agosto 31, 2012

LEITURA DE FIM DE SEMANA


A vida modifica-se rapidamente...
A vida muda num instante...
Sentamo-nos para jantar
e a vida, como a conhecemos, acaba!


De um dos ícones da literatura americana, um livro espantoso de honestidade e paixão eletrizante. O retrato de um casamento e de uma vida, com bons e maus momentos, que tocará quem alguma vez amou um marido, uma mulher ou um filho.

"De uma honestidade devastadora, O Ano do Pensamento Mágico é um magnífico retrato sobre a perda, a mágoa e a tristeza, pintado ao detalhe, e sem vacilar, com o olhar cirúrgico da autora."     The New York Times




"Uma pessoa está a jantar e a vida que conhece acaba subitamente." 


Esta é a emoção do arranque do relato da escritora norte-americana Joan Didion sobre a morte repentina do marido, enquanto a filha de ambos, de 38 anos, lutava pela vida no hospital, após choque séptico.
Este é um livro para todos. Para todos aqueles que já se perguntaram: 
E agora? 
O que fazer se a vida parece já não ter sentido nenhum?



Joan Didion nasceu a 5 de dezembro de 1934 em Sacramento, formou-se na Universidade da Califórnia em Berkeley e licenciou-se em inglês em 1965.
É uma conceituada escritora, jornalista, dramaturga, ensaísta e novelista. Escreve regularmente nas revistas The New York Review of Books e The New Yorker. Colaborou com o marido, o escritor John Gregory Dunne, já falecido, em numerosos guiões cinematográficos. 
É autora de cinco romances e oito ensaios.
Os seus retratos de teorias da conspiração, paranóicos e psicopatas (incluindo Charles Manson) são considerados património da literatura americana. Foi, aliás, distinguida com a Medalha Anual, atribuída pela National Book Foundation, pela contribuição dada à literatura do seu país.



Com o seu livro O Ano do Pensamento Mágico, que hoje sugerimos como leitura de fim de semana, a autora venceu o Prémio Evelyn F. Burkey outorgado pelo Writers Guil of América e o Prémio Puddly de não ficção. Venceu ainda o National Book Award 2005 e em 2007 o Prémio Médicis.
O livro foi também levado à cena na Broadway, tendo Vanessa Redgrave, atriz vendedora de um Oscar, como protagonista.
Em Portugal, no final de 2009, estreou no Teatro Nacional D. Maria II, um monónolo interpretado por Eunice Muñoz, com encenação de Diogo Infante.




Aceite a nossa sugestão de leitura
Aproveite bem o Fim de Semana 


Ilustração de Rabeca Korpita



agosto 30, 2012

SABIA QUE...


"A expressão mais excitante em ciência, a que prenuncia novas descobertas, não é "Eureka!", mas sim "Que engraçado...!"
                                                                                                                         Isaac Asimov

Sabia que os gelados com pauzinho foram inventados por uma criança de onze anos que, acidentalmente, numa fria noite de inverno, deixou fora de casa o refresco que preparara?
E que a plasticina foi originalmente usada como produto de limpeza para o papel de parede?
Alguma vez pensou que as deliciosas batatas fritas pala-pala devem a sua existência à reação enfurecida de um Chefe de Cozinha, após uma queixa de um cliente sobre a espessura das suas batatas?



Venha à Biblioteca Municipal, requisite este livro, junte a família e passe um serão divertido.

Invenções Acidentais, é um livro recheado de factos interessantes que, de uma forma bem disposta, nos dá informações sobre o modo como foram criados, por exemplo, alguns alimentos ou objetos do nosso dia a dia.
São histórias fascinantes por detrás das invenções acidentais mais importantes do mundo: da penicilina ao micro-ondas, passando pelos post-it e pelo velcro, até às saquetas de chá e à máquina de escrever.
Invenções que mudaram de maneira radical a nossa vida e o mundo à nossa volta.


Os esquilos colecionam nozes. Os cães enterram ossos. Os camelos armazenam comida e bebida nas suas bossas. Os porcos não fazem nada disso. Não se interessam por colecionar, enterrar ou armazenar.
Então porque guardamos o nosso dinheiro num porquinho?
A história deste objeto vem do século XV, quando os potes eram feitos com um barro barato cor de laranja, também chamado "pygg" (porco em inglês antigo). Nesses tempos, o dinheiro era guardado num desses potes, o chamado piggy bank. Séculos mais tarde, toda a gente se esquecera que "pygg" se referia ao material e, quando foi pedido a um oleiro inglês que fizesse piggy banks, ele produziu potes com a forma de porcos, o que encantou as crianças.


"Uma invenção fabulosa, mas quem a quererá usar?"
Rutherford B. Hayes, Presidente americano, depois de ter feito uma chamada de Washington para a Pensilvânia com o telefone de Alexander Graham Bell, em 1876.




O famoso pintor expressionista russo Wassily Kandinsky é considerado o fundador da pintura abstrata. 
Segundo uma anedota popular, uma noite, quando chegou ao seu estúdio em Munique, reparou numa estranha e irreconhecível imagem de "uma beleza interior pouco habitual". Depressa se apercebeu que se tratava de uma das suas pinturas figurativas que estava de pernas para o ar no cavalete.
Diz-se que esta experiência o convenceu quanto aos poderes da abstração total.



"Tudo o que podia ser inventado já foi inventado."
Charles H. Duell, comissário do Departamento de Patentes dos Estados Unidos, em 1899, ao revelar que pretendia encerrar o Departamento de Patentes.

Ficou curioso, não ficou?
Visite-nos!



agosto 28, 2012

FELIZ ANIVERSÁRIO JOÃO TORDO



João Tordo nasceu a 28 de agosto de 1975 e é filho do cantor Fernando Tordo e de Isabel Branco. Formou-se em Filosofia. Em 1999 foi para Londres fazer um Mestrado em Jornalismo. A cidade influenciou-o tanto, que quis ficar até "ao limite das suas possibilidades", mas quando deu por si a trabalhar num bar e a fazer traduções, percebeu que era tempo de partir.
Seguiu para Nova Iorque e frequentou os cursos de escrita criativa do City College. De manhã ia às aulas, servia à mesa num restaurante durante o jantar e escrevia pela noite dentro.
O seu livro "O livro dos Homens sem Luz" publicado em 2004 nasceu assim.

João Tordo é influenciado por autores como Edgar Allan Poe, Herman Melville ou Dostoievski, e pela literatura policial e de mistério, construindo narrativas dentro de narrativas  que absorvem o leitor. 
Foi o vencedor do Prémio Jovens Criadores em 2001.
Escreveu, em parceria, o guião para o filme "Amália, a Voz do Povo" de 2008.

Em 2009 foi o vencedor do Prémio Literário José Saramago.

"Sou o sexto escritor que vence este prémio, atribuído bianualmente. É uma grande responsabilidade porque a partir do momento em que ficamos debaixo deste jugo que é o nome  de José Saramago - nome mais importante das nossas letras nos últimos cem anos - temos de fazer jus desse nome. Portanto, tudo o que vier daqui para a frente são momentos que me vão obrigar a pensar muito bem naquilo que vou escrever e publicar".

Em 2011 foi finalista do Prémio Portugal Telecom.
Trabalha como cronista, tradutor, guionista e formador em workshops de ficção.

Publicou cinco romances:
  • 2004 - O livro dos Homens Sem Luz
  • 2007 - Hotel Memória
  • 2009 - Três Vidas - vencedor do Prémio José Saramago
  • 2010 - O Bom Inverno - finalista do Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores
  • 2011 - Anatomia dos Mártires
Terminou no passado mês de julho o seu último romance.
Os seus livros estão publicados em França, Itália, Brasil, Sérvia e Croácia.

Para ler os seus livros não precisa de ir tão longe. 
Basta visitar-nos.

Uma Boa Semana com Boas Leituras.

agosto 24, 2012

LEITURA DE FIM DE SEMANA


Cabo Raso, Portugal
"A câmara fotográfica não faz qualquer diferença. 
Todas registam aquilo que conseguimos ver. Mas, temos que VER."
 Ernst Haas




"Não existem regras para boas fotografias, apenas existem boas fotografias".
Ansel Adams




Açores, Portugal
Luz
A matéria-prima da fotografia.
Conheça as suas propriedades, características e tipos, para que as suas imagens ganhem alma e magia.
Da mesma forma que para escrever um texto é preciso a tinta de uma caneta, para fazer uma fotografia é fundamental que exista luz, por mais ténue que esta seja.



Composição
A mensagem da fotografia.
Aprenda a interpretá-la e a construí-la através do usos das regras essenciais, da perspetiva, dos pontos focais e da cor.





O leitor gostava, que as suas fotografias tiradas nas férias, 
ficassem assim fantásticas?
Sabe que isso é possível?
Como?


É simples! Basta vir à Biblioteca Municipal e requisitar o livro que lhe vamos sugerir como leitura de fim de semana.



Fotografia
Luz, Exposição, Composição, Equipamento e Dicas para fotografar em Portugal
Autor: Joel Santos
Editora: Centro Atlântico


Esta obra de referência vai aumentar o seu conhecimento fotográfico, oferecendo-lhe as ferramentas e a inspiração para criar excelentes fotografias.
O livro está repleto de dicas e sugestões, que resultam do extenso trabalho fotográfico do seu autor, apresentando fotografias inspiradoras e diagramas elucidativos.
Em suma, trata-se de uma obra incontornável para qualquer amante da fotografia, visando ensinar, inspirar e entusiasmar o leitor, revelando-lhe todo um novo mundo de oportunidades fotográficas.
Este livro pretende ajudá-lo a compreender a fotografia, a inspirá-lo de uma forma única e, sobretudo, a contagiá-lo de um modo irreversível com o gosto pela fotografia.




Joel Santos nasceu em 1978, sendo licenciado e mestre em Economia. Em 2003 desperta a sua paixão pela fotografia. Em 2004 parte para Timor-Leste como docente da Universidade de Economia - uma experiência de três anos que impulsiona o seu gosto pelo retrato espontâneo e pela reportagem de vida quotidiana.
Inicia a sua ligação ao mundo editorial em 2005 com a revista FotoDigital. 
Os seus trabalhos foram distinguidos com alguns dos mais prestigiados prémios nacionais e internacionais de fotografia, onde se incluem o primeiro prémio (2006) e a menção honrosa (2007) na categoria de Natureza do Prémio Fotojornalismo Visão/BES, os prémios Wild Pleces (Natureza/Cor, 2007), FIAP Silver Medal (Natureza/Cor, 2009) e Melhor Português (Natureza/cor, 2009) no Salão Internacional de Arte Fotográfica do Algarve.
Atualmente, com a agência de viagens Papa-Léguas, lidera viagens e workshops fotográficos em Portugal e por todo o mundo, aliando a vasta experiência como viajante ao gosto de comunicar e formar.



Timor-Leste

Tenha um Bom Fim de Semana 
e lembre-se

"Os caminhos fotográficos estão sempre livres, à espera de serem percorridos, de preferência com toda a nossa paixão. Ser fotógrafo é um privilégio. 
Aproveite-o sem reservas"
                                                       Joel Santos




agosto 22, 2012

É PÔR NUMA MESMA LINHA DE MIRA A CABEÇA, O OLHO E O CORAÇÃO


"Tirar fotos é prender a respiração quando todas as faculdades
 convergem para a realidade fugaz"
                                                                                                           Henri Cartier-Bresson


Henri Cartier-Bresson era o "fotógrafo do imediato", justamente porque o seu lema era: "Fotografar é lutar com o tempo e captar o acaso". Foi um dos fotógrafos mais importantes de século XX e é considerado o pai do fotojornalismo.

Nasceu a 22 de agosto de 1908, em Chanteloup-en-Brie, França, descendente de uma família proeminente da indústria têxtil. Concluiu pintura e filosofia na Universidade de Cambridge e, em 1931, influenciado pelo movimento surrealista, tornou-se fotógrafo profissional.
Em 1939 viajou para África, onde permaneceu durante um ano. E foi aí, em África, que a sua vida mudou. Deixou a pintura e dedicou-se em exclusivo à fotografia. Quando voltou a Paris, comprou uma Leica  formato 35mm que o acompanhou durante toda a vida.
Durante a Segunda Guerra Mundial foi, durante 3 anos, prisioneiro num campo de concentração na Alemanha. Conseguiu fugir, juntou-se à Resistência Francesa e, em 1945, fotografou a libertação de Paris. 

Henri Cartier-Bresson, Cremação de Gandhi, 1948
Em 1947, Cartier-Bresson, Robert Capa, David Seymour e George Rodger, fundaram a Agência Magnum
Entre 1948 e 1950, passou a maior parte do tempo na Índia, Paquistão, China e Indonésia. 
Fotografou o fim do domínio britânico na Índia, conheceu  Gandhi, fotografou os seus últimos dias de vida  e, por fim, fotografou  a sua cremação.





Na China fotografou os primeiros meses de Mao Tse Tung durante a Revolução Cultural. Foi também o primeiro fotografo da Europa Ocidental a fotografar livremente a vida na União Soviética. Durante esse período estabeleceu a sua reputação como foto-jornalista de incomparável sensibilidade e habilidade. As suas fotografias captaram os novos acontecimentos da época e a vida cultural dos países que fotografou.

Guarda de Honra na Cerimónia da Comemoração
da Libertação de Leninegrado, 1973


Martin Luther King, 1961

Na década de 1950 foram editados vários livros com as suas fotografias, sendo o mais importante e o mais conhecido "Images à la Sauvette". 
Não usava tripé, somente a sua Leica na mão, para justamente passar despercebido e não perder o momento certo, o momento decisivo. A fotografia por si só não o interessava, somente a reportagem fotográfica, onde homem e mundo comunicam. 

Trafalgar Square no Dia da Coroação de George VI, 1937
Em 1966, Cartier-Bresson retirou-se da Magnum, mas permitiu que a Agência continuasse a divulgar as suas fotografias. Aos 62 anos, em 1970, casou com a fotógrafa Martine Frank, que faleceu no passado dia 16 de agosto. Em 2003 criou uma Fundação com o seu nome.
A 2 de agosto de 2004, aos 96 anos de idade, faleceu em Cereste, França.

"Os fotógrafos têm a mesma função dos poetas: eternizar o momento que passa."
                                                                                                                 Mário Quintana 


Gosta de fotografia?
Sabia que temos uma secção de fotografia?

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agosto 21, 2012

HÁ PALAVRAS QUE NOS BEIJAM


Há palavras que nos beijam
Alexandre O'Neill escreveu
Cristina Branco canta


Caricatura de André Carrilho
21 de agosto de 1986, faz hoje 26 anos que morreu Alexandre O'Neill, vítima de um acidente vascular cerebral, depois de ter passado vários anos doente. 
A sua vida mistura-se com a das personalidades mais conhecidas das artes e das letras em Portugal na segunda metade de século XX.
Alexandre O'Neill foi poeta, publicitário, escreveu para teatro, cinema, televisão, letras para fados,(escreveu a letra do fado "Gaivota" destinado à voz de Amália Rodrigues, com música de Alain Oulman)  cronista, tradutor e organizador de antologias e ainda um dos fundadores do Movimento Surrealista de Lisboa.
As suas primeiras influências surrealistas surgem em 1947, quando contacta com Mário Cesariny.
Em 1948, fundam o Grupo Surrealista de Lisboa, juntamente com José Augusto-França, António Pedro e Vespeira. Este grupo depressa se divide em dois e dá origem ao Grupo Surrealista Dissidente, com personalidades como António Maria Lisboa e Pedro Oom.



Discurso

no dize-tu-direi-eu
havia um que dizia
quer dizer é como quem diz
que o mesmo é não dizer nada
tenho dito



Em 1943, com dezassete anos, publicou os primeiros versos num jornal de Amarante, o "Flor do Tâmega". A partir de 1957, começou a escrever para os jornais, assinando colunas regulares do Diário de Lisboa, A Capital e Jornal de Letras. Com a edição, em 1958 de "No Reino da Dinamarca", O'Neill viu-se reconhecido como poeta. Em 1959 iniciou-se como redator de publicidade e ficaram famosos alguns slogans publicitários da sua autoria.
Quem é que nunca ouviu "Há mar e mar, há ir e voltar"?

Em 1953, esteve preso vinte e um dias no Estabelecimento Prisional de Caxias, por ter ido esperar Maria Lamas, regressada do Congresso Mundial da Paz em Viena.  A partir dessa data, passou a ser vigiado pela PIDE, chegando mesmo a ter o passaporte confiscado.


O Amor é o Amor

O amor é o amor - e depois?!
Vamos ficar os dois
a imaginar, a imaginar?...

O meu peito contra o teu peito,
cortando o mar, cortando o ar.
Num leito
há todo o espaço para amar!

Na nossa carne estamos
sem destino, sem medo, sem pudor
e trocamos - somo um? somos dois?
espírito e calor!

O amor é o amor



Recebeu em 1982, o Prémio da Associação de Críticos Literários.
Os seus textos caracterizam-se por uma intensa sátira a Portugal e aos portugueses.

Idiota e Felicidade
"(...) Os idiotas, de um modo geral, não fazem um mal por aí além, mas, se detêm poder e chegam a ser felizes em demasia, podem tornar-se perigosos. É que um idiota, ainda por cima feliz, ainda por cima com poder, é, quase sempre, um perigo.
Oremos.
Oremos para que o idiota só muito raramente se sinta feliz. Também, coitado, há-de ter, volta e meia, que sentir-se qualquer coisa".
Alexandre O'Neill, in "Uma Coisa em Forma de Assim"


Os Convencidos da Vida
(...) Todos os dias os encontro. Evito-os. Ás vezes sou obrigado a escutá-los, a dialogar com eles. Já não me confrange. Contam-me vitórias. Querem vencer, querem, convencidos, convencer. Vença, lá, à vontade. Sobretudo, vençam sem me chatear.
Alexandre O'Neill, in "Uma Coisa em Forma de Assim".


Quem for viajar, encontrará, desde o passado dia 17 de julho,  Alexandre O'Neill, numa caricatura do cartonista António nas paredes da extensão do metro do aeroporto de Lisboa. 


Descendente de irlandeses, Alexandre Manuel Vahía de Castro O'Neill, ou simplesmente Alexandre O'Neill, nasceu em Lisboa a 19 de dezembro de 1924.






Venha à Biblioteca Municipal
Aqui encontrará mais informação sobre O'Neill e 
Aqui a sua poesia, que poderá levar consigo.




agosto 17, 2012

FELIZ ANIVERSÁRIO HERTA MÜLLER



Herta Müller nasceu a 17 de agosto de 1953 na Roménia, numa região de minoria de língua alemã. Poeta, romancista e ensaísta, a sua obra é marcada pelas duras condições de vida na Roménia sob o regime de Ceausescu.
Estreou-se na literatura em 1982, com uma coletânea de contos "Niederungen", que foi censurada. Em 1984, este livro foi editado na Alemanha e alcançou um grande sucesso.
Proibida de publicar na Roménia por ter criticado publicamente o governo, a escritora emigrou em 1987 para a Alemanha, com o marido, o poeta Richard Wagner, também nascido naquela região romena.
Antes de ir para a Alemanha, Herta Müller esteve exposta  continuamente aos interrogatórios, registo domiciliários e ameças da Securitate, o serviço secreto romeno.

De entre os recentes prémios que recebeu encontram-se o Impac  Dublin Literary Award, em 1998, o de Literatura de Berlim 2005, o Würth de Literatura Europeia 2005, o de Literatura de Walter Hasenclever 2006, o Franz Werfel de Direitos Humanos 2009, o Prémio Nobel da Literatura 2009 e o Hoffmann von Fallersberg 2010.

Herta Müller estará em Lisboa de 10 a 14 setembro a convite da Dom Quixote e do Goethe-Institut para apresentar o seu livro "Já Então a Raposa Era o Caçador". A sessão de apresentação da obra está marcada para o dia 13 de setembro, às 18h30, no Goethe-Institut, e será seguida por uma conversa com a escritora Lídia Jorge, moderada por João Barrento.

E enquanto não chega o novo livro de Herta Müller,
sugerimos para leitura de fim de semana

Tudo o que eu tenho trago comigo
Editora: Dom Quixote

Este livro resulta de várias conversas que Herta Müller teve com Oskar Pastior, um sobrevivente dos campos soviéticos após a II Guerra Mundial.
No posfácio deste romance sobre a deportação de seres humanos no pós-guerra, ficamos a saber que a mãe da autora estava entre os alemães residentes na Roménia, deportados por Estaline para prestarem trabalho forçado em campos soviéticos.

"[Este romance] tornou-se a peça mais valiosa na obra da autora para a legitimação do Prémio Nobel da Literatura. A já exausta "literatura dos campos" encontra neste romance um exemplo maior, que a transcende".
António Guerreiro, Expresso





Tenha um Bom Fim de Semana
 com Boas Leituras

agosto 16, 2012

NÃO DEVEMOS RESISTIR ÀS TENTAÇÕES: ELAS PODEM NÃO VOLTAR


Esta é a verdade: a vida começa quando a gente compreende que ela não dura muito
                                                                                                                Millôr Fernandes 


Millôr Fernandes, escritor, dramaturgo, cartonista e humorista que marcou a cultura brasileira,  nasceu a 16 de agosto de 1923 no Méier, subúrbio do Rio de Janeiro.
Nasceu Milton Viola Fernandes, mas graças a uma má caligrafia, ficou registado Millôr, facto que só veio a saber já adolescente.
Vendeu o seu primeiro desenho para o Jornal do Rio de Janeiro aos dez anos de idade. 
Em 1938 começou a trabalhar como repaginador e contínuo no semanário O Cruzeiro. Nesse mesmo ano, sob o pseudónimo de "Notlim", ganhou um concurso de contos na revista A Cigarra. 


Em 1956 dividiu o primeiro lugar na Exposição Internacional do Museu da Caricatura de Buenos Aires com o desenhador norte-americano Saul Steinberg. No ano seguinte teve direito a uma exposição individual das suas obras no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.


Passou a assinar Millôr os seus textos publicados na revista O Cruzeiro, em 1962. Mas deixou a revista no ano seguinte, por causa de uma polémica causada com a publicação de A Verdadeira História do Paraíso, considerada ofensiva pela Igreja Católica.
Colaborou, a partir de 1964, com o jornal português Diário Popular e obteve o segundo Prémio do Salão Canadiano de Humor.
Em 1968 começou a trabalhar na revista Veja. 
Nos anos seguintes escreveu peças de teatro, textos de humor e poesia, além de volar a expor no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, mas dizia que não tinha obra. Isso " É coisa de pedreiro".
Traduziu, do inglês e do francês, várias obras, principalmente peças de teatro, entre elas os clássicos de Sófocles, Shakespeare, Moliére, Brecht e Tennessee Williams.
Millôr leu o Memorial de Convento, de José Saramago e fez referência na sua coluna do Jornal do Brasil, onde a sua opinião conta. Saramago, escritor quase anónimo, tornou-se um sucesso imediato dos leitores brasileiros.



Deixou uma marca de humor inteligente e ácido, que produziu frases como:
  • Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim.
  • A justiça pode se cega: mas que olfato!
  • Os nossos amigos podem não saber muitas coisas, mas sabem sempre o que fariam no nosso lugar.
  • O cara só é verdadeiramente ateu quando está bem de saúde.
  • Errar é humano. Ser apanhado em flagrante é burrice.
  • O dinheiro não só fala, como faz muita gente calar a boca
Foi um dos criadores do "O Pif-Paf". Só durou oito edições, mas o jornal foi considerado um dos iniciadores da imprensa alternativa no Brasil. Foi ainda um dos colaboradores de "O Pasquim", reconhecido no seu papel de oposição à ditadura militar.
Foi uma das primeiras personalidades brasileiras a ter espaço de destaque na internet, inaugurando o seu site no ano 2000. Tinha mais de 368 mil seguidores no Twitter.

Quando, numa entrevista, lhe perguntaram se era um homem feliz depois dos 80 anos, respondeu:
"E porque não seria? Tenho o controlo absoluto em tudo o que faço, menos em comprar roupa, atividade sobre a qual confesso toda a minha ignorância. (...) Ser feliz não é andar de sorriso rasgado pelas ruas, mas sentir-se bem consigo mesmo. Nesse sentido cheguei ao limite da felicidade". 

A 27 de março deste ano, aos 88 anos de idade, faleceu no Rio de Janeiro.

A atriz Fernanda Montenegro, vai sugerir ao perfeito do Rio de Janeiro, que seja cumprida a última vontade de Millôr: "A única homenagem que eu quero é um banquinho no Arpoador, para o pessoal poder olhar o pôr do sol".

Tenha um bom dia  e como dizia Millôr Fernandes

"Não há problema algum que não caiba no dia seguinte"




agosto 14, 2012

DE NENHUM FRUTO QUEIRAS SÓ METADE




Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, nasceu em S. Martinho de Anta, a 12 de agosto de 1907 e faleceu em Coimbra a 17 de janeiro de 1995, foi um dos mais importantes escritores portugueses de século XX.
Em 1918, foi para o seminário de Lamego. Estudou português, geografia e história, aprendeu latim e familiarizou-se com os textos sagrados. Pouco tempo depois comunicou ao pai que não queria ser padre. 
Emigrou para o Brasil em 1920, com doze anos de idade, para trabalhar na fazenda de café do tio. Ao fim de quatro anos, o tio apercebe-se da sua inteligência e paga-lhe os estudos liceais em Leopoldina, onde se distingue como aluno. Convicto que o sobrinho viria a ser doutor em Coimbra, o tio propôs-lhe pagar os estudos o que o levou a regressar a Portugal para concluir o liceu.


Em 1928, entrou para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e publicou o seu primeiro livro de poesia, Ansiedade.
No ano seguinte, com 22 anos, começou a colaborar na revista Presença, mas rompeu definitivamente com a revista em 1930, assumindo uma posição independente. Foi em 1934 que criou o pseudónimo "Miguel" e "Torga". 
Miguel em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica: Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. 
Torga é uma planta transmontana, com raízes agarradas e duras "assim como eu sou duro"



Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.

Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!

A intervenção cívica de Miguel Torga na oposição ao Estado Novo e na denúncia dos crimes da guerra civil de Espanha e de Franco, valeu-lhe a apreensão de algumas das sua sobras pela censura.
Foi preso pela PIDE e teve algumas vezes vontade de sair do país: "Mas abandonar a Pátria com um saco às costas? Para poder partir teria de meter no bornal o Marão, o Douro, o Mondego, a luz de Coimbra, a biblioteca e as vogais da língua. Sou um prisioneiro irremediável numa penitenciária de valores tão entranhados na minha fisiologia que, longe deles seria um cadáver a respirar".


Desenho de Carlos Botelho
Começou a exercer clínica geral na sua aldeia natal, mas a experiência foi negativa. Seguiu-se Leiria, uma cidade que gostava, mas por causa do mau trabalho das tipografias (por causa de uma vírgula era capaz de passar uma noite sem dormir), fixou-se definitivamente em Coimbra, em 1941, como otorrinolaringologista.
Em 1940 casou com a professora universitária, a belga Andrée Crabbé: "Vou tentar ser um bom marido, cumpridor. Mas quero que saibas, enquanto é tempo, que em todas as circunstâncias te troco por um verso. (Criação do Mundo V)


Fotografia de Eduardo Gageiro
"De alguma coisa me hão-de valer as cicatrizes de defensor incansável do amor, da verdade e  da liberdade, a tríade bendita que justifica a passagem de qualquer homem por este mundo"
Diário, Coimbra, 9 de dezembro de 1993

Os seu livros estão traduzidos em várias línguas, entre elas o espanhol, francês, inglês, alemão, chinês, japonês, croata, romeno, norueguês, sueco, holandês, búlgaro.

Várias vezes premiado, nacional e internacionalmente, foram-lhe atribuídos:

  • 1969 - Prémio Diário de Notícias
  • 1976 - Prémio Internacional de Poesia das Bienais de Knokke-Heist
  • 1980 - Prémio Morgado de Mateus
  • 1981 - Prémio Montaigne
  • 1982 - Prémio Écureuil de Literatura
  • 1989 - Prémio Camões
  • 1991 - Prémio Personalidade do Ano
  • 1992 - Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores
  • 1993 - Prémio da Crítica, consagrando a sua obra.
  • Foi ainda proposto para o  Prémio Nobel da Literatura.

Recomeça...
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado, 
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.
                                                                                                  Miguel Torga, Diário XIII

A Biblioteca Municipal dispõe bibliografia do autor para empréstimo domiciliário.
Veja AQUI



BOM FERIADO

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