"A comida é uma coisa cheia de passado - de temperos e técnicas que passaram de avós para netos, de tias para sobrinhas, de chineses para portugueses, de peruanos para espanhóis, de filipinos para americanos, de mães para filhos, de turcomanos para eslavos do norte, de antepassados para vindouros. E de acasos, circunstâncias (vejam-se o sucesso da batata frita, do molho de soja ou do döner Kekab) (...)
Além da enorme lista de benefícios para a humanidade, isto é útil por dois motivos. Em primeiro lugar, as fronteiras diluíram-se e não é necessário ir à Coreia para provar Kimchi ou à China para reconhecer a invenção do ramen; basta irmos até ao fundo da rua, ao outro lado da cidade. Em segundo lugar, deixaram de existir cozinhas puras (o que é um festim de melancolia) e reconhecemos que, sendo conveniente conhecermos bem as nossas raízes, tudo o resto é empréstimo, troca e renovação. A cozinha dos portugueses sabe isso pelo que beneficiou e pelo que enriqueceu a mercearia do mundo."
Francisco José Viegas,
In Posfácio A Mercearia do Mundo
Com uma feijoada, um churrasco, um caril,
uma chávena de chá de rooibos,
um copo de cerveja
ou uma taça de champanhe,
vamos levá-lo a viajar pelo mundo.
É a nossa
sugestão de leitura para o seu fim de semana
Num país em que todos falam de comida e se apaixonam pela "cozinha do mundo" (do sushi ao poke, dos dim sum ao ramen, do Vinho do Porto ao melhor azeite e ao ceviche ou às especiarias mais raras), estas páginas explicam segredos de cada ingrediente e o modo como cada prato nos chegou à mesa, do século XVIII até hoje.
Se a popularidade do ramen não atinge ainda as proporções da do döner kebab ou do hambúrguer, já o azeite, a pizza, a pimenta, a margarina, o chá, o chili com carne, o sal, a vodca ou o açúcar e o champanhe fazem parte da história da humanidade como nós a conhecemos - a comer dim sum ou cuscuz, feijoada ou sardinhas de conserva, ostras ou corn flakes, mas também beber gin ou whisky, laranjada ou cerveja.
Todas as primeiras frases de cada capítulo incluem uma data e um lugar: são o ponto de partida para fazer a história de 88 produtos (molhos, bebidas, queijos, pratos tradicionais, ingredientes, frutos e sementes) que temperam, iluminam, alimentam ou satisfazem os apetites, as papilas de um mundo sem fronteiras, desejoso de saborear e inventar. Eis como mudámos o nosso mundo e o tornámos mais saboroso.
"A história da globalização também passa pelo estômago.
O livro faz com que o gin, os bagels ou o sushi falem para contar
a história da sua globalização de uma forma acessível.
É a aposta bem-sucedida dos dois historiadores."
24 Heures
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