de Deus, o tempo é seu - afeiçoe-se a ele."
Miguel Esteves Cardoso


 
Bom fim de Semana
 
 
 
 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...