maio 25, 2016

É QUE EU SEMPRE USEI LIVRO PRA TUDO...


É que eu sempre usei livro pra tudo...
Pra saber ler,
Pra altear pé de mesa,
Pra aprender a usar a imaginação,
Pra enfeitar sala, quarto, a casa toda,
Pra ter companhia dia e noite,
Pra aprender a escrever,
Pra sentar em cima,
Pra rir, pra gostar de pensar,
Pra ter apoio num papo,
Pra matar pernilongo,
Pra travesseiro,
Pra chorar de emoção,
Pra firmar prateleiras,
Pra jogar na cabeça do outro na hora da raiva,
Pra me-abraçar-com, pra banquinho pro pé.

Eu sempre usei livro pra tanta coisa, que a coisa que mais me espanta é
ver gente vivendo sem livro.
                                                         Lygia Bojunga


Ilustração de Karin Jurick
Foi talvez por uma ou por todas estas razões que, em 1959, Florence Green, uma mulher de meia-idade, solitária, pequena, decide contra a implacável oposição local, abrir a primeira e única livraria em Hardborough.
Florence compra um edifício abandonado há anos, gasto pela humidade e com o seu próprio fantasma. 
Como se não bastasse o mau estado da casa, ela terá de enfrentar as pessoas da vila que, de um modo cortês mas inabalável, lhe demonstram a sua insatisfação com a existência da primeira livraria local. Só a sua ajudante, uma menina de dez anos, não deseja sabotar o seu negócio. 
Quando alguém sugere que coloque à venda a primeira edição de Lolita, de Nabokov [que o leitor também pode requisitar], a vila sofre um "terramoto" subtil, mas devastador. 
E, finalmente, Florence começa a suspeitar da verdade: uma terra sem uma livraria é, muito possivelmente, uma terra que não merece qualquer livraria.



Escrito por Penelope Fitzgerald
A LIVRARIA
Editado pelo Clube de Autores



"A leitura deste livro é um verdadeiro prazer"
                                                                                              Financial Times


Penelope Fitzgeral, nasceu a 17 de dezembro de 1916 em Lincoln, Inglaterra e é uma das mais notáveis vozes da ficção britânica. Depois de se licenciar em Somerville College, oxford, trabalhou na BBC e durante a guerra foi editora de um jornal literário, geriu uma livraria e ensinou em várias escolas, incluindo uma de teatro.
Autora tardia, começou aos 61 anos, publicou nove romances, poesia, contos e ensaio. Em vinte anos de escrita, os últimos da sua vida, foi quatro vezes finalista do Booker Prize (um deles foi precisamente com o romance que estamos a divulgar, A Livraria) e foi finalmente distinguida em 1979 com Offshore.
O seu último romance, A Flor Azul, de 1995, foi repetidamente eleito pela imprensa internacional como "Livro do Ano". A autora ganhou ainda o Circle Award, atribuído pela America's National Book Critics, contribuindo para que se tornasse conhecida de um público mais vasto.
É considerada  uma das grandes escritoras de língua inglesa do século XX apesar de nunca ter sido popular.  Penelope Fitzgerald faleceu em Londres, aos 83 anos, a 28 de abril de 2000.



É que eu sempre usei livro pra tudo...




maio 20, 2016

ERA TANTA A CONFUSÃO NAQUELA CASA . . .


Ilustração de Denis Zilber
"Era tanta a confusão naquela casa que, a princípio, vi-me à rasca para saber quem lá vivia. 
O Pai, era fácil: tinha olhos azuis, rabo-de-cavalo e dentes a mais. Trabalhava nas finanças. (...)
A Mãe era um hino. Aquilo era uma assoalhada única, mas o que ela arranjava para fazer todo o dia tu não acreditas. Lavava o cimento com lixívia, dava óleo nos móveis, desencardia os colarinhos, fazia o almoço assim que se levantava e o jantar quando a malta almoçava. (...)
Ninguém encorajava os rasgos da Anã e, logo que ela se manifestou como adiantada mental, o Pai reuniu a Família no Quintal e conspirou em voz baixa:
- Não é ela que é um prodígio, percebem? Nós é que somos broncos!"
                                                                                                           In Os Filhos da Mãe

É um romance absolutamente desconcertante,  
que o vai fazer rir da primeira à última página. 
 É a nossa sugestão para leitura de fim de semana. 


OS FILHOS DA MÃE
 de Rita Ferro
 Dom Quixote

História hilariante de uma família numerosa, disfuncional, de um pai lunático à doméstica achinelada, do marialva ao filho homossexual, da fedelha sobredotada à parelha de gémeos tão bonitos como estúpidos, que partilham um espaço exíguo e que para além de um hóspede, ainda aceita a filha de uma relação anterior de pai: uma cubana de 30 anos e quatro filhos pequenos, que erotiza os homens da casa e engravida a seguir.



Rita Ferro nasceu em Lisboa a 26 de fevereiro de 1955. É filha do escritor e filósofo António Quadros e de Paulina Roquette Ferro, neta paterna de Fernanda de Castro e António Ferro. É especialista de Marketing, tendo feito estágios profissionais nos EUA, Reino Unido e Brasil. Trabalhou como copywriter e depois como promotion manager nas Selecções do Reader's Digest, durante 11 anos. Foi professora no antigo IADE  e colabora regularmente na imprensa, na rádio e na TV. 
Foi apresentadora de televisão e cronista na rádio, jurada literária e de festivais de cinema. 
Em 1994 apresentou, conjuntamente com Mário Zambujal, o programa "Quem conta um conto" na RTP 2. Iniciou a sua carreira literária em 1990, com a publicação do romance O Nó na Garganta. Seguiram-se nos anos seguintes os romances O Vestido de Lantejoulas e o Vento e a Lua.
Escreveu 22 livros em 22 anos, entre romances, cartas, biografias, crónicas, literatura infantil e uma peça de teatro. Ao seu romance autobiográfico A Menina É Filha de Quem?, publicado em 2011, foi atribuído o Prémio PEN Clube Português de Narrativa 2012.
Rita Ferro criou um estilo e um novo género literário que se distingue por uma técnica de narração mordaz e cativante, de grande versatilidade. Os seus livros estão editados em Espanha, Brasil e Croácia. Participou no programa da Antena 1 A Páginas Tantas,  conjuntamente com Inês Pedrosa, Patrícia Reis e Ana Daniela Soares. É membro do Conselho Executivo da Fundação António Quadros, que reúne o espólio do seu pai e avós.
Em setembro de 2011, a sua obra foi objeto de tese de licenciatura orientada pela professora doutora Helena Barbas: " Estratégias de representação do "eu" e do sentir feminino em narrativas de Stefan Zweig, Simone de Beauvoir e Rita Ferro", por Donzília Alagoinha Felipe.
Atualmente é convidada habitual no programa Conversa de Raparigas na Antena 3.



"- Deixas uma moça que é minha filha vir viver connooooosco?
A Venância, que não podia de maneira nenhuma largar o refogado, respondeu no mesmo tom desbragado: 
 - Como é que sabes que é tua? Cortaste-lhe o umbiiiiiiigo?
E cheirando a colher de pau:
- Pergunta-lhe ao menos tem saúde?"
                                                                                                           In Os Filhos da Mãe










maio 13, 2016

TU FALASTE COM A NOSSA SENHORA?


Fátima, 1917

"Nessa manhã, com bigode de café, Lúcia explicou aos primos, que iam levar os rebanhos a pastar mais perto, havia muita erva e pouco tempo. Os primos compreenderam bem. Tinha chegado o dia. Por fim, tinha chegado o dia."
In, 
Em Teu Ventre

13 de maio de 1917
As Aparições de Fátima são o tema do mais recente livro de José Luís Peixoto. 
Mais do que o milagre e sem tomar partido nem extremar posições, ao autor, interessa-lhe a realidade dessa época, abrir novas possibilidades de interpretação, romper com discursos simplificados e entrar dentro do tabu. De maio a outubro de 1917, vai descrever um dos acontecimentos mais marcantes da nossa história recente e que o Leitor vai poder testemunhar na nossa 
sugestão de leitura de fim de semana.


Em teu Ventre
José Luís Peixoto 
Editado pela Quetzal


"Ai, Lúcia, que eu não mereço metade das arrelias que me dás. Parece que não bastam as tantas que já tenho, a deitarem-me abaixo todos os dias, e ainda te vais lembrar de mais moléstias. Para  que é isso, filha? Não te falta pão, não te falta descanso, não te falta brincadeira. Ganha consciência. Tu não vês que isso não está bem-feito? A própria Nossa Senhora se apoquenta com estas coisas, nem é bom pensar."
In, 
Em Teu Ventre

A partir de um ponto de vista inteiramente novo, Em Teu Ventre retrata um dos episódios mais marcantes do século XX português: as aparições de Nossa Senhora a três crianças, entre maio e outubro de 1917.

"As aparições de Nossa Senhora têm uma ligação clara à maternidade, tal como o culto mariano. No livro, essa componente é dada por três figuras. A da mãe de Lúcia, que disputa com a filha o protagonismo do livro; a da mãe idealizada, que surge nos textos em versículos; e a de que parece ser a do narrador ou autor. É uma reflexão sobre a mãe que cada um carrega dentro de si e a sua importância formadora"
José Luís Peixoto, 
In Jornal de Letras



"Belíssimo romance, um dos melhores de José Luís Peixoto. 
Acabámo-lo de ler e não queríamos que tivesse acabado. 
É o melhor elogio que se pode fazer a um livro e a um autor". 
                                                                                                      Miguel Real



José Luís Peixoto nasceu a 4 de setembro de 1974, em Galveias, concelho de Ponte de Sôr. 
É licenciado em Línguas e Literaturas Modernas (inglês e alemão) pela Universidade Nova de Lisboa. Antes de se dedicar profissionalmente à escrita em 2000, foi professor. 
É um dos autores de maior destaque da literatura portuguesa contemporânea. A sua obra ficcional e poética está representada em diversas antologias, traduzida em mais de 20 idiomas e é estudada em várias universidades nacionais e estrangeiras.
Recebeu o Prémio Jovens Criadores na área da literatura, no as anos de 1997, 1998 e 2000.
Em 2001, o seu romance Nenhum Olhar recebeu o Prémio Literário José Saramago. Esse mesmo livro, publicado no Reino Unido sob o Título "Blank Gaze" fez parte da lista do Financial Times dos melhores livros publicados em Inglaterra em 2007.
 Em 2007, em Saragoça, Cemitério de Pianos recebeu o Prémio Cálamo Otra Mirada, destinado ao melhor romance estrangeiro publicado em Espanha. 
Com Livro, venceu o Prémio Libro d'Europa, atribuído em Itália ao melhor romance europeu publicado no ano anterior.
As suas obras foram ainda finalistas de prémios internacionais como o Femina (França), o Impac Dublin (Irlanda) ou o Portugal Telecom (Brasil).
Na poesia, o livro Gaveta de Papéis recebeu o Prémio Daniel Faria e A Criança em Ruínas recebeu o Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores.
Em 2005, escreveu as peças de teatro Anathema, estreada no Theatre de la Bastille, em Paris, e À Manhã, que estreou em Lisboa no Teatro São Luiz.
Em 2012, publicou Dentro do Segredo, Uma viagem na Coreia do Norte, a sua primeira incursão na literatura de viagens. Galveias, o seu mais recente romance, foi publicado em 2014.
Morreste-me, Gaveta de Papeis e Nenhum Olhar estão publicados em braille.
município de Ponte de Sôr criou, em 2007,  um prémio literário com o nome de José Luís Peixoto para  jovens autores.


"Quero que o livro exista para lá das minhas convicções. 
Não gostaria que as minhas crenças moldassem a leitura de ninguém"
                                                             José Luís Peixoto,
                                                                  In Jornal de Letras




Bom Fim de Semana


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