novembro 22, 2013

LEITURA DE FIM DE SEMANA


"Escrever é uma forma de defender-me de mim mesma."
                                                                                                                Doris Lessing


Doris Lessing no dia em que ganhou o Nobel da Literatura, em 2007

Doris Lessing nasceu a 22 de outubro de 1919 em Kermanshah na Pérsia, atual Irão, é autora de uma vasta obra com mais de 50 títulos. Para além dos seus livros, ficou conhecida pela sua militância de esquerda, pelas suas posições anti-apartheid, anticolonialista e feminista.
Foi impiedosa nas críticas aos governos da África do Sul e do Zimbabué, tendo sido proibida de entrar nesses países. De 1956 a 1995 esteve impedida de entrar na África do Sul.
 
  


Doris Lessing e Black Madonna

 
Doris Lessing estudou em Salisbúria (hoje Harare, no Zimbabwe) numa escola dominicana, mas aos 14 anos abandonou os estudos, tendo continuado a sua formação por conta própria, lendo romances de autores ingleses e russos.
Abandona a casa paterna e sobrevive trabalhando como enfermeira, criada, telefonista e secretária. Casa aos 19 anos com Frank Wisdom, de quem teve dois filhos, mas o casamento não dura muito.
Em  1943, já divorciada, frequenta as reuniões do Left Book Club, um clube do livro organizado por intelectuais comunistas e adere ao Partido Comunista, proibido na colónia da Rodésia do Sul. É neste meio que conhece o seu segundo marido, o alemão Gottfried Lessing, dirigente do partido comunista da Rodésia. Mas este casamento também não dura muito e o casal divorcia-se em 1949.
Com dois casamentos falhados, Doris chega a Londres apenas com o filho do seu segundo casamento.



Muita da sua ficção tem uma forte componente autobiográfica e são muitos os livros que evocam as suas experiências em África, desde as memórias de infância, até às questões sociais e politicas em que se envolveu. A sua obra é um retrato do século XX, as suas contradições, conflitos e combates contra diversas formas de opressão.

Para além dos inúmeros prémios que ganhou, foi também laureada com o Prémio Príncipe das Astúrias em 2001.
Tentaram dar-lhe o título de "dama" (dame of the Britsh Empire), honra que recusou, argumentando que não existe qualquer império britânico.
 
Em 2007, com 88 anos, foi agraciada com o Nobel da Literatura. Também não se mostrou muito agradecida pelo Prémio Nobel e numa entrevista ao New York Times, em 2008, afirmou os suecos não têm uma grande tradição literária, e por isso tentam aproveitar ao máximo o Nobel”. E ironiza com a declaração do júri, que a considerou uma “épica da experiência feminina”. Afirmou não se rever no retrato e diz que imagina o sueco responsável pela frase a pensar para si próprio: “O que é que raio havemos de dizer desta? Ainda por cima não gosta que lhe chamem feminista. E então escrevinharam aquilo”.
Doris Lessing tinha 88 anos quando recebeu o Nobel da Literatura. O prémio nunca tinha sido atribuído a um escritor tão idoso. “Como não podiam dá-lo a alguém que já tivesse morrido, devem ter achado que era melhor darem-mo logo, antes que eu batesse a bota”, comentaria mais tarde.

O escritor sul-africano J.M. Coetzee, que conhece bem o mundo que moldou a obra de Lessing e que a precedeu quatro anos na lista dos prémios Nobel da Literatura, chamou-lhe "uma das maiores romancistas visionárias do nosso tempo".

 
Faleceu no passado dia 17 de novembro, aos 94 anos de idade.
 
 
 

É pois um dos inúmeros livros da autora
a nossa sugestão de leitura de fim de semana. 
 
Mas Qual?

É um livro que foi galardoado com o Prémio Literário W. H. Smith.

E não, não é um livro que fala das suas vivências em África.


Doris Lessing atraiu a fúria de muitos americanos ao sugerir que os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 não foram tão terríveis quando comparados à campanha do IRA (Exército Republicano Irlandês) na Grã-Bretanha.
É esse o tema do seu livro, o terrorismo praticado pelo IRA em solo inglês.  
Uma história passada na Grã-Bretanha da Srª Thatcher, que nos fala de Alice e do seu grupo de jovens amigos burgueses com ideias marxistas e das suas tentativas de ligação com o IRA. Um romance minucioso, arrojado e factual.
 
 
De Doris Lessing
A Boa Terrorista
Editado pelas publicações Europa-América
 
 
 

"Em a Boa Terrorista entramos no mundo da subcultura subsidiada dos grupúsculos marxistas da Grã-Bretanha contemporânea ... um entendimento, uma indignação e uma agilidade narrativa em que poucos tabus de esquerda ficam incólumes...magnífico."
                                                                                                                Sunday Times




Tenha um Bom Fim de Semana




 

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