agosto 12, 2014

É PROIBIDO FALAR COM ESTRANHOS


É proibido falar com estranhos
Sinal de trânsito à entrada do
 Parque do Lago do Patriarca em Moscovo

É véspera da Páscoa em Moscovo dos anos 30 e véspera da Páscoa em Jerusalém no ano 33 D.C., antes da morte de Jesus Cristo. No centro de Moscovo, no Parque do Lago do Patriarca, dois escritores russos conversam sobre a existência de Jesus Cristo. E na figura de um elegante mágico, Woland, (baseado em Estaline)  o diabo aparece, dominando rapidamente a conversa. Conta descontraído um seu pequeno almoço com Kant, o frente a frente entre Pilatos e Jesus da Nazaré e garante a verdade da existência de Jesus Cristo, ao afirmar que presenciou a crucificação. Ponto de partida para a discussão entre o bem e o mal, sobre Deus e o Diabo, a coragem e a cobardia, a inocência e a culpa, o romance defende a liberdade de espírito num mundo que não é livre.
 
 
Mikhail Bulgakov,
escritor soviético, deixou como herança um dos maiores romances do século XX.
 
Margarita e o Mestre
é uma sátira impiedosa da Rússia soviética.
 
 
O romance, escrito em segredo, foi interdito durante quase 30 anos. Bulgakov tinha plena consciência que a sua obra-prima nunca poderia ser publicada durante a sua vida, foi publicada pela primeira vez após a morte de Estaline, como folhetim, numa revista, em 1967. Apesar de fortemente censurada, teve um enorme êxito.
 
 
Gato Behemoth e Koroviev em Moscovo

 
Margarita e o Mestre influenciou Salman Rushdie em "Os Versículos Satânicos"; na década de 1960, Mick Jagger foi influenciado pelo livro para escrever o tema dos Rolling Stones "Sympathy for the Devil"; os Pearl Jam em "Pilate"; os Franz Ferdinand em "Love and Destroy"; York Höller na ópera "Der Meister und Margarita" e na banda desenhada de Christophe Bec e Richard Marazano em "Zero absolu".
 
 
 
"Isso de um escritor que fica em silêncio não existe.
Se fica em silêncio, isso significa que nunca foi um verdadeiro escritor."
 
 
Mikhail Bulgakov, nasceu a 15 de maio de 1891 em Kiev, formou-se em medicina em 1916 e prestou serviço como médico de campanha no Exercito Branco durante a Guerra Civil Russa.
Exerceu a profissão de médico até 1920, altura em que decidiu dedicar-se inteiramente à literatura e ao teatro, apesar das dificuldades encontradas.
A sua recusa em fugir da sua pátria, ou de se tornar porta-voz da propaganda comunista, tornou-o, segundo ele, "o único lobo literário" da União Soviética. Muitas das suas obras foram reprimidas e em 1930, numa carta ao governo soviético, a pedir autorização para emigrar, Bulgakov traçou o destino que enfrentava como escritor proibido: " perseguição, desespero e morte".
A sua obra, quando era permitida a sua publicação, era muito popular. O seu grande êxito Os Dias dos Turbins, uma adaptação de um seu romance sobre a Guerra Civil, A Guarda Branca, estreou-se em 1926. Foi a primeira peça desde a Revolução a dar um retrato simpático dos Brancos contrarrevolucionários.  Sob coação, Bulgakov muda o título da peça e arranja um final simpático para a causa comunista. Tornou-se a peça favorita de Estaline que a viu 15 vezes e exigiu que a mesma passasse a fazer parte do repertório do Teatro das Artes de Moscovo, e apoiou a admissão do autor como encenador assistente nesse teatro,  possibilitando assim a  sua única fonte de rendimento.
Demitido em 1936, ocupou-se da escrita de Margarita e o Mestre até à sua morte a 10 de março de 1940.
Bulgakov não era um dissidente enquanto tal: sobreviveu na Rússia estalinista para escrever. Era um escritor vulgar e não um batalhador político e fez os seus compromissos com o regime  afim de sobreviver. Muitos escritores foram mortos por Estaline, mas, como Bulgakov escreveu, "Os manuscritos não ardem".


Koroviev, o gato Behemoh, Margarita, Woland e muitos outros esperam por si.
 

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