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janeiro 12, 2017

POIS SIM; MAS EU É QUE NÃO ESTOU PARA O ATURAR

Estreou nas salas de cinema a 5 de janeiro, o filme Zeus, realizado por Paulo Filipe Monteiro.
Não se trata do principal deus da mitologia grega, considerado na Grécia Antiga como o deus dos deuses mas, o nome de um cargueiro, que saiu de Lisboa a 17 de dezembro de 1925 e cujo rumo era a Argélia.
Nele ia, aos 65 anos de idade, Manuel Teixeira Gomes e não mais voltaria à Pátria.
Não levou consigo nem um papel, nem um livro, nada que lhe lembrasse o país. Levou apenas uma mala de roupa que usaria até ao fim da sua vida.
Durante os 15 anos seguintes viveu na cidade argelina de Bougie, no quarto nº 13, do Hotel de L'Étoile, onde retomou a sua atividade literária, desde há muito interrompida, e onde escreveu, segundo os críticos, uma das obras-primas da literatura portuguesa dos século XX, Maria Adelaide, outros outros livros de contos, memórias e cartas.

Bougie, Hotel onde faleceu Manuel Teixeira Gomes a 18/10/1941

Manuel Teixeira Gomes
, representante do Partido Democrático, foi o sétimo presidente da Primeira República Portuguesa, de 6 de outubro de 1923 a 11 de dezembro de 1925, no meio de permanentes convulsões políticas e sociais. A 11 de dezembro de 1925 enviou uma carta de renúncia ao Presidente do Congresso, alegando motivos de saúde, e dando início a um exílio voluntário de 15 anos: " Pois sim; mas eu é que não estou para o aturar", numa alusão ao presidente do Conselho.

Mamuel Teixeira Gomes no seu gabinete em Londres

Político, escritor e diplomata, Manuel Teixeira Gomes, nasceu a 27 de maio de 1862, em Portimão. Aos dez anos mudou-se para Coimbra para estudar no liceu do Seminário Diocesano, onde travou conhecimento com José Relvas. Em Lisboa frequentava regularmente a Biblioteca Nacional e conviveu com João de Deus e Fialho de Almeida. Depois de cumprir o serviço militar fixou-se na cidade do Porto, tendo colaborado com o jornal Primeiro de Janeiro e noutros jornais e revistas de menor expansão. Deixou a vida boémia do Porto e regressou a Portimão a fim de ajudar o seu pai nos negócios familiares. Aí e paralelamente à atividade comercial, continuou a escrever e interessou-se pela atividade republicana local, participando em comícios, reuniões e colaborando no jornal A Luta.
Em 1910, com a Implantação da República, foi nomeado embaixador em Londres, tornando-se assim o primeiro representante da República no Reino Unido. No exercício das suas funções evidenciou-se nas negociações anglo-germânicas, relativas às colónias portuguesas,  na cooperação com os governos portugueses na Primeira Guerra Mundial e integrou os círculos do movimento das sufragistas na capital londrina.
O facto de defender a entrada de Portugal na guerra, trouxe-lhe inimizades, levando-o a pedir a demissão do cargo, facto que só aconteceu em 1918, durante a ditadura de Sidónio Pais, que o mandou regressar a Portugal. Foi-lhe retirado o passaporte diplomático e colocado sob prisão no Hotel Avenida Palace. Depois da queda de Sidónio Pais regressou à atividade diplomática em Madrid e mais tarde em Londres. Em 1922 representou o país na Sociedade das Nações, chegando a ocupar uma das vice-presidências.
Em 6 de agosto de 1923, apoiado pelo partido republicano, vence as eleições à Presidência da República. No entanto o momento não era propício a uma presidência pacífica, dado que as lutas políticas eram intensas. Dececionado com a política, renunciou à Presidência, alegando motivos de saúde.
Parte quase em segredo na cargueiro Zeus com destino ao norte de África.

1950, aniversário da sua morte, o corpo é trasladado para a cidade de Portimão.

Morreu a 18 de outubro de 1941, sendo sepultado no cemitério cristão de Bougie, no jazigo dos proprietários do hotel onde passou os últimos anos. Por vontade da família, os seus restos mortais foram transladados para a sua cidade natal, Portimão, em 1950.

Em março de 2006, na sua última deslocação ao estrangeiro, o presidente Jorge Sampaio deslocou-se à Argélia para inaugurar um busto de homenagem a Manuel Teixeira Gomes e para participar no lançamento de uma antologia sobre o antigo Chefe de Estado Português.

"Pouca gente conhece que tivemos um Presidente da República destes, 
uma pessoa desta envergadura. Um presidente que tenha escrito livros eróticos, 
acho que é único no mundo."
                                                                                                  Paulo Filipe Monteiro


Caro Leitor
aqui fica o convite 
para se deslocar à Biblioteca Municipal
e ficar a conhecer a bibliografia
de um dos nossos Presidente da República. 




dezembro 16, 2016

EM 2017 DEIXE FLUIR O CHI

O CHI é a força da vida de todas as coisas animadas, a qualidade dos ambientes, o poder do Sol, da Lua, dos estados do tempo e da força condutora nos seres humanos.
Ao abrir uma porta, deixa-se entrar o Chi, trazendo vitalidade e vida ao lar. No entanto, o Chi capta energia residual de tudo aquilo que passa.

Caro Leitor este pequeno preâmbulo parece-lhe chinês?
Tem toda a razão.

A arte do Feng Shui, que significa literalmente "vento e água", é praticada pelos chineses há pelo menos três mil anos e é um método de disposição do nosso ambiente, de modo que possamos viver em harmonia com ele.


Os chineses têm um provérbio: primeiro, sorte; segundo, destino; terceiro Feng Shui; quarto, virtudes; quinto, educação. Embora o Feng Shui possa ser uma força poderosa na formação das nossas vidas, não é uma cura para todas as doenças. A sorte desempenha um papel importante, bem como a personalidade ou Karma, também muito importantes. O que fazemos com as nossas vidas e como nos comportamos na relação com os outros desempenhará uma parte e a educação dá-nos as ferramentas para compreender o mundo. O Feng Shui é apenas uma parte de todo este pacote.


O propósito do Feng Shui é criar ambientes nos quais o Chi corra suavemente para alcançar saúde mental e física. Quando o Chi flui suavemente através de uma casa, os seus ocupantes serão positivos e terão uma passagem fácil pela vida fora.
Se o Chi fluir suavemente no jardim, as plantas serão saudáveis e a vida animal florescerá. Num escritório onde o Chi flua livremente, os empregados sentir-se-ão felizes e participantes, os projetos serão completados a tempo e o níveis de tensão serão baixos.


As atitudes negativas são autodestruidoras e uma maneira certa de provocar reações negativas por parte dos outros.  As pessoas negativas têm menos probabilidade de concluir um contrato ou de serem promovidas do que as que estão sempre prontas a tentar qualquer coisa ou mostram entusiasmo. Sermos positivos é mais fácil quando nos sentimos bem dispostos e saudáveis e quando as nossas vidas fora de escritório são felizes e realizadas. O Feng Shui faz parte dos fatores que nos ajudam a atingir os nossos objectivos na vida.


Caro Leitor, 2017 está aí à porta. 
Deixe de lado o consumismo, próprio desta quadra. 

Visite-nos este fim de semana, 
 requisite os nossos livros sobre Feng Shui 
e aprenda a arte milenar de organizar o espaço para obter saúde,
 prosperidade, harmonia e felicidade.


Pode não ser preciso mudar a palmeira de sítio,
pode ser só necessário mudar a posição do espelho...














outubro 21, 2016

A CARTA QUE MUDARIA TUDO CHEGOU NUMA TERÇA-FEIRA


"Harold pensou em todas as coisas na vida que deixara escapar. Os pequenos sorrisos. As ofertas de cerveja. As pessoas por quem passava vezes sem conta, na rua ou no parque de estacionamento da fábrica de cerveja, sem sequer erguer a cabeça. Os vizinhos cujas novas moradas nunca guardara. Pior: o filho que não lhe falava e a mulher que ele traíra. Lembrou-se do pai no lar e da mala da mãe junto à porta. E, agora, aparecia-lhe uma mulher que, vinte anos antes, demonstrara ser sua amiga. Então era assim que as coisas se passavam? No preciso momento em que queria fazer alguma coisa, era sempre demasiado tarde?"

Será demasiado tarde?

É o que o Leitor vai descobrir ao requisitar
a nossa Sugestão de Leitura de Fim de Semana

Escrito por Rachel Joyce
Editado pela Porto Editora

A Improvável Viagem de Harold Fry


Para Harold Fry os dias são todos iguais. Nada acontece na pequena aldeia onde vive com a mulher Maureen, que se irrita com quase tudo o que ele faz. Até que uma carta vem mudar tudo: Queenie Hennessy, uma amiga de longa data que não vê há vinte anos, e que está agora doente numa casa de saúde, decide dar notícias. Harold responde-lhe rapidamente e sai para colocar a carta no marco do correio. No entanto, está longe de imaginar que este curto percurso terminará mil quilómetros e 87 dias depois. 
E assim começa esta improvável viagem de Harold Fry. Uma viagem que vai alterar a sua vida, que o fará descobrir os seus verdadeiros anseios há tanto adormecidos e sobretudo vai ajudá-lo a exorcizar os seus fantasmas.



Rachel Joyce nasceu em 1962 em Londres. Atualmente vive numa quinta do Gloucestershire, em Inglaterra com o marido e os quatro filhos. Durante vinte anos escreveu argumentos para rádio, televisão e teatro. Passou também pelo palco o que lhe valeu alguns prémios.
A nossa sugestão de leitura para o seu fim de semana foi o seu primeiro romance. A obra recebeu o National Book Award, na categoria New Writer of the Year, e um lugar entre os finalistas do prestigiado Man Booker Prize.
A Improvável Viagem de Harold Fry tem direitos de tradução vendidos para 35 países e já se venderam mais de 2 milhões de exemplares em todo o mundo. Vários meios de comunicação consideraram-no um dos melhores livros de 2012.




"Assombroso, inesperado e inspirador, Rachel Joyce faz-nos sentir
 que devíamos sair de casa, caminhar e descobrir a vida".
                                                                               The Times 













agosto 05, 2016

FOI NA PRAIA QUE VI CHLOE GRACE PELA PRIMEIRA VEZ.






"A água era perfeitamente transparente pelo que podia ver nitidamente a areia ondulada do leito do mar, pequeninas conchas e pedacinhos de tenazes partidas de caranguejos, e os meus pés, lívidos e estranhos, como espécimes exibidos em redomas de vidro. Enquanto estava ali parado, de repente, não, não foi de repente, mas antes numa espécie de encapelamento progressivo, o mar engrossou, não era bem uma vaga, mas um ondular lento e suave que parecia vir das profundezas como qualquer coisa imensa se tivesse agitado lá no fundo (...). 
Depois uma enfermeira veio chamar-me. Virei-me e segui-a e foi como se tivesse a caminhar pelo mar dentro."
John Banville, In O Mar
                                                                                                      



É só uma pequena mostra da nossa sugestão de leitura para o fim de semana.
Em 2005 venceu o Man Booker Prize
a Publishers Weekly diz que é um romance Magnífico
para a Booklist é Brilhante
 e para a crítica do jornal Público, Helena Vasconcelos, é um dos melhores livros da última década.


Tudo boas razões para levar consigo
O Mar
Escrito por John Banville
Editado pelas Edições ASA  






Quando Max Morden regressa à pequena cidade onde passou férias na infância, está a tentar escapar a uma perda recente e, inadvertidamente, a confrontar um trauma antigo. Este vai ser também um regresso ao lugar onde conheceu a família Grace, que lhe deu a conhecer o amor e a dor, o sexo e a morte, em suma, os inesperados da vida...
Nesse verão distante, os Grace apareceram na sua vida como que vindos de outro mundo. Este sofisticado casal, em nada parecido com os outros adultos que ele conhecia, fascina-o. Mas vão ser os filhos do casal, os gémeos Myles e Chloe, que mais o cativam. Ele acabou por conhecê-los de uma forma confusa e até intima, e o que aconteceu então vai ensombrá-lo para o resto da sua vida e moldar todos os passos que der. Entrelaçadas nesta história estão as memórias que Morden tem de Anna, a sua mulher - da sua vida em comum, da sua morte -, e os momentos que compõem a sua vida atual: a sua relação com Claire, a filha já adulta, os outros hóspedes do hotel, e sempre o olhar que teima em fixar-se num passado que bate como "um segundo coração".



The Sea





Em 2013 estreou na Irlanda, The Sea, O Mar
a primeira longa-metragem do realizador Stephen Brown, 
com  Ciarán Hinds e Charlolle Rampling. 
O filme foi adaptado do romance 
que lhe sugerimos como leitura para o seu fim de semana 
e com argumento do próprio autor.





John Banville, romancista, nasceu a 8 de dezembro de 1945, em Wexford, na Irlanda. Na sua já vasta e aclamada obra, destacam-se Doutor Copérnico (vencedor do Prémio James Tait Black Memorial, 1976), Kepler (vencedor do Prémio para Ficção do Jornal The Guardian, 1981), Fantasmas e O Intocável (ambos finalistas do Whitbread Fiction Prize) ou O Livro da Confissão (finalista do Booker Prize em 1989). Com o romance O Mar, venceu em 2005 o Man Booker Prize.
Em 2011 foi galardoado com o Prémio Franz Kafka e em 2013 com o Pen Award irlandês e o Prémio de Estado de Literatura Europeia austríaco.  
Em 2014 recebeu o Prémio Príncipe das Asturias







Bom Fim de Semana


julho 08, 2016

POR AMOR DA ÍNDIA

Todos sabemos, que fomos nós, portugueses, os primeiros a chegar à Índia por via marítima. É certo, que todos os dias vemos, ouvimos e lemos notícias de outras paragens, mais ou menos longínquas, cuja História e Cultura pouco conhecemos. Será que a Índia não será um destes exemplos? Será que, de imediato, quando falamos na Índia não a associamos apenas àquilo que recordamos da nossa História, às suas riquezas, às especiarias, aos tecidos, aos vice-reis e pouco mais?

1498 - A armada de Vasco da Gama chega à Índia por via marítima

Se a nossa História nos liga à Índia, 
seria interessante sabermos um pouco mais sobre ela.
Nós damos uma ajuda, 
sugerindo a leitura de um livro, 
onde o romance se cruza com a história recente deste país de contrastes.






POR AMOR DA ÍNDIA
de CATHERINE CLÉMENT
Edições ASA



1947: o último vice-rei das Índias Britânicas, Lord Mountbatten, sobe ao trono em Nova DEli; sua mulher, Lady Edwina, é uma das grandes damas da aristocracia inglesa; o pandita Nehru acaba de ser libertado da prisão - tornar-se-à em breve o primeiro-ministro da Índia independente.
Tudo parece opor Edwina e Nehru e, no entanto, entre o rebelde indiano e a lady inglesa desponta uma paixão impossível, que Lord Mountebatten, o marido, aceitará com nobreza. Decorrem os sangrentos acontecimentos que se seguiram à divisão das Índias em dois países, o Paquistão e a Índia: em poucas semanas, massacres religiosos e epidemias fazem mais de quinhentos mil mortos nas aldeias e nas estradas.
Só um velho homem de setenta e quatro anos compreende a iminência do desastre: o Mahatma Gandhi, que morrerá assassinado depois de ter apaziguado as guerras religiosas no seu país, mas sem ter podido impedir a divisão das Índias. Alguns meses mais tarde, os Mountbatten regressam a Inglaterra. Porém, o amor entre Edwina e Nehru continua: durante doze anos escrever-se-ão todas as noites e viverão juntos um mês por ano. Até à morte de Edwina.
Esta incrível história, lendária na Índia de hoje, faz entrar Nehru e Edwina — casal mítico no coração de uma epopeia contemporânea — no limbo magnífico dos amantes separados.


CATHERINE CLÉMENT, filósofa e romancista, nasceu em 1939, em Paris. Depois de ter publicado obras de filosofia, antropologia e psicanálise, converteu-se, com sucesso, à ficção. É autora de mais de trinta livros. Entre as suas obras mais populares, contam-se A Senhora, Por Amor da Índia, A Valsa Inacabada, A Rameira do Diabo, A Viagem de Théo e O Último Encontro.




Na nossa Biblioteca Municipal,

pode encontrar e requisitar estes livros da autora.














junho 17, 2016

DEVEMOS VOLTAR AO LUGAR ONDE FOMOS FELIZES?


"Penso que viajar é a única realidade e que a internet é uma distorção da realidade.
 Tem que se ver, ouvir e cheirar um sitio para o conhecer."
                                                                                                  Paul Theroux


Paul Theroux nasceu a 10 de abril de 1941 em Medford, no Massachusetts, filho de mãe italiana e pai canadiano de origem francesa. Frequentou a Universidade no Maine e no Massachusetts, mas foi o curso de escrita que fez com o poeta Joseph Langland, que o levou a descobrir que escrever era tudo o que queria fazer na vida.
Viveu em Itália, onde foi leitor, no Malawi, onde também ensinou e esteve envolvido no golpe de Estado, que tentou depor o então ditador Hastings Banda, no Uganda, onde conheceu a sua futura mulher e encontrou, pela primeira vez, V. S. Naipul, que viria a ser seu grande amigo e mentor, e, também, em Singapura e em Inglaterra. A par das colaborações regulares que manteve ao longo dos anos com as revistas Playboy, Esquire e Atlantic, escreveu dezenas de romances (alguns adaptados ao cinema por Peter Weir e Peter Bogdanovich - com atores como Harrison Ford, River Phoenix, Michael Caine, Helen Mirren, Sigourney Weaver ou Patrick Kavanagh), ensaios e alguns dos melhores livros de viagens de sempre, como, O Velho Expresso da Patagónia, O Grande Bazar Ferroviário ou Comboio-Fantasma para o OrienteO autor vive atualmente entre Cape Cod e o Havai.



Agora que o Leitor já conhece o autor 
Paul Theroux
só falta vir à Biblioteca Municipal e requisitar o seu mais recente romance, 
editado pela Quetzal, para 
leitura no seu fim de semana.


"Theroux tece uma tensa trama de ficção e um comentário
sobre a natureza humana  e sobre a forma 
- brutal- como esta lida com o que acredita ser o "outro"."
                                                                                                              The Telegrah



Ellis Hock nunca acreditou que voltaria a África, à isolada aldeia em que fora tão feliz. Enquanto gere o seu antiquado negócio de pronto-a-vestir masculino, Ellis Hock sonha ainda com o seu paraíso africano e os quatro anos que passou no Malawi com o Corpo de Paz, interrompidos quando foi obrigado a regressar a casa para tomar conta do negócio de família.
Mas quando a mulher o deixa, privando-o da casa de família e da filha, e exigindo partilhas, Ellis Hock percebe que não tem lugar para onde possa ir, a não ser a remota região de Lower River, onde poderá reencontrar momentos felizes.
Ao chegar à poeirenta aldeia, Hock descobre-a profundamente transformada: a escola que ele próprio construíra é agora uma ruína; a igreja e a clínica desapareceram; e a pobreza e apatia instalaram-se nas pessoas, que se lembram dele - do estrangeiro que tinha medo de cobras - e lhe dão as boas-vindas.
Mas esta nova vida de Ellis Hoch, este retorno, será uma evasão ou antes uma armadilha?
Alternando memória e desejo, esperança e desespero, salvação e condenação, este é um emocionante regresso a um terreno, sobre o qual ninguém escreveu com tanto brilhantismo como Theroux.


"O meu personagem quer voltar a um lugar onde foi feliz 
e poder ser feliz de novo. Mas é um erro".
                                                                                                           Paul Theroux





BOM FIM DE SEMANA



maio 20, 2016

ERA TANTA A CONFUSÃO NAQUELA CASA . . .


Ilustração de Denis Zilber
"Era tanta a confusão naquela casa que, a princípio, vi-me à rasca para saber quem lá vivia. 
O Pai, era fácil: tinha olhos azuis, rabo-de-cavalo e dentes a mais. Trabalhava nas finanças. (...)
A Mãe era um hino. Aquilo era uma assoalhada única, mas o que ela arranjava para fazer todo o dia tu não acreditas. Lavava o cimento com lixívia, dava óleo nos móveis, desencardia os colarinhos, fazia o almoço assim que se levantava e o jantar quando a malta almoçava. (...)
Ninguém encorajava os rasgos da Anã e, logo que ela se manifestou como adiantada mental, o Pai reuniu a Família no Quintal e conspirou em voz baixa:
- Não é ela que é um prodígio, percebem? Nós é que somos broncos!"
                                                                                                           In Os Filhos da Mãe

É um romance absolutamente desconcertante,  
que o vai fazer rir da primeira à última página. 
 É a nossa sugestão para leitura de fim de semana. 


OS FILHOS DA MÃE
 de Rita Ferro
 Dom Quixote

História hilariante de uma família numerosa, disfuncional, de um pai lunático à doméstica achinelada, do marialva ao filho homossexual, da fedelha sobredotada à parelha de gémeos tão bonitos como estúpidos, que partilham um espaço exíguo e que para além de um hóspede, ainda aceita a filha de uma relação anterior de pai: uma cubana de 30 anos e quatro filhos pequenos, que erotiza os homens da casa e engravida a seguir.



Rita Ferro nasceu em Lisboa a 26 de fevereiro de 1955. É filha do escritor e filósofo António Quadros e de Paulina Roquette Ferro, neta paterna de Fernanda de Castro e António Ferro. É especialista de Marketing, tendo feito estágios profissionais nos EUA, Reino Unido e Brasil. Trabalhou como copywriter e depois como promotion manager nas Selecções do Reader's Digest, durante 11 anos. Foi professora no antigo IADE  e colabora regularmente na imprensa, na rádio e na TV. 
Foi apresentadora de televisão e cronista na rádio, jurada literária e de festivais de cinema. 
Em 1994 apresentou, conjuntamente com Mário Zambujal, o programa "Quem conta um conto" na RTP 2. Iniciou a sua carreira literária em 1990, com a publicação do romance O Nó na Garganta. Seguiram-se nos anos seguintes os romances O Vestido de Lantejoulas e o Vento e a Lua.
Escreveu 22 livros em 22 anos, entre romances, cartas, biografias, crónicas, literatura infantil e uma peça de teatro. Ao seu romance autobiográfico A Menina É Filha de Quem?, publicado em 2011, foi atribuído o Prémio PEN Clube Português de Narrativa 2012.
Rita Ferro criou um estilo e um novo género literário que se distingue por uma técnica de narração mordaz e cativante, de grande versatilidade. Os seus livros estão editados em Espanha, Brasil e Croácia. Participou no programa da Antena 1 A Páginas Tantas,  conjuntamente com Inês Pedrosa, Patrícia Reis e Ana Daniela Soares. É membro do Conselho Executivo da Fundação António Quadros, que reúne o espólio do seu pai e avós.
Em setembro de 2011, a sua obra foi objeto de tese de licenciatura orientada pela professora doutora Helena Barbas: " Estratégias de representação do "eu" e do sentir feminino em narrativas de Stefan Zweig, Simone de Beauvoir e Rita Ferro", por Donzília Alagoinha Felipe.
Atualmente é convidada habitual no programa Conversa de Raparigas na Antena 3.



"- Deixas uma moça que é minha filha vir viver connooooosco?
A Venância, que não podia de maneira nenhuma largar o refogado, respondeu no mesmo tom desbragado: 
 - Como é que sabes que é tua? Cortaste-lhe o umbiiiiiiigo?
E cheirando a colher de pau:
- Pergunta-lhe ao menos tem saúde?"
                                                                                                           In Os Filhos da Mãe










maio 13, 2016

TU FALASTE COM A NOSSA SENHORA?


Fátima, 1917

"Nessa manhã, com bigode de café, Lúcia explicou aos primos, que iam levar os rebanhos a pastar mais perto, havia muita erva e pouco tempo. Os primos compreenderam bem. Tinha chegado o dia. Por fim, tinha chegado o dia."
In, 
Em Teu Ventre

13 de maio de 1917
As Aparições de Fátima são o tema do mais recente livro de José Luís Peixoto. 
Mais do que o milagre e sem tomar partido nem extremar posições, ao autor, interessa-lhe a realidade dessa época, abrir novas possibilidades de interpretação, romper com discursos simplificados e entrar dentro do tabu. De maio a outubro de 1917, vai descrever um dos acontecimentos mais marcantes da nossa história recente e que o Leitor vai poder testemunhar na nossa 
sugestão de leitura de fim de semana.


Em teu Ventre
José Luís Peixoto 
Editado pela Quetzal


"Ai, Lúcia, que eu não mereço metade das arrelias que me dás. Parece que não bastam as tantas que já tenho, a deitarem-me abaixo todos os dias, e ainda te vais lembrar de mais moléstias. Para  que é isso, filha? Não te falta pão, não te falta descanso, não te falta brincadeira. Ganha consciência. Tu não vês que isso não está bem-feito? A própria Nossa Senhora se apoquenta com estas coisas, nem é bom pensar."
In, 
Em Teu Ventre

A partir de um ponto de vista inteiramente novo, Em Teu Ventre retrata um dos episódios mais marcantes do século XX português: as aparições de Nossa Senhora a três crianças, entre maio e outubro de 1917.

"As aparições de Nossa Senhora têm uma ligação clara à maternidade, tal como o culto mariano. No livro, essa componente é dada por três figuras. A da mãe de Lúcia, que disputa com a filha o protagonismo do livro; a da mãe idealizada, que surge nos textos em versículos; e a de que parece ser a do narrador ou autor. É uma reflexão sobre a mãe que cada um carrega dentro de si e a sua importância formadora"
José Luís Peixoto, 
In Jornal de Letras



"Belíssimo romance, um dos melhores de José Luís Peixoto. 
Acabámo-lo de ler e não queríamos que tivesse acabado. 
É o melhor elogio que se pode fazer a um livro e a um autor". 
                                                                                                      Miguel Real



José Luís Peixoto nasceu a 4 de setembro de 1974, em Galveias, concelho de Ponte de Sôr. 
É licenciado em Línguas e Literaturas Modernas (inglês e alemão) pela Universidade Nova de Lisboa. Antes de se dedicar profissionalmente à escrita em 2000, foi professor. 
É um dos autores de maior destaque da literatura portuguesa contemporânea. A sua obra ficcional e poética está representada em diversas antologias, traduzida em mais de 20 idiomas e é estudada em várias universidades nacionais e estrangeiras.
Recebeu o Prémio Jovens Criadores na área da literatura, no as anos de 1997, 1998 e 2000.
Em 2001, o seu romance Nenhum Olhar recebeu o Prémio Literário José Saramago. Esse mesmo livro, publicado no Reino Unido sob o Título "Blank Gaze" fez parte da lista do Financial Times dos melhores livros publicados em Inglaterra em 2007.
 Em 2007, em Saragoça, Cemitério de Pianos recebeu o Prémio Cálamo Otra Mirada, destinado ao melhor romance estrangeiro publicado em Espanha. 
Com Livro, venceu o Prémio Libro d'Europa, atribuído em Itália ao melhor romance europeu publicado no ano anterior.
As suas obras foram ainda finalistas de prémios internacionais como o Femina (França), o Impac Dublin (Irlanda) ou o Portugal Telecom (Brasil).
Na poesia, o livro Gaveta de Papéis recebeu o Prémio Daniel Faria e A Criança em Ruínas recebeu o Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores.
Em 2005, escreveu as peças de teatro Anathema, estreada no Theatre de la Bastille, em Paris, e À Manhã, que estreou em Lisboa no Teatro São Luiz.
Em 2012, publicou Dentro do Segredo, Uma viagem na Coreia do Norte, a sua primeira incursão na literatura de viagens. Galveias, o seu mais recente romance, foi publicado em 2014.
Morreste-me, Gaveta de Papeis e Nenhum Olhar estão publicados em braille.
município de Ponte de Sôr criou, em 2007,  um prémio literário com o nome de José Luís Peixoto para  jovens autores.


"Quero que o livro exista para lá das minhas convicções. 
Não gostaria que as minhas crenças moldassem a leitura de ninguém"
                                                             José Luís Peixoto,
                                                                  In Jornal de Letras




Bom Fim de Semana


abril 29, 2016

A LIBERDADE É COMO O SOL. É O BEM MAIOR DO MUNDO

A nossa Sugestão de Leitura para este Fim de Semana
foi retirada da nossa mostra bibliográfica, patente no átrio de entrada da Biblioteca Municipal, até ao dia 30 deste mês, e intitulada "Pela Liberdade"
De acordo com Jorge Amado , no seu livro "Capitães de Areia": 

"A Liberdade é como o sol. 
É o bem maior do mundo".



Tudo Passa
De Vassili Grossman
Editado pela Dom Quixote

Ivan Grigórievitch tem vivido num Gulag na Sibéria  nos últimos trinta anos. Posto em liberdade após a morte de Stálin, "por ausência de corpo de delito", descobre que os anos de terror impuseram uma escravidão moral e coletiva e descobre que tudo mudou para ficar na mesma. Ivan terá então de esforçar-se por encontrar o seu lugar num mundo que lhe é estranho. Mas, num romance que procura abordar acontecimentos trágicos da União Soviética, a história de Ivan é apenas uma entre muitas. Assim, conhecemos também o seu primos, Nikolai, um cientista que nunca deixou a sua consciência interferir na sua carreira, Pinéguin, o informador que levou a que Ivan fosse enviado para o campo de trabalhos forçados e ainda uma série de outros informadores, cada qual com uma desculpa para os seus indesculpáveis feitos. E, no centro do romance, encontramos a história de Anna Serguéevna, amante de Ivan, que nos conta o seu envolvimento como ativista no terror que foi a Grande Fome da Ucrânia - uma ação deliberada de extermínio, desencadeada pelo regime  soviético, que levou à morte de milhões de camponeses.

"Como tudo o que ocorria no país, também esta indignação espontânea contra os crimes sangrentos dos judeus foi idealizada e planeada de antemão, da mesma maneira que Stálin planeava as eleições para o Soviete Supremo - eram preparadas com antecedência as características e a nomeação dos deputados, e depois, de forma planificada, os candidatos eram espontaneamente promovidos, fazia-se a sua campanha eleitoral e, finalmente, as eleições nacionais realizavam-se.(...)
Mas, de repente, a 5 de março, Stálin morreu. Esta morte rompeu o gigantesco sistema do entusiasmo mecanizado, da ira popular e do amor popular estabelecidos por ordem do comité do partido. (...)
Stálin morreu! Nesta morte havia um imprevisto elemento livre, infinitamente alheio à natureza do Estado stalinista."
                                                                              Vassili Grossman
In, Tudo Passa

"Os Manuscritos Não Ardem"
                                                                 Mikhaíl Bulgákov


Vassili Grossman nasceu a 12 de dezembro de 1905, em Berdychiv, Ucrânia, numa família judaica que se identificava mais com a cultura russa do que com a judaica. Fez o curso de química na Universidade Estatal de Moscovo, mas abandonou a carreira de engenheiro para se dedicar exclusivamente à escrita, tendo sido, na sua juventude, protegido de Maximo Gorki. Foi nomeado para o Prémio Stálin, a maior distinção do regime literário soviético, mas excluído da lista de candidatos pelo próprio Stálin.
Em 1941 foi correspondente de Estrela Vermelha, jornal de Exército Vermelho, fazendo reportagens sobre a defesa de Stalinegrado, a queda de Berlim e as consequências do Holocausto. As suas descrições sobre o que encontrou em Treblinka e Majdanek foram usados como testemunhos de acusação no Tribunal de Nuremberg, quando os criminosos de guerra foram a julgamento.
Em 1945, em coautoria com Iliá Erenburg, escreveu "O Livro Negro", coletânea de documentos e testemunhos sobre os crimes contra os judeus no território da URSS e da Polónia nos anos da 2ª Guerra Mundial, editado em Israel e nos Estados Unidos, mas não autorizada na União Soviética. De 1946 a 1959, trabalhou nos romances "Por uma Causa Justa" e "Vida e Destino".
Quando, em 1961, durante a busca a sua casa, os oficiais do KGB confiscaram o manuscrito do seu romance "Vida e Destino", levaram também o romance não acabado "Tudo Passa", a sua última obra em que trabalhava desde 1955. E os seus últimos dias foram passados no hospital, em Moscovo a reescrever e a completar este romance, tendo-o acabado em 1963, pouco antes da sua morte. Com este livro, concluiu a sua grande obra épica sobre o destino humano em condições de regime totalitário. Morreu a 14 de setembro de 1964. 



Bom Fim De Semana




abril 08, 2016

UMA TERRA CHAMADA LIBERDADE



O Óscar já escolheu a leitura para o fim de semana. 
E o Leitor? 
Não tem ideia do que ler?

Não se preocupe Caro Leitorsiga a nossa 
sugestão de leitura de fim de semana.

Editado pela primeira vez em 1995, reeditado no passado dia 3 de março pela Editorial Presença, e acabado de chegar à sua Biblioteca, sugerimos um autor muito do agrado dos nossos leitores. Falamos do autor britânico Ken Follett.



Condenado à nascença a uma vida de escravidão, Mack McAsh vê-se forçado a trabalhar nas minas de carvão da Escócia, no ano conturbado de 1766. Porém, Mack não perde a esperança de ser livre. Inesperadamente, encontra uma aliada. Lizzie Hallim é a bonita aristocrata rebelde e determinada que, apesar da sua condição, também se encontra aprisionada em intrigas e jogos de poder. Devido às ideias progressistas de Mack, Sir George, senhor das terras e dono da mina, dificulta-lhe a vida, obrigando-o a fugir. Num volte-face, é Lizzie quem o ajuda. Os dois jovens não sabem que em breve a paixão será tão avassaladora no velho mundo como no novo.
Das minas de carvão da Escócia às sujas ruas de Londres, passando pelas plantações de tabaco na Virgínia, os dois enamorados querem apenas conquistar algo para as suas vidas: a liberdade.



"- Mas é a vida de um homem! Pense na irmã dele, coitada, na dor que terá quando souber que ele foi enforcado.
- São mineiros, minha querida, não são como nós. Para eles, a vida pouco vale, não sentem a dor que nós sentimos. A irmã embebeda-se com genebra e depois volta para a mina. 
- A mãe não acredita nisso, que eu sei.
- Talvez esteja a exagerar, mas tenho a certeza absoluta de que não vale a pena preocuparmo-nos com essas coisas. 
- Não consigo evitar. Mack é um rapaz às direitas que só quis ser livre, e não suporto a ideia de ele acabar numa forca".
In Uma Terra Chamada Liberdade




Ken Follett é um dos mais notáveis autores contemporâneos. Dos seus trinta livros, publicados em mais de 80 países, já foram vendidos mais de 150 milhões de exemplares.
Kenneth Martin Follett, nasceu a 5 de junho de 1949 no País de Gales. É formado em Filosofia pela University College, de Londres e começou a sua carreira como jornalista. Dos pequenos contos que escrevia aos fins de semana, rapidamente passou a escrever romances encorajado pelos amigos e colegas jornalistas.
O seu primeiro best seller "O Buraco da Agulha" foi o vencedor de Edgar Award como melhor romance de 1978.
Desde o seu primeiro grande êxito literário, cada novo livro vem confirmar a sua capacidade para conquistar um público fiel.
Entre os seus maiores sucessos contam-se os Pilares da Terra, Um Mundo sem Fim.
Tem o Leitor boas razões para se deslocar à Biblioteca Municipal e requisitar a nossa sugestão de leitura, pois segundo o San Francisco Chronicle é "Um romance histórico cativante."





Bom Fim de Semana



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