outubro 21, 2020

REPRESENTAÇÕES DO REAL

Há vários meses que estamos a enfrentar uma realidade nova, que nos tem imposto restrições, hábitos e rotinas diferentes, desencadeando em nós uma mistura de medo, mas também de coragem, que nos tem permitido adaptarmo-nos às novas circunstâncias. O mesmo tem acontecido ao longo dos séculos.
Se recuarmos na História, facilmente verificamos que a Humanidade sempre conviveu com momentos epidemiológicos dramáticos e mortíferos, com efeitos devastadores, bem presentes na arte, em especial na pintura, através da qual nos surgem imagens representativas da existência de epidemias incontroláveis. Deixamos aqui alguns exemplos emblemáticos, de como foi representada a doença, a morte e o medo na pintura.

Enterro de vítimas da peste negra em Tournai (1348).
Pormenor de iluminura nas “Crónicas e Anais de Gilles le Muisit”, abade de St. Martin de Tournai, Biblioteca Real da Bélgica


O Triunfo da Morte, de Pieter Bruegel (1562), exposta no Museu do Prado (Madrid),
representando a devastação coletiva provocada pela doença, pela morte e pela guerra.


A Peste dos Filisteus em Ashdod, de Pieter van Halen (1661), Wellcome Collection (Londres), recriando o ambiente de uma pandemia narrada no Velho Testamento. 


Peste, de Arnold Bocklin (1898),
onde se mistura o tema da morte e do misticismo, talvez inspirado na peste bubónica.


Mas nem só na pintura encontramos representações de ambientes marcados pela doença. Também a literatura tem obras, algumas mundialmente famosas, cujos enredos são marcados pela dor e pelas doenças, que assolaram alguns países ao longo da História. É o caso da sugestão de leitura que  lhe deixamos hoje.


A Ilha
de 
Victoria Hislop




Num momento em que tem que tomar uma decisão que pode mudar a sua vida, Alexis Fieldings está determinada a descobrir o passado da sua mãe. Mas Sofia nunca falou sobre ele, apenas contou que cresceu numa pequena aldeia em Creta antes de se mudar para Londres. Determinada a descobrir o passado da sua mãe, Alexis Fieldings decide visitar Creta. A sua mãe dá-lhe uma carta para entregar a uma velha amiga, que lhe dará mais informações sobre as suas origens. Esta acaba por descobrir que a ilha em que viviam os seu antepassados era uma antiga colónia de leprosos, onde a sua bisavó foi assolada por esta tragédia. O livro conta a história de várias gerações, da ilha Spinálonga, que foi uma colónia de leprosos de 1903 a 1957. Os leprosos eram isolados na ilha e viviam em comunidade. Estas pessoas viviam exiladas, mas com uma vida normal à espera de uma cura para a doença. O livro dá-nos uma lição de amizade e tolerância, mesmo nos tempos mais difíceis que possamos viver.



Victoria Hislop
é escritora e jornalista. Escreve artigos sobre viagens para o 
The Sunday Telegraph, artigos sobre educação para o Daily Telegraph e diversos artigos generalistas para a Woman & Home. Actualmente, vive em Kent com a sua família. Depois de publicar o seu primeiro romance, A Ilha, Victoria Hislop foi aclamada pela crítica e acarinhada por milhares de leitores. Posteriormente, publicou O Regresso, A arca e Hotel Sunrise.















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