novembro 20, 2015

ESTOU A PERDER OS MEUS ONTENS




"Pura e simplesmente não conseguia encontrar a palavra. Tinha uma vaga sensação daquilo que queria dizer, mas a palavra propriamente dita escapava-lhe. Desaparecera. Não sabia com que letra começava, nem como soava, nem quantas sílabas tinha. Não a tinha debaixo da língua. (...)
- O que a traz cá hoje, Alice? - perguntou a Drª Moyer.
- Ando com muitos problemas de memória, ultimamente, que pensei serem sintomas de menopausa. O período deixou de me aparecer há cerca de seis meses, mas apareceu de novo no mês passado, portanto talvez não esteja na menopausa e depois, bom... achei que seria melhor vir cá. (...)
- Mas não pode ser, tenho apenas cinquenta anos.
- Tem Alzheimer precoce. Tem razão, normalmente pensamos na Alzheimer como uma doença que afecta os mais idosos, mas dez por cento das pessoas com Alzheimer têm esta forma precoce e menos de sessenta e cinco anos ."
In
O Meu nome é Alice

Para o seu fim de semana a nossa sugestão de leitura é:


O Meu nome é Alice
Escrito por Lisa Genova
Editado pela Lua de Papel



O mundo de Alice é quase perfeito. É professora em Harvard, vive com o marido uma relação que resiste à passagem dos anos, às exigências da carreira, à partida dos filhos. E tem também uma mente brilhante, admirada por todos, uma mente que não falha... Um dia porém, a meio da uma conferência, há uma palavra que lhe escapa. É só uma palavra, um brevíssimo lapso. Mas é também um sinal, o primeiro, de que o mundo de Alice começa a ruir.
Seguem-se as idas ao médico, as perguntas, os exames e, por fim, a certeza de diagnóstico terrível. Aos poucos, quase sem dar por isso, Alice vê a vida a fugir-lhe das mãos. Ama o marido intensamente, ama os filhos, e todos eles estão ali, à sua volta. Ela é que já não está, é ela que se afasta, suavemente embalada pelo esquecimento, levada pela doença de Alzheimer.


Em que mês estamos?
Onde vives?
Onde é o teu escritório?
Quando é o aniversário da Anna?
Quantos filhos tens?


Lisa Genova nasceu a 22 de novembro de 1970. Formada em Psicologia e com um doutoramento em Neurociência pela Universidade de Harvard, trabalhou durante anos como investigadora em áreas como a depressão, a doença de Parkinson, a toxicodependência e a perda de memória.
Estreou-se no romance com a nossa sugestão de leitura para este fim de semana, que publicou originalmente, em 2007, em edição de autor e que se tornaria mais tarde um bestseller do New York Times.
Já este ano, a 22 de fevereiro, Julianne Moore foi a vencedora do Oscar para a melhor atriz pela sua interpretação no filme "O meu nome é Alice", uma adaptação cinematográfica do seu livro.


"Os meus ontens estão a desaparecer e os meus amanhãs são incertos".









novembro 13, 2015

A GRANDE DISCÓRDIA




"As pessoas que fogem de atrocidades não deixarão de vir se deixarmos de lhes atirar bóias de salvamento. Embarcar num barco frágil na Líbia vai continuar a parecer uma decisão racional se foges para salvar a vida e o teu país está em chamas. O único resultado de se retirar ajuda será testemunhar as mortes vergonhosas e desnecessárias à porta da Europa"
Maurice Wren
Conselho Britânico para os Refugiados



Todos os dias vemos imagens destas nas nossas televisões e queremos perceber 
o Como e o Porquê.


"Quem são os autores desta desalmada violência? Em que acreditam? Alguém os comanda? Quem? O que leva a esta orgia de sangue e violência, a lembrar crónicas concentracionárias, cenas da Antiguidade, limites da perversidade humana? (...)
De que fundas histórias e raízes vêm tão complexas divisões e seitas? Onde está a realidade e onde está o mito; onde está a verdade e onde está o cliché? Como é que uma religião monoteísta, que defende o Bem e a Justiça, que produziu no passado longínquo uma civilização que se estendeu em maravilhas de Bagdad a Córdova, que inventou a Álgebra e transmitiu a Filosofia grega à Europa cristã, está hoje reduzida no imaginário ocidental a este grande desatino de destruição e medo?"


Numa narrativa histórica e sintética, desde o nascimento de Maomé
até às crueldades do recém-criado Estado Islâmico,
é o que nos explica o livro de 

Jaime Nogueira Pinto
publicado em abril deste ano pelas Publicações Dom Quixote,

e que sugerimos como leitura para o seu fim de semana

 O ISLÃO E O OCIDENTE
 A Grande Discórdia


"O ataque ao semanário Charlie Hebdo, em 7 de janeiro, moveu e comoveu mais os europeus do que a chacina das crianças e jovens do Colégio Militar de Pashawar, do que as mulheres escravizadas ou massacradas pelo Boko Haram na Nigéria, do que os egipcios coptas decapitados ritualmente, do que cristãos crucificados às centenas no Iraque ou na Síria.(...)
Numa operação em que a verdade e propaganda se misturam, o ISIS recriou o clima do Grande Medo.(...)
O Estado Islâmico está apostado em reunir nas suas fileiras os muçulmanos de todo o mundo. O "belo-horrível" das execuções rituais, as paradas dos todo-o-terreno com armas e bandeiras, as declarações e proclamações inflamadas dos seus emires barbudos, a força das profecias e reencenação rigorosa dos sinais que antecedem o seu cumprimento, tudo é posto em marcha para fazer crescer a ameaça e para que se reproduza na vida real uma mítica batalha final entre o Crescente e a Cruz. (...)
Comecemos pelo princípio, pela religião do Islão e pelo seu fundador".


Jaime Nogueira Pinto nasceu no Porto a 4 de fevereiro de 1946, licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa e é doutorado pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
Foi diretor do jornal O Século, administrador da Bertrand e é atualmente acionista e administrador de empresas na área da consultoria estratégica e da segurança privada.
Colabora regularmente na imprensa portuguesa e escreve sobre Ciência Política e História Contemporânea.

Na nossa Biblioteca e do mesmo autor, além deste livro, pode o Leitor encontrar também os seguintes títulos:
- "António de Oliveira Salazar: O outro retrato", ed. A Esfera dos Livros, 2007
- "Portugal, os anos do fim: A revolução que veio de dentro", ed. D. Quixote, 2014


Aleppo, Siria
Fotografia do ano (2014) na Suécia, tirada pelo
 fotojornalista Niclas Hammarstrom

"Jihad significa combate, mas, no Corão, o combate é sobretudo um combate individual, o esforço pessoal do crente com vista ao aperfeiçoamento ou a uma prática da fé que o leve pelo caminho certo e o aproxime de Deus: "O verdadeiro combatente é o que trava um combate consigo mesmo", diz o Profeta.





novembro 10, 2015

SÁBADO | 14 de NOVEMBRO | 15:30

No auditório da nossa Biblioteca Municipal, a autora Sandra Jordão vai proceder à apresentação do seu mais recente livro infantil, intitulado . . .



"Sandra dá vida às histórias que habitam em si, 
partilhando-as com as crianças, leitores entusiastas, 
vibrantes e sonhadores."


Sandra Jordão é natural do Montijo e reside em Leiria há 26 anos. É mãe de três “Potinhos de Ouro”. Acumula atividade profissional como escriturária há 23 anos numa empresa local, mas o seu grande sonho é dar vida às histórias que habitam em si desde que aprendeu a escrever e a ler, partilhando-as com alegria e paixão com as crianças, na certeza que são leitores entusiastas, vibrantes e sonhadores. Na busca deste sonho já publicou dois livros infantis em edição de autor. Em 2012 “A Bruxinha Despenteada” com uma mini versão em Inglês e em 2013 “Cassilda, a Bailarina”, tendo este último sido coreografado por uma Escola de Dança e apresentado ao público no Teatro José Lúcio da Silva, em Julho de 2013. Também, no dia Mundial da Dança dos anos de 2013 e 2015, subiram ao mesmo palco os pequenos grandes bailarinos que coreografaram outras duas histórias de sua autoria: “A boneca de trapos e a boneca de porcelana” e “A pequena, grande bailarina”.
Em 2015, em parceria com a CRID Leiria, e por esta área ser de especial interesse para si, publicou “A Bruxinha Despenteada” em Braille, tendo oferecido os livros às Acapo do nosso país, à Biblioteca José Saraiva, à Biblioteca Municipal de Montijo, à Fundação Champalimaud, à APPDM e ao Centro Helen Keller e Agrupamento de Escolas do Algarve, para que as crianças invisuais possam sentir a bruxinha e sonhar com ela. Neste contexto, participou recentemente no “Concurso Internacional Onkyo Braille”, tendo o seu texto sido um dos escolhidos para representar o nosso país.














outubro 28, 2015

SERÁ QUE NOS SENTAMOS CORRETAMENTE NA RETRETE?


Ilustração de Maxim Kostenko

Segundo o que nos diz Giulia Enders no seu mais recente livro, não.
 E nessa ida à casa de banho, até o Homem Aranha comete erros.

Então qual será a posição correta?
Ilustração de Jill Enders
"A posição natural para se ir à casa de banho é, desde os primórdios, de cócoras. Ficar sentado numa retrete é uma novidade que só existe desde os finais do século XVIII, com a criação de uma retrete em compartimento fechado.
(...) Quer dizer que agora temos de descer do nosso trono de porcelana e passar a fazer as nossas necessidade agachados, num buraco, sem qualquer preparação ou estabilidade? A resposta é não (...) já que é possível estar agachado e sentado ao mesmo tempo. E vale a pena tentar porque não custa mesmo nada. Basta curvar ligeiramente a parte superior do corpo, colocar os pés em cima de um pequeno banco e pronto, já está. Com tudo no ângulo certo, podemos pôr-nos a ler e a dobrar o papel higiénico de consciência tranquila."
InA Vida Secreta dos Intestinos 


O livro que hoje divulgamos e que o Leitor pode requisitar para empréstimo domiciliário, encontra-se no 1º lugar do Top na Dinamarca, Holanda e Alemanha, onde já vendeu mais de 1,3 milhões de exemplares.




Editado entre nós pela Lua de Papel,
 escrito por Giulia Enders, 
A Vida Secreta dos Intestinos


Neste livro a autora explica-nos detalhadamente como funcionam os intestinos, desde que damos uma dentada num pastel de nata até ao momento em que o ciclo se completa. Ficamos a saber dados fascinantes (sabia que os intestinos têm um cérebro próprio) e, acima de tudo, o que precisamos de fazer para regular o trânsito intestinal.
Do bom funcionamento dos intestinos depende grande parte da nossa saúde: da pele às articulações, passando pelo peso certo. E para que funcionem bem temos de saber (por exemplo) a diferença entre probióticos e prebióticos, como regular a flora intestinal, os cuidados a ter com a higiene até a maneira correta de fazer aquilo que ninguém mais pode fazer por nós.
Moral da história: se procura uma saúde de ferro, aprenda a cuidar de si  - de dentro, para fora.

"Quando comecei a ler sobre o assunto fiquei chocada: percebi que os intestinos
 são um órgão com muita responsabilidade, que faz imenso."


Giulia Enders nasceu em 1990 e formou-se em Gastroenterologia na Universidade Goethe, a mais prestigiada da Alemanha, onde atualmente está a concluir o doutoramento. Por duas vezes distinguida com a bolsa Wilhelm-und-Else-Heraeus-Stiftung, a autora conseguiu em 2012 o primeiro prémio nas "Science Slam" de Friburgo, Berlim e Karlsruhe com a palestra Darm mit Charme, onde já expunha muitos dos conhecimentos científicos explorados neste livro.


E não se esqueça, 
"os intestinos podem influenciar o nosso sentido de humor"
Giulia Enders

Ilustração de Pawel Kucsynski

outubro 23, 2015

"VIVA A FRANÇA! JURO QUE ESTOU INOCENTE."



"Ao passarmos por aí, vejo de relance uma manchete em letras garrafais, "J'Accuse...!", e digo ao coronel: - Se é permitido um último desejo a um condenado, seria possível pararmos para eu comprar um jornal?
In, O Oficial e o Espião


A nossa sugestão de leitura para o seu fim de semana 
foi distinguida com o prestigiado prémio britânico
 The Specsavers National Book:  Melhor Livro de Ficção.

Do autor  já seu conhecido, Robert Harris, 
editado pela Editorial Presença,
sugerimos desta vez
O Oficial e o Espião


"A ideia de recontar a história do caso Dreyfus surgiu durante um almoço em Paris com Roman Polanski, em inícios de 2012. O presente livro tem como propósito recontar, através do recurso às técnicas do romance, a história verídica do caso Dreyfus, porventura o maior escândalo político e erro judicial da História, que na década de 1890 viria a tornar-se uma obsessão para a França e, em última análise, para o mundo."
Robert Harris


Alfred Dreyfus
O famoso "caso Dreyfus", causador de grande agitação na época que se seguiu à derrota da França na guerra franco-prussiana, tem tudo para despertar o seu interesse. Alfred Dreyfus, oficial francês e judeu, considerado traidor e acusado de ter vendido informações aos serviços secretos alemães, foi condenado e deportado para a Ilha do Diabo, na Guiana Francesa.
" A ilha do Diabo? Julgava que estávamos à beira do século XX e não do século XVIII..."
George Picquart, um jovem oficial descobre a inocência de Dreyfus e apesar dos avisos para se manter afastado, persiste na reposição da verdade e acaba por se encontrar em circunstâncias semelhantes às do homem que tenta defender, ao lutar contra preconceitos xenófobos e anti-semitas.



Sobre o nosso autor de hoje, Robert  Harris, 
o Leitor encontrará mais informação AQUI.




Bom Fim de Semana com Boas Leituras


outubro 16, 2015

PROMETO FALHAR


PEDRO CHAGAS FREITAS escreve. Publicou 22 das mais de 150 obras que já criou. Foi, ou ainda é, jornalista, redactor publicitário, guionista, operário fabril, barman, nadador-salvador, jogador de futebol, e muitas outras coisas igualmente desinteressantes. Orienta desorientadas sessões de escrita criativa por todo o país e arredores. Gosta de gatos, de cães e de pessoas. Não gosta de eufemismos e de bacalhau assado.

E de Pedro Chagas Freitas, 
sugerimos-lhe a leitura de um dos seus mais recentes livros, publicado em abril de 2014. 
Para isso, só tem de passar pela Biblioteca Municipal.



"Trinta mil dias a olhar-te dormir, a saber o frio ou o calor do teu corpo, a perceber o que te doía por dentro, a amar cada ruga a mais que ia aparecendo. Trinta mil dias de eu e tu, desta casa que um dia dissemos que seria a nossa (que será de uma casa que nos conhece tão bem quando já aqui não estivermos para a ocupar?), das dificuldades e dos anseios, dos nossos meninos a correr pelo corredor, da saudade de nos sabermos sempre a caminho de sermos só nós. Trinta mil dias em que tudo mudou e nada nos mudou, das tuas lágrimas tão bonitas e tão tristes, das poucas vezes em que a vida nos obrigou a separar. Trinta mil dias, minha velha resmungona e adorável. Eu e tu e o mundo, e todos os velhos que um dia conhecemos já se foram com a velhice. Nós ainda aqui estamos, trinta mil dias depois, juntos como sempre. Juntos para sempre. Trinta mil dias em que desaprendi tanta coisa, meu amor. Menos a amar-te." 











outubro 09, 2015

LEITURA DE FIM DE SEMANA

Os dias frescos, calmos e lentos do outono estão a chegar e com eles o ambiente ideal para se deixar ficar em casa, confortavelmente, acompanhado por um livro. Se a dificuldade está na escolha, então nada melhor do que aceitar a sugestão que lhe deixamos.


Que linhas unem um imigrante que lava vidros num dos primeiros arranha-céus de Nova Iorque a um rapaz misantropo que chega a Lisboa num navio e a uma criança que inventa coisas que depois acontecem? Muitas. Entre elas, as linhas que atravessam os livros.

Em 1910, a passagem de dois cometas pela Terra semeou uma onda de pânico. Em todo o mundo, pessoas enlouqueceram, suicidaram-se, crucificaram-se, ou simplesmente aguardaram, caladas e vencidas, aquilo que acreditavam ser o fim do mundo. Nos dias em que o céu pegou fogo, estavam vivos os protagonistas deste romance - três homens demasiado sensíveis e inteligentes para poderem viver uma vida normal, com mais dentro de si do que podiam carregar.

Apesar de separados por milhares de quilómetros, as suas vidas revelam curiosas afinidades e estão marcadas, de forma decisiva, pelo ambiente em que cresceram e pelos lugares, nem sempre reais, onde se fizeram homens. Mas, enquanto os seus contemporâneos se deixaram atravessar pela visão trágica dos cometas, estes foram tocados pelo génio e condenados, por isso, a transformar o mundo. Cem anos depois, ainda não esquecemos nenhum deles.

Escrito numa linguagem bela e poderosa, que é a melhor homenagem que se pode fazer à literatura, No Meu Peito Não Cabem Pássaros é um romance de estreia invulgar e fulgurante sobre as circunstâncias, quase sempre dramáticas, que influenciam o nascimento de uma autor e a construção das suas personagens.




NUNO CAMARNEIRO nasceu em 1977. Natural da Figueira da Foz, licenciou-se em Engenharia Física pela Universidade de Coimbra, onde se dedicou à investigação durante alguns anos. Foi membro do GEFAC (Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra) e do grupo musical Diabo a Sete, tendo ainda integrado a companhia teatral Bonifrates. Trabalhou no CERN (Organização Europeia para a Investigação Nuclear) em Genebra e concluiu o doutoramento em Ciência Aplicada ao Património Cultural em Florença. Em 2010 regressou a Portugal, onde exerce a atividade de investigação na Universidade de Aveiro e é professor na Licenciatura em Conservação e Restauro na Universidade Portucalense do Porto. Começou por se dedicar à micronarrativa, tendo alguns dos seus contos sido publicados em coletâneas e revistas. No Meu Peito Não Cabem Pássaros é a sua estreia no romance. Um ano depois, foi o autor vencedor do Prémio Leya 2012 com o romance Debaixo de Algum Céu.







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