abril 29, 2016

A LIBERDADE É COMO O SOL. É O BEM MAIOR DO MUNDO

A nossa Sugestão de Leitura para este Fim de Semana
foi retirada da nossa mostra bibliográfica, patente no átrio de entrada da Biblioteca Municipal, até ao dia 30 deste mês, e intitulada "Pela Liberdade"
De acordo com Jorge Amado , no seu livro "Capitães de Areia": 

"A Liberdade é como o sol. 
É o bem maior do mundo".



Tudo Passa
De Vassili Grossman
Editado pela Dom Quixote

Ivan Grigórievitch tem vivido num Gulag na Sibéria  nos últimos trinta anos. Posto em liberdade após a morte de Stálin, "por ausência de corpo de delito", descobre que os anos de terror impuseram uma escravidão moral e coletiva e descobre que tudo mudou para ficar na mesma. Ivan terá então de esforçar-se por encontrar o seu lugar num mundo que lhe é estranho. Mas, num romance que procura abordar acontecimentos trágicos da União Soviética, a história de Ivan é apenas uma entre muitas. Assim, conhecemos também o seu primos, Nikolai, um cientista que nunca deixou a sua consciência interferir na sua carreira, Pinéguin, o informador que levou a que Ivan fosse enviado para o campo de trabalhos forçados e ainda uma série de outros informadores, cada qual com uma desculpa para os seus indesculpáveis feitos. E, no centro do romance, encontramos a história de Anna Serguéevna, amante de Ivan, que nos conta o seu envolvimento como ativista no terror que foi a Grande Fome da Ucrânia - uma ação deliberada de extermínio, desencadeada pelo regime  soviético, que levou à morte de milhões de camponeses.

"Como tudo o que ocorria no país, também esta indignação espontânea contra os crimes sangrentos dos judeus foi idealizada e planeada de antemão, da mesma maneira que Stálin planeava as eleições para o Soviete Supremo - eram preparadas com antecedência as características e a nomeação dos deputados, e depois, de forma planificada, os candidatos eram espontaneamente promovidos, fazia-se a sua campanha eleitoral e, finalmente, as eleições nacionais realizavam-se.(...)
Mas, de repente, a 5 de março, Stálin morreu. Esta morte rompeu o gigantesco sistema do entusiasmo mecanizado, da ira popular e do amor popular estabelecidos por ordem do comité do partido. (...)
Stálin morreu! Nesta morte havia um imprevisto elemento livre, infinitamente alheio à natureza do Estado stalinista."
                                                                              Vassili Grossman
In, Tudo Passa

"Os Manuscritos Não Ardem"
                                                                 Mikhaíl Bulgákov


Vassili Grossman nasceu a 12 de dezembro de 1905, em Berdychiv, Ucrânia, numa família judaica que se identificava mais com a cultura russa do que com a judaica. Fez o curso de química na Universidade Estatal de Moscovo, mas abandonou a carreira de engenheiro para se dedicar exclusivamente à escrita, tendo sido, na sua juventude, protegido de Maximo Gorki. Foi nomeado para o Prémio Stálin, a maior distinção do regime literário soviético, mas excluído da lista de candidatos pelo próprio Stálin.
Em 1941 foi correspondente de Estrela Vermelha, jornal de Exército Vermelho, fazendo reportagens sobre a defesa de Stalinegrado, a queda de Berlim e as consequências do Holocausto. As suas descrições sobre o que encontrou em Treblinka e Majdanek foram usados como testemunhos de acusação no Tribunal de Nuremberg, quando os criminosos de guerra foram a julgamento.
Em 1945, em coautoria com Iliá Erenburg, escreveu "O Livro Negro", coletânea de documentos e testemunhos sobre os crimes contra os judeus no território da URSS e da Polónia nos anos da 2ª Guerra Mundial, editado em Israel e nos Estados Unidos, mas não autorizada na União Soviética. De 1946 a 1959, trabalhou nos romances "Por uma Causa Justa" e "Vida e Destino".
Quando, em 1961, durante a busca a sua casa, os oficiais do KGB confiscaram o manuscrito do seu romance "Vida e Destino", levaram também o romance não acabado "Tudo Passa", a sua última obra em que trabalhava desde 1955. E os seus últimos dias foram passados no hospital, em Moscovo a reescrever e a completar este romance, tendo-o acabado em 1963, pouco antes da sua morte. Com este livro, concluiu a sua grande obra épica sobre o destino humano em condições de regime totalitário. Morreu a 14 de setembro de 1964. 



Bom Fim De Semana




abril 20, 2016

COM A REVOLUÇÃO DOS CRAVOS CHEGOU A DEMOCRACIA

"Mas se durante a guerra os partidos desavindos tinham governado em sagrada união, obtida a paz, a direita em Portugal desencadeou uma revolução. No final de 1917, Sidónio Pais impôs uma ditadura. Foi assassinado no final de 1918. Depois, entre uma república nova, uma monarquia do Norte e uma monarquia velha, as coisas foram-se complicando, e nem faltou uma Noite Sangrenta: na noite de 19 de outubro de 1921, são assassinados alguns políticos de grande destaque como António Granjo, Machado Santos e José Carlos da Maia. Na jovem República ninguém parecia entender-se e os governos sucediam-se uns a seguir aos outros. Com a crise política agravou-se a crise económica, financeira e social. Instalou-se um denso nevoeiro e adivinhava-se que o encoberto andava por ali.

Terceiro Batalhão da GNR em Alcântara a 19 de outubro de 1921

Em 28 de maio de 1926 o exército, liderado por Gomes da Costa, impõe uma ditadura ao país.  E rapidamente se desvendou o encoberto: a pasta dele era a das Finanças e calçava botas. 


Em 1932, António de Oliveira Salazar saltou das Finanças para a chefia do governo, de onde apenas sairia em 3 de agosto de 1968, quando caiu de uma cadeira no Forte de Santo António.
Dizem que Salazar equilibrou as finanças e salvou Portugal da Segunda Guerra Mundial, mas praticando uma política protecionista e isolacionista, foi incapaz de conduzir uma política colonial capaz de evitar as diferentes guerras de independência que, depois de se terem iniciado no norte de Angola, em 4 de fevereiro de 1961, rapidamente alastraram às diferentes colónias portuguesas. 


À triologia "Deus, Pátria, Família", acrescentou a "Autoridade": um só partido, uma censura prévia e uma polícia política. As prisões do Aljube, da Praça-forte de Peniche, do Forte de São Bruno de Caxias e da Colónia Penal do Tarrafal, em Cabo Verde, eram o destino mais provável de quem se opunha ao regime.
Deposto por uma cadeira, sentou-se no seu lugar Marcelo Caetano. Marcelo continuou a velha política do Estado Novo, mas aumentavam os ventos que iam desgastando os alicerces do regime. 

Fotografia de Alfredo Cunha

No dia 25 de Abril de 1974, o exército acabou com a ditadura que ele mesmo começara. Era um exército cansado de uma guerra que não considerava sua. O poder foi entregue a uma Junta de Salvação Nacional. Ironia das ironias: um dos generais que a compunha respondia pelo nome de Costa Gomes, de facto, tratava-se de uma inversão.


Mas contrariando a vontade dos militares, o povo saiu à rua, porque era tempo de o povo ordenar e não havia tempo a perder. Afinal, o encoberto era o povo e descobria-se: com a Revolução dos Cravos a democracia chegava a Portugal e chegou ao fim a guerra colonial."
                                                                                               
Dietrich Schwanitz, 
                                                                                In Cultura







abril 13, 2016

LIQUIDEMOS OS PROBLEMAS, OU MELHOR AINDA, LANCEMO-LOS NO INCINERADOR.

  
A Queima de Livros 

Quando o regime ordenou que fossem queimados publicamente
Os livros que continham saber pernicioso, e em toda a parte
Fizeram bois arrastarem carros de livros
Para as pilhas em fogo, um poeta perseguido
Um dos melhores, estudando a lista dos livros queimados
Descobriu, horrorizado, que os seus 
Haviam sido esquecidos. A cólera o fez correr
Célere até sua mesa, e escrever uma carta aos donos do poder.
Queimem-me! Escreveu com pena veloz. Queimem-me!
Não me façam uma coisa dessas! Não me deixem de lado! Eu não 
Relatei sempre a verdade nos meus livros? E agora tratam-me
Como um mentiroso! Eu lhes ordeno:
Queimem-me!
                                                                                                Bertolt Brecht



Fahrenheit 451 - a temperatura a que um livro se inflama e consome

Numa indeterminada e super-tecnológica civilização do futuro, um regime totalitário determinado a garantir a "felicidade" dos seus súbditos proíbe severamente a posse  e a leitura de livros; quem quer que seja apanhado na sua posse é preso e os livros e a sua casa queimados pela Vigília do Fogo, que, mais do que apagar, ateia incêndios. O protagonista Montag, anteriormente um zeloso executor, começa gradualmente a nutrir dúvidas sobre o seu trabalho, também porque uma jovem, conhecida por acaso e aparentemente "louca", abala profundamente as suas convicções.
O cenário desenhado por Fahrenheit 451 é um dos mais inquietantes, jamais concebidos pela ficção científica: sem alienígenas ou naves espaciais, sem artefactos engenhosos ou armas mirabolantes (os incendiários usam querosene), aquele mundo lívido e opressivo que deveria garantir o bem-estar universal assalta-nos como se pudesse, um dia destes, olhar novamente para nós e envolver-nos numa espiral de uma perseguição da inteligência, da qual não podemos deixar de nos sentir ameaçados. À morte da cultura corresponde no romance o triunfo da destruição, primeiro das mentes e depois dos corpos, até ao apocalipse de uma guerra insensata e incompreensível que apaga todas as ações humanas. A denúncia dura de um perigo mortal que paira sobre a civilização ocidental ganha, de tal modo, contornos de uma profecia aterrorizante, que a sua tristeza é apenas mitigada pelo alento da esperança regenerativa que irrompe, muito ao de leve, no final.

"- Quero também apresentar-lhe Jonathan Swift, autor dessa perniciosa obra política: As Viagens de Gulliver. E este é Charles Darwin, aquele Schopenhauer e aquele Einstein; este aqui ao meu lado é o senhor Albert Schweitzer, na verdade um simpático filósofo. Aqui estamos todos reunidos, Montag. Aristófanes, o Mahatma Gandhi e Gautama Buda, Confucius, Thomas Love Peacock, Thomas Jefferson, Karl Marx e o senhor Lincoln. Somos igualmente Mateus, Marcos, Lucas e João."


Fahrenheit 451, do escritor norte-americano Ray Bradbury, publicado inicialmente em 1953, é um livro recomendado pelo Plano Nacional de Leitura para o Ensino Secundário como sugestão de leitura, encontra-se disponível para empréstimo domiciliário e faz parte da mostra bibliográfica patente ao público no Átrio da Biblioteca Municipal intitulada - Pela Liberdade.



Ray Bradbury, nasceu a 22 de agosto de 1920, em Waukegan, Ilinois (EUA).  Em 1934, mudou-se com a família para Los Angeles, para onde o pai, operário eletricista, se tinha mudado em busca de trabalho.
Foi aí que, em 1939, fundou uma pequena revista de ficção científica, juntamente com outros apaixonados do género. Começou a escrever contos, enviando-os para revistas especializadas que, frequentemente, os publicavam. Em 1950, publicou o seu primeiro volume de contos, Crónicas Marcianas, que teve um grande sucesso, depois suplantado por Fahrenheit 451 (1953), disponíveis na nossa Biblioteca.
A partir dos anos sessenta, começa a trabalhar intensamente como encenador cinematográfico, não abandonando nunca, a literatura.
Em 2002, em sua homenagem foi colocada uma estrela no "Passeio da Fama" em Hollywood pelas suas contribuições na ficção científica na literatura, no cinema e na televisão.
Entre os inúmeros prémios que Ray Bradbury recebeu durante toda a sua carreira, destacamos os mais importantes prémios de ficção científica, os Prémios Nébula, que a partir de 1991 são conhecidos como o Prémio Bradbury. Em 2004 recebeu o Prémio Hugo, referente a 1954 e ao livro que hoje divulgamos.
A 5 de junho de 2012, Ray Bradbury morreu aos 92 anos de idade na sua casa de Los Angeles na companhia dos seus gatos.





Esperamos por si



abril 08, 2016

UMA TERRA CHAMADA LIBERDADE



O Óscar já escolheu a leitura para o fim de semana. 
E o Leitor? 
Não tem ideia do que ler?

Não se preocupe Caro Leitorsiga a nossa 
sugestão de leitura de fim de semana.

Editado pela primeira vez em 1995, reeditado no passado dia 3 de março pela Editorial Presença, e acabado de chegar à sua Biblioteca, sugerimos um autor muito do agrado dos nossos leitores. Falamos do autor britânico Ken Follett.



Condenado à nascença a uma vida de escravidão, Mack McAsh vê-se forçado a trabalhar nas minas de carvão da Escócia, no ano conturbado de 1766. Porém, Mack não perde a esperança de ser livre. Inesperadamente, encontra uma aliada. Lizzie Hallim é a bonita aristocrata rebelde e determinada que, apesar da sua condição, também se encontra aprisionada em intrigas e jogos de poder. Devido às ideias progressistas de Mack, Sir George, senhor das terras e dono da mina, dificulta-lhe a vida, obrigando-o a fugir. Num volte-face, é Lizzie quem o ajuda. Os dois jovens não sabem que em breve a paixão será tão avassaladora no velho mundo como no novo.
Das minas de carvão da Escócia às sujas ruas de Londres, passando pelas plantações de tabaco na Virgínia, os dois enamorados querem apenas conquistar algo para as suas vidas: a liberdade.



"- Mas é a vida de um homem! Pense na irmã dele, coitada, na dor que terá quando souber que ele foi enforcado.
- São mineiros, minha querida, não são como nós. Para eles, a vida pouco vale, não sentem a dor que nós sentimos. A irmã embebeda-se com genebra e depois volta para a mina. 
- A mãe não acredita nisso, que eu sei.
- Talvez esteja a exagerar, mas tenho a certeza absoluta de que não vale a pena preocuparmo-nos com essas coisas. 
- Não consigo evitar. Mack é um rapaz às direitas que só quis ser livre, e não suporto a ideia de ele acabar numa forca".
In Uma Terra Chamada Liberdade




Ken Follett é um dos mais notáveis autores contemporâneos. Dos seus trinta livros, publicados em mais de 80 países, já foram vendidos mais de 150 milhões de exemplares.
Kenneth Martin Follett, nasceu a 5 de junho de 1949 no País de Gales. É formado em Filosofia pela University College, de Londres e começou a sua carreira como jornalista. Dos pequenos contos que escrevia aos fins de semana, rapidamente passou a escrever romances encorajado pelos amigos e colegas jornalistas.
O seu primeiro best seller "O Buraco da Agulha" foi o vencedor de Edgar Award como melhor romance de 1978.
Desde o seu primeiro grande êxito literário, cada novo livro vem confirmar a sua capacidade para conquistar um público fiel.
Entre os seus maiores sucessos contam-se os Pilares da Terra, Um Mundo sem Fim.
Tem o Leitor boas razões para se deslocar à Biblioteca Municipal e requisitar a nossa sugestão de leitura, pois segundo o San Francisco Chronicle é "Um romance histórico cativante."





Bom Fim de Semana



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