novembro 29, 2016

NÃO HÁ DITADORES BONS



"La diferencia entre el sistema comunista y el capitalista, 
es que en el primero cuando te dan una patada en el culo tiens que aplaudir,
 en el segundo puedes gritar."
                                                                        Reinaldo Arenas
                                                                                In Antes que Anoiteça


"Antes que Anoiteça, é a voz de um homem, desgraçadamente não livre, e é por isso que a sua autobiografia é, acima de tudo, um solilóquio apaixonado sobre a liberdade e a sua privação. (...)
Fica a vida, a de um guerrilheiro castrista aos quinze anos, homossexual assumido aos vinte, dissidente e escritor aos vinte e cinco, prisioneiro político de direito comum aos trinta (a figura é híbrida, mas o regime de Castro conseguiu inventá-la), exilado aos trinta e cinco, vítima de SIDA dez anos depois."
                                                                                                 António Mega Ferreira


Para finalizar o mês de novembro, vamos divulgar um livro retirado da nossa mostra bibliográfica "De Livro a Filme"  e que o realizador Julian Scnabel adaptou ao cinema, tendo recebido O Grande Prémio do Júri e o Prémio Melhor Ator ( Javier Bardem) no Festival de Veneza em 2000. O elenco conta ainda com a participação de Sean Penn, Johnny Depp (que interpreta dois personagens) e Hector Babenco, recentemente falecido.
Javier Bardem, no papel de Reinaldo Arenas, foi também nomeado para o Oscar de Melhor Ator em 2001.


ANTES QUE ANOITEÇA
de Reinaldo Arenas
Publicado pelas Edições ASA



Reinaldo Arenas nasceu a 16 de julho de 1943, em Holguín, Cuba. Aí passou parte da sua infância até ter participado num concurso literário onde o seu primeiro romance "Celestino Antes del Alba" ter ganho uma menção honrosa. A diretora da Biblioteca Nacional ofereceu-lhe emprego e mudou-se então para Havana onde continuou a escrever.
Segui-se o romance "O Mundo Alucinante" que voltou a ser distinguido, mas o escritor do regime Alejo Carpentier, que fazia parte do júri, recusou atribuir-lhe o primeiro prémio. Esse romance nunca foi publicado em Cuba, mas Reinaldo Arenas conseguiu que o manuscrito saísse da ilha e chegasse às mãos do editor da Seuil. O livro foi publicado em França e recebeu o Prémio Médicis para o melhor romance estrangeiro. A reação do governo cubano não se fez esperar: perdeu o emprego e passou a ser vigiado pela polícia.
Em 1970, o autor e outros intelectuais foram enviados para uma plantação de cana-de-açúcar. "A maior parte da nossa juventude perdeu-se a cortar cana-de-açúcar, em guardas inúteis, a assistir a discursos infinitos, onde se repetia sempre a mesma cantiga."
Reinaldo Arenas acaba por ser preso em Castillo del Morro, uma das mais sórdidas prisões de Cuba. Depois de várias mudanças de prisão, de uma breve tentativa de fuga , frustrada, de chegar à base americana de Guantanamo para pedir asilo político, é libertado em 1976.
Em 1980 consegue autorização para sair de Cuba, numa altura em que o regime se queria ver livre dos homossexuais. Teve que assinar um documento em que afirmava que partia devido a problemas pessoais, porque "era uma pessoa indigna de viver numa Revolução tão maravilhosa como aquela".
Passou algum tempo em Miami, viajou por alguns países europeus onde deu conferências em universidades. Mudou-se para Nova Iorque, onde descobriu que era portador do vírus da Sida.
A 17 de dezembro 1990, após concluir esta autobiografia, suicidou-se com uma dose excessiva de álcool e de drogas.
Em 2015, o concurso literário Cabrera Infante passou a chamar-se Prémio de Narrativa Reinaldo Arenas em sua homenagem.


"Deixo-lhes, pois, como legado, todos os meus terrores, mas também a esperança de que em breve Cuba será livre. (...)
Ponho fim à vida voluntariamente porque não posso continuar a trabalhar. (...) Só existe um responsável: Fidel Castro. (...)
Exorto o povo cubano, tanto no exílio como na Ilha, a que continue a lutar pela liberdade. A minha mensagem não é uma mensagem de derrota, mas de luta e de esperança.
Cuba há-de ser livre. Eu já o sou."
                                                                                                    Reinaldo Arenas,
                                                                                                    In Antes que Anoiteça




Boas Leituras e Bons Filmes





novembro 23, 2016

NÃO TEM QUE SER NECESSARIAMENTE ASSIM...



Para manterem um aspeto são, forte e belo, as plantas precisam de alguns cuidados fundamentais. Elas tem de ser protegidas, alimentadas e os seus caprichos devem ser satisfeitos. De planta para planta mudam defesas, mudam necessidades e cada uma delas quer que as suas exigências sejam atendidas.



Mais do que um elemento decorativo, é um ser vivo que necessita de cuidados constantes para poder cumprir devidamente o seu importante papel: dar ao ambiente um ar saudável e descontraído.
O segredo para se obterem plantas vigorosas talvez esteja no tempo que se passa com elas, mudando vasos, podando a folhagem, regando, limpando as folhas, conversando. Porém, ainda mais importante do que falar com as plantas é "ouvir" o que elas nos dizem e satisfazer as suas necessidades.



A jardinagem vai dar-lhe mais do que um jardim bonito. É uma boa forma de fazer exercício, uma fonte de satisfação e uma excelente forma de combater o stress.
Plantas bem tratadas apresentam um aspeto deslumbrante e contribuem para a beleza e harmonia do seu lar.
Há algo de profundamente repousante em sentarmo-nos ao ar livre, abrigados por uma folhagem luxuriante, ouvindo o ruído da água, ao sol e absorvendo o ambiente, enquanto saboriamos uma bebida fresca e apreciamos a paisagem.


E com a chegada do outono e o aproximar do inverno, 
Caro Leitor, não deve descurar as suas plantas e o seu jardim.


Sabe qual é a altura ideal para plantar tulipas?
Sabe qual o mês para podar as roseiras?
Sabe quando adubar os bonsai?
E os narcisos, quando devem ser plantados?




Para estas e muitas outras perguntas, 
a Biblioteca Municipal tem a resposta.
Visite-nos



novembro 16, 2016

A ELVIRA JÁ ESTÁ PRONTA . . .

... para ver Tom Payne, Stellan Skarsgard e Ben Kingsleyno filme  O Físico, realizado por Philipp Stolzl e que estreou entre nós a 11 de setembro de 2014.


No âmbito da exposição, patente ao público no átrio da entrada da Biblioteca Municipal, durante este mês de novembro, que coloca em evidência uma seleção de livros que deram origem a filmes, vamos hoje destacar um desses exemplos.

O Físico 
romance escrito por Noah Gordon, 
editado pela Bertrand Editora, 
deu origem ao filme com o mesmo nome que pode ser requisitado para empréstimo domiciliário  na Biblioteca Municipal. 


No cenário de superstição e esplendor do século XI, desenrola-se a história absorvente de Rob J. Cole. Órfão e sem dinheiro, Rob foi abençoado com um dom que, nos tempos da bruxaria, enviava um homem para a fogueira: tinha a capacidade de sentir a gélida mão da morte quando esta pousava nos vivos. Esta sua capacidade aumentava com a potência do conhecimento e ele sabia que nascera para curar e ser físico.
A sua busca levá-lo-ia das rudes estradas e ruas agitadas da Bretanha às cortes sumptuosas e corruptas da Pérsia e à escola do maior físico de seu tempo. Disfarçado de judeu, trabalhando arduamente como cirurgião de guerra nos conflitos de confusos impérios orientais, seria ajudado por poderosos protetores e ameaçado pela peste e pelo preconceito cruel de mullahs e clérigos.
E ao lado da chama pura da erudição, sempre ardeu uma paixão igualmente intensa pela beleza de olhos fogosos da mulher que ele nunca pode deixar.

O Físico é o primeiro livro da trilogia de Noah Gordon 
que conta a história da Família Cole através dos séculos, 
seguem-se Xamã e Opções, também disponíveis para empréstimo domiciliário.


Noah Gordon é um escritor americano nascido a 11 de novembro de 1926 em Worcester, Massachusetts. Trabalhou como editor científico para o Boston Herald antes de se tornar escritor. O seu primeiro livro O Rabi, publicado em 1965, foi um êxito imediato, ao qual se seguiram O Comité da Morte, O Diamante de Jerusalém, O Físico e Xamã, tendo este último ganho o James Fenimore Cooper Prize nos Estados Unidos e o Premio Selezione em Itália.
Noah Gordon também recebeu o Golden Pen Award na Alemanha e por duas vezes o Silver Basque Prize em Espanha.
A Biblioteca Municipal tem para empréstimo domiciliário todos os livros do autor publicados em Portugal.




Boa Semana 
com Bons Livros e Bons Filmes




novembro 09, 2016

OS ACONTECIMENTOS TIVERAM INÍCIO EM 1858, NA CIDADE DE BOLONHA



No sábado passado, 5 de novembro, celebrou-se o Dia Mundial do Cinema.

A sétima arte a a literatura sempre estiveram ligados e muitas das melhores obras cinematográficas são baseadas em livros.
Muitos dizem, que os livros são e serão sempre melhores que o filme. Literatura e cinema têm formas de comunicar diferentes, mas andam e andarão sempre juntas, até porque uma adaptação cinematográfica é uma maneira diferente de contar uma história.
Agatha Christie, autora consagrada de romances policiais, tem as suas personagens Hercule Poirot e Miss Marple adaptadas ao cinema e a séries para televisão.
Stephen King é talvez o autor com mais adaptações para cinema.


Estes são só dois autores que viram as suas obras adaptadas ao cinema. 
Mas até ao fim deste mês, na nossa mostra bibliográfica 
no Átrio de Entrada da Biblioteca Municipal,
o Leitor encontrará muitas mais e o respetivo filme,
 que pode ser visionado na Sala de Audio/Vídeo.


Mas caso o Leitor se queira antecipar ao novo filme de Steven Spielberg que irá ser filmado já no primeiro trimestre de 2017, só precisa de nos visitar e requisitar o livro, que em 1997 foi indicado para o Prémio Pulitzer.

O protagonista irá ser Mark Rylance, no papel do Papa Pio IX, que este ano ganhou o Óscar para melhor ator secundário no filme de Spielberg, A Ponte dos Espiões.


Estamos a falar do Livro escrito por 
David I. Kertzer
Editado em 2000 pela Temas e Debates
O Sequestro de Edgardo Mortara


Bolonha, 1858: A polícia, a mando de um inquisidor católico, invade a casa de um comerciante judeu, arranca-lhe o filho de seis anos dos braços e leva-o numa carruagem para Roma. A mãe fica tão destroçada que os seus gritos se ouvem do outro lado da cidade. 
À medida que os pais tentam recuperar a criança, compreendem a razão por que Edgardo foi escolhido entre os seus oito filhos. Anos antes, uma criada católica, que servia a família, temente de que o menino morresse de doença, batizara-o em segredo. Assim que esta história chegou aos ouvidos da Inquisição de Bolonha, a decisão foi, pois, enviá-lo para o mosteiro onde os judeus se convertiam em bons católicos.
O caso Edgardo Mortara tornou-se internacionalmente um paradigma. Embora estes sequestros fossem relativamente comuns em comunidades judaicas na Europa da época, o destino deste rapazinho acabou por simbolizar a campanha revolucionária de Mazzini e Garibaldi para pôr fim ao domínio da Igreja Católica e fundar em Itália um estado moderno.

Pintura de Moritz sobre o Sequestro de Edgardo Mortara


David I. Kertzer nasceu em Nova Iorque a 20 de fevereiro de 1948. É membro da Fundação Guggenheim desde 1986 e recebeu duas vezes o Prémio Marraro da Sociedade de Estudos de História da Itália. Atualmente é professor nas Universidades Paul Dupee e Brown, onde leciona as cadeiras de Ciências Sociais e Antropologia. Venceu em 2015 o Prémio Pulitzer de Biografia com o livro O Papa e Mussolini. Vive em Providence, nos Estados Unidos.



Boa Semana
Com Bons Filmes e Boas Leituras



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