"O beijo de Judas Iscariotes, o beijo mais célebre da História, não foi de modo
algum o beijo de um traidor: os emissários dos sacerdotes do Templo
que vieram prender Jesus no final da Última Ceia não
precisavam minimamente que Judas Iscariotes lhes apontasse o mestre."
In Judas
Amos Oz, escritor israelita mais conhecido e lido do mundo, co-fundador do movimento pacifista Paz Agora, nasceu em Jerusalém a 4 de maio de 1939. Em 1917 os seus pais fugiram de Odessa, na Ucrânia, para Vilnius, na Lituânia, e daí foram, em 1933, para o Mandato Britânico da Palestina. Em 1954 entrou para o Kibbutz Hulda.
Estudou Literatura e Filosofia na Universidade Hebraica de Jerusalém, entre 1960 e 1963, tendo publicado nessa altura os seus primeiros contos.
Amos Oz participou na Guerra dos Seis Dias e na Guerra do Yom-Kippur e fundou na década de 70, juntamente com outros elementos, o movimento pacifista israelita Schalom Achschsw- Paz Agora.
Atualmente dedica-se à militância a favor da paz entre palestinianos e israelitas e é professor de literatura na Universidade Ben-Gurion, no deserto do Neguev.
A sua vasta obra, que inclui romances e ensaios, está traduzida em mais de 30 línguas, alguns dos quais o Leitor pode encontrar na sua Biblioteca:
A sua vasta obra, que inclui romances e ensaios, está traduzida em mais de 30 línguas, alguns dos quais o Leitor pode encontrar na sua Biblioteca:
- Uma Pantera na Cave
- Não Chames à Noite Noite
- O Mesmo Ar
- Conhecer uma Mulher
- Contra o Fanatismo
- Uma história de Amor e Trevas
Os seus livros têm recebido as mais importantes distinções internacionais:
- 1988 - Prémio Femina
- 1992 - Prémio da Paz dos Livreiroa Alemães
- 1998 - Prémio Israel de Literatura
- 2005 - Prémio Goethe
- 2007 - Prémio Príncipe das Asturias
- 2013 - Prémio Franz Kafka
"Precisamos de líderes israelitas, palestinianos e árabes com coragem para tomar decisões
vistas como "traição" pelo seu próprio povo. Se estes líderes vão aparecer, não sei.
É difícil ser profeta na terra do profeta.
Por aqui há muita competição no negócio das profecias".
Amos Oz
O seu mais recente romance, e que hoje sugerimos para as suas mini-férias de Páscoa,
publicado o ano passado pela Dom Quixote, foi galardoado com o
Prémio Internacional de Literatura - Casa das Culturas do Mundo 2015 (Alemanha)
publicado o ano passado pela Dom Quixote, foi galardoado com o
Prémio Internacional de Literatura - Casa das Culturas do Mundo 2015 (Alemanha)
e é um dos finalistas do Prémio Man Booker Internacional deste ano.
É um romance sobre traidores e amantes, pais e filhos, mulheres e homens. Numa prosa sensível e bem-humorada, evoca conflitos pessoais e políticos, teologia e heresia, lealdade e traição, explorando o lado sombrio da história judaico-cristã e o legado trágico da história judaico-árabe. Uma obra-prima perfeita e necessária, nas palavras de Alberto Manguel.
No inverno de 1959-1960, em Jerusalém, quando esta se encontra ainda dividida entre Israel e Jordânia - e uma cerca de arame farpado atravessa a terra de ninguém separando as duas metades inimigas -, a vida de Samuel Asch está prestes a sofrer uma reviravolta. Samuel é um rapaz tímido, sensível, socialista, de entusiasmo fácil e desilusão imediata, estudante da Universidade Hebraica. Ainda longe de terminar a sua tese de doutoramento, "Jesus visto pelos judeus", com particular fascínio pela personagem e o mistério de Judas, o seu mundo começa a desabar: a namorada abandona-o, os pais declaram falência e ele já não pode subsidiar os seus estudos.
Samuel encontra refúgio e emprego numa antiga casa de pedra situada num extremo de Jerusalém. Durante algumas horas diárias a sua função é servir de interlocutor a Gershom Wald, um septuagenário com uma vasta cultura. Mas aí mora também Atalia Abravanel, uma mulher enigmática e sensual.
Quem é realmente Atalia? O que a liga a Gershom? Quem é o dono da casa onde vivem? Que histórias escondem aquelas paredes? Ao mesmo tempo, Samuel retoma a pesquisa para a sua tese e a misteriosa e maldita figura de Judas Iscariotes - a suposta encarnação da traição e da maldade - vai absorvendo-o irremediavelmente e ganhando uma visão inovadora e impressionante.
"A traição de Judas não ocorreu quando alegadamente beijou Jesus à chegada dos guardas.
A sua traição, se é que existiu traição, aconteceu no momento da morte de Jesus na cruz.
Foi nesse momento que Judas perdeu a fé.
E ao perder a fé, perdeu igualmente o gosto de viver".
In Judas
Sem comentários:
Enviar um comentário