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março 29, 2017

MAS QUE "ESTADO" É ESTE?



No passado dia 22 de março, Londres foi palco de mais um atentado terrorista.
O passado, o presente e o futuro do chamado "Estado Islâmico", que em poucos meses tomou de assalto a atenção mundial, é a nossa proposta de leitura. Passe pela Biblioteca Municipal e tente encontrar resposta para estas perguntas.

Onde, como, por que e para que nasceu?
Quem o guarnece, representa e pilota?
Qual a sua estrutura, a sua capacidade, a sua dimensão?
Quais as suas formas de atuação e financiamento?
Quem são os seus amigos e inimigos, e que ações estão em curso para o destruir e proteger?
O que tem tudo isto a ver com Portugal?


Acredito que o mundo árabe atual, nas suas estruturas mais profundas, 
vive uma espécie de Idade Média. 
O que resta hoje no Médio Oriente são extremistas que sufocam o povo,
 aprisionam mulheres, destroem museus e outras belas criações da Humanidade.
                                                                                                           Adonis, poeta sírio



Nuno Rogeiro, investigador e analista político, nasceu a 13 de dezembro de 1957, em Lisboa. Mantém há 10 anos na SIC Notícias o programa "Sociedade das Nações" e "Relatório Minoritário" na revista Sábado.
Notabilizou-se como comentador de assuntos internacionais, nomeadamente em 1991 na Guerra do Golfo, em 2003, quando começou a Guerra no Iraque e é frequentemente convidado a participar em conferências e debates televisivos.
Foi conferencista do programa Euromed, sobre temas de terrorismo, em Marrocos e na Jordânia.
Entre 2002 e 2003, foi representante pessoal do MNE para as questões do terrorismo internacional.




Nada melhor que lermos a opinião de um especialista na matéria.

Escrito por Nuno Rogeiro

Publicado pela Verbo

O Mistério das Bandeiras Negras


Com base numa análise, reapreciação e reflexão com protagonistas e especialistas de vários países, do Médio Oriente à Ásia, e com a ajuda de novos dados, entrevistas e documentos desclassificados, Nuno Rogeiro tenta  ir mais fundo no entendimento deste fenómeno, que afetou, afeta e afetará muito mais do que aquilo que aparentemente domina.
O hastear de bandeiras negras no antes utópico "Siriraque", a criação de mapas de dominação do mundo, as decapitações e a barbárie perderão, com este livro, o ar de mistério. 












março 15, 2017

E COM O MÊS DE MARÇO, CHEGARAM AS NOVIDADES

Em Itália, há uma expressão que reza assim: Non fare il Portoghese (Não faças de português). É uma deturpação de uma história antiga, que hoje tem conotação pejorativa de chico-esperto e mau pagador. Uma espécie de "Paga o que deves". A origem dessa deturpação tem dois "culpados" que, coitados, jamais conheceriam o resultado das suas ações. Os defeitos e vícios dos homens tratam de conspurcar até as intenções mais nobres.
Os protagonistas desta história foram El-Rei Dom Manuel I, pela Graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e de Além-Mar, em África, Senhor do Comércio, da Conquista e da Navegação, da Arábia, Pérsia e Índia, e o Papa Leão X.
Em 1513, Dom Manuel I enviou a histórica e muito bem documentada Embaixada ao Papa Leão X, com o objetivo de mostrar a obediência do monarca português à Santa Sé e, ao mesmo tempo, impressioná-la. E conseguiu. Mais de cem pessoas compunham o séquito de representantes de El-Rei, chefiado por Tristão da Cunha, assessorado por Diogo de Pacheco e Diogo de Faria e secretariado por Garcia de Resende.
A 12 de março de 1514 desfilaram pelas ruas de Roma riquezas nunca vistas, que despertaram a atenção da população e foram lembradas durante muitos anos. Era uma embaixada faustosa, com todos os participantes luxuosamente trajados. Levavam ao Papa, que os recebeu no dia 20 de março no Castelo de Sant' Ângelo, pedrarias, tecidos, jóias, moedas de ouro, dois leopardos, um jaguar, papagaios, cavalos persas e Hanno, a grande estrela, um elefante albino que sabia fazer habilidades e se tornou mesmo na mascote de Leão X.

Hanno, o elefante oferecido por D. Manuel I ao Papa Leão X, por Rafael

O enorme paquiderme ajoelhou-se três vezes perante o Papa, em sinal de reverência, e depois cuspiu água sobre os cardeais, para grande divertimento do pontífice.
Este elefante, que morreu na presença de Leão X dois anos depois, foi sepultado por ordem da Papa no Pátio Belvedere, no Palácio Apostólico. O próprio pontífice escreveu o seu epitáfio.
A embaixada de El-Rei Dom Manuel impressionou de tal maneira os romanos e o Papa, que este decretou uma lei que isentava os portugueses do pagamento em hospedarias, restaurantes, teatros, entre outras benesses dali em diante gratuitas. O português não era "mau pagador", mas antes "não pagador". "Não pagador" por decreto papal, um privilégio concedido apenas aos portugueses.


Ora, Leão X, o Papa bon vivant, tão grato e tão benemérito para connosco, esqueceu-se que estava entre latinos. Obviamente que os italianos começaram a fazer-se passar por portugueses (Fare il Portoghese),  para obterem os descontos. A partir daí, nasceu uma outra expressão, que repreendia quem não pagava as suas contas: Non fare il Portoghese (Não faças de português), porque era sabido que os portugueses beneficiavam da gratuitidade do decreto papal. E assim, um privilégio tornou-se em algo pejorativo ao longo dos tempos.
Se alguma vez ouvirem um italiano dizer non fare il Portoghese, contem-lhe esta história e dêem-lhe um cascudo, não necessariamente por esta ordem.
                                                                                            In Curiosidades do Vaticano 
                                                                                            de Luís Miguel Rocha



Sabe qual era a alcunha do Papa João Paulo II?
Sabe quais foram as mulheres que influenciaram os papas?
Sabe qual é o vencimento do Santo Padre? 


Estas e outras curiosidades e novidades
encontrará o Leitor na nossa mostra bibliográfica, 
patente ao público no átrio da entrada da Biblioteca Municipal
durante todo o mês de março dedicada aos Autores Portugueses.






março 08, 2017

MULHERES QUE CONTRIBUIRAM PARA MUDAR O MUNDO


1905 - Bertha von Suttner a primeira mulher laureado com o Nobel da Paz

1907 - Annette Kellerman foi presa por usar este fato de banho em público

1926 - Gertrude Ederle, a primeira mulher a cruzar a nado o Canal da Mancha

1928 Amelia Earhat, a primeira mulher a sobrevoar o Oceano Atlântico
             
1937 - Sabiha Gökçen, turca, a primeira mulher a pilotar um caça

1962 - mulheres afegãs numa aula de medicina

Década de 1960, com Mary Quant, surge a minissaia e um novo conceito de moda,
tornando-se símbolo da emancipação e rebeldia das mulheres 

1967 - Kathrine Switzer, a primeira mulher a correr a Maratona de Boston,
mesmo depois dos organizadores a tentarem impedir de correr.

1985 Suécia - Sobrevivente de Campo de Concentração durante a 2ª Guerra Mundial
 atinge manifestante neo-nazi

2014 - Malala Yousafzai, Nobel da Paz,
 foi a pessoa mais nova a ser laureada com um Prémio Nobel





fevereiro 14, 2017

O TEU NOME FLUTUANDO NO ADEUS


"Adeus, meu amor, disse eu e fechei a porta suavemente, talvez porque o instinto de macho ferido procurasse truques para tornar a lápide mais leve. Desci pela última vez com passos cansados aquela escada de mármore, vi-me refletido nos espelhos dos patamares e soube que nunca mais voltaria.
Estava frio em Hamburgo. A neve de janeiro caía com lentidão, absurdamente grácil, em enormes flocos que levitavam antes de cobrir os carros, as tílias nuas e os meus ombros como se fosse a caspa da dor. (...)
- Há meia hora disse adeus à mulher que amo - murmurei enquanto lhe devolvia a garrafa.
- Merda. E o que pensas fazer?
- Sofrer como um cavalo. Que mais posso fazer? E o pior de tudo é que estou a sofrer num idioma que não é o meu.
- Santíssima merda. E em que idioma costumas sofrer? - perguntou, oferecendo-me a garrafa. 
- Em espanhol - respondi antes de dar outro longo golo. 
- La rana de San Roque no tiene rabo -  exclamou no meu idioma e a seguir começou a rir com escandalosas gargalhadas de alcoólico.
Hesitei entre dar-lhe um pontapé em pleno focinho ou passar-lhe um par de cigarros. Acabei por optar pela última hipótese e afastei-me na direção dos telefones públicos. Sabia que em casa, na minha casa, na casa atraiçoada, uma mulher, a minha mulher, dormia ignorante da sua vitória, porque ela era a vencedora de uma batalha da qual o amor se retirara com o rabo entre as pernas. (...)

Casablanca, 1943
Aprendi no México que antes dos terramotos os cães uivam sem motivo aparente, os galos cantam fora de horas e o bronze dos sinos emite um ciciar de réptil.
Senti tudo isso quando vi pela primeira vez Silke.
- Aqui a minha mulher, aqui uns amigos famintos e molhados - apresentou o velho Kurt.
Os cães uivaram quando lhe dei a mão, os galos cantaram quando aproximou o rosto, ciciaram todos os bronzes e todos os répteis, quando os seus lábios roçaram fugazmente a minha cara no beijo de saudação.(...)

Férias em Roma, 1953

- E assim estão as coisas, velho Kurt. Não fui capaz de cumprir a tua exigência. Não será feliz comigo nem eu serei feliz sem ela. Há algumas horas bebi dos seus lábios pela última vez e as palavras de amor não resistiram ao furacão da razão. Disse-lhe adeus e mordi-me a alma."


                                                                                          In, A Ilha, de Luís Sepúlveda


Leitor acabou de ler apenas um pequeno enxerto de um conto de Luis Sepúlveda incluído no livro
publicado pela Oficina do Livro, onde nove grandes romancistas revelam as suas mais secretas histórias de amor.


Desencontros amorosos e naufrágios afetivos cruzam-se 
com sonho e traição, infidelidade e paixão, 
é a nossa sugestão para hoje, 
14 de fevereiro - DIA dos NAMORADOS
Como o amor e a traição andam, muitas vezes, associados, não se esqueça de passar pela Biblioteca Municipal e ficar a conhecer algumas traições que ficaram famosas na literatura, constituindo verdadeiros best sellers, que continuam a apaixonar diferentes gerações de leitores. 









fevereiro 08, 2017

FAZES-ME FALTA, INÊS.


Assassínio de Dona Inês
Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929)


"Fazes-me falta, Inês.
Fazes-me falta como o sol pode fazer falta ao verão, o mar fazer falta ao navio. Bem sei que a muralha que Dona Constança ergueu entre nós não tem brechas, que permanece altiva, lançando uma sombra que se estende sobre toda a minha vida e sobre tudo o que me rodeia. O nosso amor foi condenado ao exílio. Mas haverá coisa mais teimosa do que o amor? (...)
Fazes-me falta, Inês. (...)


Ela chama-se Inês de Castro.
 Ele é D. Pedro, o herdeiro da Coroa portuguesa. 
Têm ambos 20 anos e amam-se. Estamos em 1340.

Sem o saberem, escreverão uma das mais belas páginas do grande livro dos amores lendários.
Apanhados nas malhas de uma tremenda conjura, serão dilacerados pela oposição entre as razões do Estado e as razões do coração.
De Portugal à planície veneziana, de Castela ao palácio dos papas, Gilbert Sinoué transporta-nos ao coração de um fabuloso fresco onde a pureza de sentimentos se confronta com a crueza dos tempos e o amor devorador com as ambições políticas.
Entre ficção e realidade, entre tragédia e conspiração, o autor leva-nos à célebre e mítica história de uma louca paixão: o amor entre dois seres que nem a morte poderá separar.


Escrito por Gilbert Sinoué
Editado pela Difel
A Rainha Crucificada


Dom Pedro reinou durante dez anos, tendo morrido em Estremoz, em 1367. De acordo com os seus desejos, foi levado para Alcobaça, onde repousa, desde então, junto a Inês. Antes de morrer, teve o cuidado de designar como seu sucessor Dom Fernando, o filho nascido do seu casamento com Dona Constança.



Gilbert Sinoué
, filho de pai egípcio e de mãe grega, nasceu a 18 de fevereiro de 1947, no Cairo, Egito, país que deixou aos 18 anos depois dos seus estudos nos jesuítas. Decididamente multifacetado, trabalha num jornal francófono, experimenta a pintura, conhece Brel, parte para Beirute, chega a Paris em 1968, corre os cabarés da Rive Gauche, grava discos, dá aulas de guitarra. Autor-compositor-intérprete, chegou mesmo a participar num festival de Spa. Todavia, tem necessidade de escrever. Um primeiro manuscrito não encontra editor. Mas obstina-se e com razão: La Pourpre et l'olivier foi editado em 1987 e é galardoado com o Prémio de Romance Histórico.
Voltou a ser galardoado, em 2001 com o Grande Prémio do Romance e em 2004, com o Grande Prémio da Literatura Policial.


A que depois de morta foi rainha
Lima de Freitas (1927-1998)

"Cem trombetas encheram os ares, apoiadas por novo rufar do tambor.
Quando voltou a fazer-se silêncio, ele ordenou:
- Instalai Dona Inês no trono! (...)
- A coroa! (...)
- Senhores! Vinde prestar homenagem à vossa rainha! A rainha crucificada!"















fevereiro 03, 2017

FELIZ ANIVERSÁRIO PAUL AUSTER

Paul Auster por André Carrilho

"A literatura é essencialmente solidão. Escreve-se em solidão, lê-se em solidão e,
 apesar de tudo, o ato de leitura permite uma comunicação entre dois seres humanos."
                                                                                                                 Paul Auster

Nome cimeiro da literatura norte-americana dos nossos dias, Paul Auster nasceu a 3 de fevereiro de 1947 em Newark, Nova Jersey. Em 1970 licenciou-se na Universidade de Columbia e residiu durante quatro anos em França, antes de se radicar em Nova Iorque. A sua proximidade à literatura francesa haveria de marcá-lo para sempre. É admirador de André Breton, Paul Éluard, Stéphane Mallarmé, Sartre e Blanchot, alguns dos quais traduziu para a língua inglesa. Além destes consagrados autores franceses, Paul Auster refere ainda Dostoiévski, Hemingway, F. Scott Fitzgerald, Faulkner, Kafka, Holderlin, Beckett e Proust, como autores que influenciam a sua obra.
Apaixonado também pelo cinema, em 1998 realizou o seu primeiro filme, Lulu on the Bridge.
Paul Auster já foi traduzido em mais de 40 línguas e vendeu milhões de livros (ficção, poesia, ensaio) e nosso país foram mais de 220 mil exemplares vendidos.
Venceu em 2003 o Prémio Médicis e em 2006 o Prémio Princesa das Astúrias.
Hoje é editado entre nós o seu mais recente romance "4 3 2 1" e, enquanto não chega às prateleiras da Biblioteca Municipal, tem o Leitor, para leitura do seu fim de semana, a bibliografia de Paul Auster à sua disposição na nossa mostra bibliográfica no átrio de entrada.


"Escrever já não é para mim um ato de livre vontade, é uma questão de sobrevivência."


É membro da Academia norte-americana de Artes e Letras, da de Artes e Ciências e presidente do PEN América, cargo que aceitou para liderar a oposição dos escritores americanos ao novo presidente norte-americano, Donald Trump. "Vou falar tanto quanto puder, caso contrário não consigo viver comigo mesmo".
Em setembro deste ano, Paul Auster irá estar em Portugal para participar no próximo Festival Internacional de Cultura de Cascais.

John Singer Sargent

Bom Fim de Semana com Boas Leituras




janeiro 24, 2017

SILÊNCIO



"E se, por hipótese, Deus não existisse mesmo?" hipótese aterradora! Se Deus não existisse, como tudo se tornaria ridículo! Que drama absurdo teriam sido as vidas de Mokichi e Ichizo, amarrados a um poste, batidos pelas vagas! E os missionários, três anos a sulcar os mares para chegarem a este país!...Que tremenda desilusão a deles! E que absurda situação a minha, vagueando por estes desolados montes. (...) O pecado maior contra Deus é o desespero, bem o sabia, mas o silêncio de Deus é que não me dava para entender".
                                                                                            In, Silêncio 
de Shusaku Endo



Em cena no Cinema Teatro Stephens até amanhã, dia 25 de janeiro, o mais recente filme de Martin Scorsese, SILÊNCIO, com a participação de Andrew Garfield, Adam Drives e Liam Neeson ( na foto), entre outros, é uma adaptação de romance com o mesmo nome do japonês Shusaku Endo, e que hoje divulgamos aos nossos leitores.


Considerado o mais importante romance de Shusaku Endo, cuja ação decorre no Japão no século XVII, narra a história de um missionário português envolvido na aventura espiritual da conversão dos povos orientais, o qual acaba por apostatar (renegar a fé cristã), após ter sido sujeito às mais abomináveis pressões das autoridades japonesas, para evitar que um grupo de fiéis seja por ordem delas torturado até à morte.
Antes de chegar ao Japão, a sua viagem levara-o a Goa, depois Macau e, finalmente, a Nagasáqui e Edo, em etapas que pouco a pouco o haviam transportado a esse Oriente hostil, onde no entanto já se contavam alguns milhares de convertidos à fé católica. Aí descobriria, na luta contra as pessoas e o ambiente adversos, a verdadeira fé, liberta de todo o aparato externo, eclesiástico ou mundano. E aí acabaria por experimentar a derradeira solidão, que é o destino daqueles que quebram a comunhão com aquilo que mais profundamente marca a sua identidade.

"Fica-se quase doente ao ler Silêncio, mas rendemo-nos à verdade e força
 dos estados de alma e das confissões das personagens. 
As descrições da natureza são magníficas: 
as estações do ano, as árvores, as cigarras, o concerto dos pequenos animais da floresta"
                                                                                              Urbano Tavares Rodrigues



Shusaku Endo, nasceu em Tóquio a 27 de março de 1923. Católico desde a infância, foi batizado em 1935, aos 12 anos e foi-lhe dado o nome cristão de Paul. Formou-se em Literatura Francesa, pela Universidade de Keio, tendo estudado depois durante algum tempo em Lyon, como bolseiro do governo japonês.
O seu estilo de escrita tem sido comparado ao de Graham Greene, que aliás o considerava um dos maiores escritores do século XX.  Por diversas vezes nomeado para o Prémio Nobel da Literatura, foi galardoado com os mais importantes prémios literários do seu país.
Com o presente romance, o autor mostra que a verdadeira fé, seja ela cristã, budista ou muçulmana, não consiste uma obediência cega dos dogmas religiosos mas, antes, numa constante interpretação das grandes narrativas canónicas e no respeito pelo valor da vida humana.
A 29 de setembro de 1996, faleceu em Tóquio. Vinte anos passados sobre a sua morte, Shusaku Endo continua a ser uma referência para os cristãos japoneses ( 1% da população japonesa) que vivem em constante diálogo cultural e inter-religioso.


Veja o Filme,mas leia também o Livro










janeiro 18, 2017

18 DE JANEIRO DE 1934

Em 18 de janeiro de 1934, eclode, em vários pontos do país, um "Greve Geral Revolucionária" contra o salazarismo. Não podendo contar com a participação da corrente republicana, a revolta é sufocada.
Várias foram as interpretações propostas por estudiosos, sindicalistas e políticos. Mas, após o 25 de Abril, o "18 de janeiro" transforma-se em grande mito revolucionário comunista.


O livro da historiadora Fátima Patriarca, Sindicatos contra Salazar: A revolta do 18 de janeiro de 1934, que hoje sugerimos para assinalar os 83 anos sobre aquela data, é o resultado da leitura minuciosa de quanto se escreveu, desde então, sobre tão importante acontecimento feito lenda.
Ao tentar reconstruir os acontecimentos, com a ajuda de novos elementos e a consulta inédita de arquivos, a autora procura também perceber os mecanismos da criação de um mito.


"Na Marinha Grande, os assaltos à estação dos correios e ao posto da GNR, envolvendo este último o desarmamento e a prisão dos doze elementos que o compunham, a atentado contra a residência de Emílio Galo, a reabertura da sede sindical e os posteriores confrontos com forças policiais e militares de Leiria, apesar da sua indesmentível ousadia e espetacularidade, também não chegam a ser seguidos de greve, quanto mais não seja porque as autoridades militares decretam o estado de sítio a 18 e greve é algo que não chega a existir a 19. (...)
Os cortes de comunicações, ainda que apontados, normalmente, como meios de impedir a ação das forças repressivas, e que na Marinha Grande não são impeditivos de coisa nenhuma, mais não fazem do que isolar, de forma irremediável, as localidades e os focos de revolta, como se os sindicalistas tivessem decidido, exatamente, coartar os seus próprios movimentos e, de algum modo, auto-sitiar-se. (...)
Se nos lembrarmos de que a rendição e prisão dos elementos da GNR local ocorrera entre as 5 e as 6 horas da manhã e se admitirmos que as forças policiais vindas de Leiria entraram na Marinha Grande pelas 7 horas, torna-se evidente que a vila teria estado sob controlo dos revoltosos, sem lutas e sobressaltos, no máximo pouco mais de uma hora. Por fim, com a chegada das forças de Leiria e a debandada dos revoltosos, a insurreição encontra-se terminada, na melhor das hipóteses, pelas 8 horas da manhã.(...)
E o comandante militar, major Jaime da Fonseca, não deixa margem para dúvidas. Em telegrama que dirige ao ministro do Interior, declara ter assumido o "comando militar" e ordenado" a suspensão das garantias". Pelas 11.20, hora a que fora expedido o telegrama, a ordem encontrava-se restabelecida na Marinha Grande e o major informava o ministro de que estava a "proceder às diligências necessárias na vila e mata nacional para a captura dos revoltosos."
Com as fábricas encerradas e o trânsito limitado, greve é algo que deixa de poder existir.
Os únicos factos a registar ao longo do dia 18 situam-se, assim, do lado das forças da ordem, as quais procedem a uma série de buscas e prisões arbitrárias. 
(...) o teste da greve na Marinha Grande ia ser feito, não a 18, mas a 19. E sê-lo-ia em condições particularmente adversas."
                                             Fátima Patriarca,
                                             In Sindicatos contra Salazar: A revolta de 18 de janeiro de 1934


Boa Semana
Com Boas Leituras



janeiro 12, 2017

POIS SIM; MAS EU É QUE NÃO ESTOU PARA O ATURAR

Estreou nas salas de cinema a 5 de janeiro, o filme Zeus, realizado por Paulo Filipe Monteiro.
Não se trata do principal deus da mitologia grega, considerado na Grécia Antiga como o deus dos deuses mas, o nome de um cargueiro, que saiu de Lisboa a 17 de dezembro de 1925 e cujo rumo era a Argélia.
Nele ia, aos 65 anos de idade, Manuel Teixeira Gomes e não mais voltaria à Pátria.
Não levou consigo nem um papel, nem um livro, nada que lhe lembrasse o país. Levou apenas uma mala de roupa que usaria até ao fim da sua vida.
Durante os 15 anos seguintes viveu na cidade argelina de Bougie, no quarto nº 13, do Hotel de L'Étoile, onde retomou a sua atividade literária, desde há muito interrompida, e onde escreveu, segundo os críticos, uma das obras-primas da literatura portuguesa dos século XX, Maria Adelaide, outros outros livros de contos, memórias e cartas.

Bougie, Hotel onde faleceu Manuel Teixeira Gomes a 18/10/1941

Manuel Teixeira Gomes
, representante do Partido Democrático, foi o sétimo presidente da Primeira República Portuguesa, de 6 de outubro de 1923 a 11 de dezembro de 1925, no meio de permanentes convulsões políticas e sociais. A 11 de dezembro de 1925 enviou uma carta de renúncia ao Presidente do Congresso, alegando motivos de saúde, e dando início a um exílio voluntário de 15 anos: " Pois sim; mas eu é que não estou para o aturar", numa alusão ao presidente do Conselho.

Mamuel Teixeira Gomes no seu gabinete em Londres

Político, escritor e diplomata, Manuel Teixeira Gomes, nasceu a 27 de maio de 1862, em Portimão. Aos dez anos mudou-se para Coimbra para estudar no liceu do Seminário Diocesano, onde travou conhecimento com José Relvas. Em Lisboa frequentava regularmente a Biblioteca Nacional e conviveu com João de Deus e Fialho de Almeida. Depois de cumprir o serviço militar fixou-se na cidade do Porto, tendo colaborado com o jornal Primeiro de Janeiro e noutros jornais e revistas de menor expansão. Deixou a vida boémia do Porto e regressou a Portimão a fim de ajudar o seu pai nos negócios familiares. Aí e paralelamente à atividade comercial, continuou a escrever e interessou-se pela atividade republicana local, participando em comícios, reuniões e colaborando no jornal A Luta.
Em 1910, com a Implantação da República, foi nomeado embaixador em Londres, tornando-se assim o primeiro representante da República no Reino Unido. No exercício das suas funções evidenciou-se nas negociações anglo-germânicas, relativas às colónias portuguesas,  na cooperação com os governos portugueses na Primeira Guerra Mundial e integrou os círculos do movimento das sufragistas na capital londrina.
O facto de defender a entrada de Portugal na guerra, trouxe-lhe inimizades, levando-o a pedir a demissão do cargo, facto que só aconteceu em 1918, durante a ditadura de Sidónio Pais, que o mandou regressar a Portugal. Foi-lhe retirado o passaporte diplomático e colocado sob prisão no Hotel Avenida Palace. Depois da queda de Sidónio Pais regressou à atividade diplomática em Madrid e mais tarde em Londres. Em 1922 representou o país na Sociedade das Nações, chegando a ocupar uma das vice-presidências.
Em 6 de agosto de 1923, apoiado pelo partido republicano, vence as eleições à Presidência da República. No entanto o momento não era propício a uma presidência pacífica, dado que as lutas políticas eram intensas. Dececionado com a política, renunciou à Presidência, alegando motivos de saúde.
Parte quase em segredo na cargueiro Zeus com destino ao norte de África.

1950, aniversário da sua morte, o corpo é trasladado para a cidade de Portimão.

Morreu a 18 de outubro de 1941, sendo sepultado no cemitério cristão de Bougie, no jazigo dos proprietários do hotel onde passou os últimos anos. Por vontade da família, os seus restos mortais foram transladados para a sua cidade natal, Portimão, em 1950.

Em março de 2006, na sua última deslocação ao estrangeiro, o presidente Jorge Sampaio deslocou-se à Argélia para inaugurar um busto de homenagem a Manuel Teixeira Gomes e para participar no lançamento de uma antologia sobre o antigo Chefe de Estado Português.

"Pouca gente conhece que tivemos um Presidente da República destes, 
uma pessoa desta envergadura. Um presidente que tenha escrito livros eróticos, 
acho que é único no mundo."
                                                                                                  Paulo Filipe Monteiro


Caro Leitor
aqui fica o convite 
para se deslocar à Biblioteca Municipal
e ficar a conhecer a bibliografia
de um dos nossos Presidente da República. 




dezembro 07, 2016

FELIZ ANIVERSÁRIO HELENA



A VIDA É POSITIVA PARA MIM


Helena Sacadura Cabral faz hoje 82 anos.
Contra a vontade do seu pai licenciou-se em Economia, pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras da Universidade Técnica de Lisboa, tendo sido a melhor aluna do seu curso. Desempenhou vários lugares de chefia na Administração Pública e foi a primeira mulher a ser admitida nos quadros técnicos do Banco de Portugal. Mais tarde foi técnica superior no Instituto Nacional de Aviação Civil.
Encara o envelhecimento "Da melhor forma. Estou bem contentinha de cá estar. É viver, não precisar de plásticas, não precisar de dizer que tenho menos 10 ou 15 anos. Algo que acho de uma ridicularia horrível. É aceitar as coisas. Costumo dizer às pessoas mais novas: "Tomara tu cá chegares".


Autora de dezenas de livros, alguns dos quais o leitor encontrará na nossa mostra bibliográfica deste mês de dezembro, no átrio da Biblioteca Municipal, é também colunista em diversos jornais e revistas e mantém em permanente atualização os seus quatro blogues:

Fotografia de Luís Barra/Expresso

"Olho para o passado com ternura. Mas não me empenharia em voltar a ele.
 A sua importância ficou lá atrás, com a pessoa que então fui. 
Hoje, o que me move é o presente até um certo futuro. 
É isso que me dá perspetiva, que me emploga, que me dá força."
                                                                                        Helena Sacadura Cabral









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